PREGUIÇA
Já falei aqui, penso, sobre minha outrora relação com as produções cinematográficas. Em dias como o de hoje, de chuvisqueiro fino, ou mesmo com tempo bom, sendo sexta-feira eu deixava a repartição direto para uma videolocadora. O estabelecimento que mais marcou foi o do Zé, quando morei na Serra, mas tanto na Capital quando no Vale do Sinos ou pelo Rio Grande afora, a rotina de ir atrás de lançamentos e clássicos não mudava. Com o ingresso do DVD parece que a coisa foi arrefecendo, afinal, tinha todo um romantismo no uso do meu vídeo cassete de 4 cabeças que não perdurou com o disquinho aquele.
Piorou agora mais um pouco. Aliás, nada supera a preguiça no que compete à humanidade. Já no Internacional, esta parece estar enraizada em jogadores, treinadores, dirigentes e asseclas: todos indolentes quando o assunto é vencer, ser campeão. Na vida, a apatia tomou conta quando trocaram a socialização pela simples escolha de filmes (cada vez piores) através do botão de um controle remoto.
Em algum dos filmes mais para a finaleira do ritual de frequentar uma videolocadora, e sei disso porque ainda lembro do assunto (algo cada vez mais raro à memória de um velho), recordo dum personagem falando para seu filho que não deviam repetir determinada ação, pois tem coisas que somente se tornam importantes quando são feitas uma vez só.
Lembrei disso ao final da viagem que encarei com minha senhora e umas amigas que ela achou sabe-se lá onde. Em resumo: eu estive bem perto dum harém, só que de idosas. Apelidei a minha desventura de “30 Senhoras e um velhote”. Elas não sabem, é claro; tampouco a minha senhora. Guardei pra mim e agora conto aqui para vocês, pedindo descrição, obviamente.
Só que lembrei do filme esse, quando ao final já não sentia a mesma empolgação de revisitar alguns lugares. Pensei que 10 anos depois da última estada, ficaria remoçado em rever paisagens que todo mundo acha bonito (e eu também) quando, em verdade, o que mais queria era voltar o quanto antes para casa. Não que tenha perdido o encantamento, continua tudo lindo, afinal, o que passou fui eu. Não é mais lugar para um velhote como eu. Agora é a vez de outros.
Não sei se sinto empolgação com a volta do Internacional ao campo. Mas como bem diz o filme citado, determinada ação não deve ser repetida, pois tem coisas que somente se tornam importantes quando realizadas uma vez só. Ou seja, eu não espero uma falsa ação de recuperação no campeonato, pura ilusão, só para assegurar mais um funesto segundo lugar ao fim e ao cabo das 38 rodadas. Ou se constrói uma nova realidade para ser efetivamente campeão, ou que tratem de deixar claro à torcida que não espere nada do time. A relação do Colorado conosco não pode se transformar em mero ato de ficção.
Ou é ou não é. Se for com preguiça não será.
Hoje veremos se a patacoada de manter um treinador que há meses não faz o time jogar futebol foi loucura insana ou doentia. Tomara que eu esteja muito errado…
Já estive lá mais confiante com este time. Ainda não pessimista, mas cético. Aliás, este ceticismo todo deve ser culpa do meu reumatismo, que é culpa da pressa daquela mulherada da melhor idade.
Vai ver o que falta pro Inter ser novamente campeão é tratar de deixar de ser preguiçoso.
CURTAS
– Fui, voltei, e Mano Menezes segue como treinador do Internacional. Agora com 3 volantes contra um time que não ganha desde fevereiro;
– Boatos de propostas por Wanderson. Não vou comentar boatos. Nem se sou a favor ou contra o negócio;
– Não sei de onde tiraram negociação com este ou aquele. Logo, não acredito em mais ninguém;
– Enner Valência é mesmo do Inter, para desespero dos agourentos de plantão. E dos do lado de lá, também é claro.
– Apresentação no Gigantinho. É a chance duma gurizada nova, enfim, conhecer este grande palco de grandes times de futebol de salão. Foi só virar “futsal” pra ninguém levar mais a sério;
– Na minha viagem referida logo percebi que onde tinha escada eu já não podia mais subir. Culpa do reumatismo; velho tem dessas. Em suma, entendo mais uma lesão de Aranguiz;
– Quisera tivesse eu “condiçõe$” de tratar do meu reumatismo em Miami. Lá eu sei que o clima é “outro”;
– O presidente agora resolveu dar entrevista pra “qualquer um”. E como tem “qualquer um” na nossa imprensa atual, pelo amor de Deus;
– A máquina Colorada de 79 segue sendo o único time invicto campeão brasileiro. Saudade daquele tempo!
PERGUNTINHA
Com saudade de ver o Inter em campo?
Torcedor Colorado: chegou a hora da verdade!
PACHECO