DERROTA MERECIDA
A derrota foi merecida não tanto pelo futebol “apresentado” em campo, mas pela postura do clube, e coloco essa na conta exclusiva do Coudet.
Aquele time organizado que vimos contra o São Paulo, mesmo depois que Alan Patrick saiu, não viajou para Salvador, e o que vimos foram jogadores desconectados, sem movimentação coordenada e sem preenchimento de espaços, pelo menos até os 30 minutos do primeiro tempo.
Até aí, já estava 1 x 0 em falha bizarra de Tiago Maia, e só não ampliado porque o VAR anulou gol de impedimento.
Matheus Dias foi um desastre em campo, além de errar tudo, e deixar um buraco imenso no lado direito, não conseguia organizar um passe ou jogada. Mallo não tem a mesma vocação ofensiva que Bustos, e Robert Renan como lateral é um bom zagueiro. Aranguiz, fora da função, não ajudava Tiago Maia, que também não se ajudava, e Wanderson, como Alário, ficava sem ter com quem jogar, muito porque Hyoran só apareceu lá pelos 30 minutos, quando o time começou e pensar em jogar futebol.
E o time do Vitória é muito fraco, tanto que, mesmo desorganizado e sem movimentação, o Inter fez frente, tomou as rédeas do jogo, mas não fez gol.
Alário visivelmente descontado fisicamente, chegou atrasado em todas as bolas, e nas que poderia receber, não era acionado. Ainda assim, Robert Renan perde gol inacreditável, quando o Inter tinha achado o caminho com a movimentação (finalmente) de Hyoran.
No segundo tempo, o Inter melhorou, Bruno Henrique foi um acréscimo, Aranguiz retomou seu posicionamento e Wesley deu amplitude ao ataque, ainda travado pela atuação ruim de Hyoran. Bustos, com cobertura, aparecia constantemente no ataque, e o Inter atacava pelos dois lados, mas não chegou ao gol, mesmo com duas boas oportunidades.
Aí ingressaram Gustavo Prado e depois Gabriel Carvalho, e o time melhorou muito, principalmente pela saída de Hyoran. Gabriel Carvalho, em sua estreia, mostrou talento, recuperando a bola, atrasando a jogada e fazendo passe certeiro para bom drible e conclusão de Wesley.
A partir daí o Inter teve mais duas chances em contra-ataques desperdiçados por opções ou de chute ou de passe equivocados. E a conta veio no final, no acréscimo do acréscimo sem justificativa, em pênalti marcado no último lance em escanteio não afastado.
Minha questão de culpa da postura do clube fica por conta da avaliação do jogo. Era contra o lanterna, mesmo fora de casa, é jogo para pontuar com vitória, e não jogo para testes. Compreendo testar Matheus Dias, preservar quem já jogou muito, dar ritmo ao Wanderson, mas isso é para ser feito depois do placar construído, e não no início do jogo.
Essa postura de sacrificar pontos em jogos fora de casa não pode ser aplicada contra o lanterna, que não tinha ganho nenhum jogo (e só venceu por erros bizarros do time); é nesses jogos que precisamos de força máxima, porque pontos corridos também é jogar com a tabela do campeonato, e não arriscar os pontos contra times mais fortes.
Compreendo que estamos com defasagem física, principalmente alguns jogadores, e que todos foram afetados pela parada, o que significa que o planejamento deve mudar e os testes devem ficar para depois, assim como o recondicionamento. Digo isso principalmente em relação a Matheus Dias, que nunca foi grande destaque, e não teria motivo para ser agora.
E Coudet tem a responsabilidade por essas escolhas, assim como é responsável por manter Hyoran tanto tempo no time sem produzir nada senão dois ou três cruzamentos e ficar a maior parte do tempo perdendo bolas para os defensores.
Certo que o ingresso dos guris é medida complicada para preservá-los, principalmente com nosso histórico de queimar a base, mas Gustavo Prado pede passagem exatamente em jogos como esse.
Pelo menos vimos que Gabriel Carvalho pode jogar, tem técnica e preparo físico e muita qualidade.
Coudet também precisa usar Bernabei, mesmo para que vejamos que a contratação foi um erro, porque Robert Renan é necessário na zaga, e criar alternativas para que o time seja mais contundente quando estiver com a bola, tem jogadores de velocidade para isso por ambos os lados.
Estou certo de que o Vitória é adversário para se ganhar em 45 ou 30 minutos, mas essa postura de sacrificar os primeiros 45, 60 minutos, em vez de buscar o resultado no início não é condizente com o time que quer ser campeão.