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Cansei de lutar contra algumas verdades que a vida nos impõe e tornam qualquer embate ingrato. Dentre tantas a principal: meus defeitos superam (em muito) minhas qualidades. E um dos piores dos meus defeitos é a desconfiança. Com isso acabo por me sentir seguro para afirmar que desconfio que a vitória última do Internacional pela Libertadores apenas protela a morte lenta da permanência do treinador.

Não é uma questão de querer ou poder. Mas de lógica mesmo.

Confesso que até já quis mais a saída de Mano Menezes. É que apesar de achar que ele perdeu a mão, o mercado em si não nos apresenta uma opção boa de fato, afora que em uma década trocamos de treinador à exaustão e, ainda assim, fomos sempre do nada a lugar nenhum. Ou seja, manter o técnico, por mais ilógico que seja o que eu escrevo, pode acabar sendo um ponto inicial para, enfim, alcançar um efetivo destino.

Problema que a relação do futebol com a lógica sempre foi tumultuada. Por muitas vezes acertar neste meio é fazer o simples, uma conta de adição ou subtração. Contudo, em outras tantas, tem de dividir e multiplicar. Futebol é muito concreto e absurdamente abstrato. Tudo ao mesmo tempo. A chance de um técnico se recuperar depois de meses de pouco ou nada, todavia, parece mais próximo da certeza (da não ocorrência) que da dúvida. Só que aí esbarra na escassez de alternativas. Não me convencem as que estão aí e parecem mais do mesmo.

Isto é: uma encruzilhada.

No começo da sua gestão o hoje badalado Fernando Carvalho errou bastante na escolha de treinadores. Acertou mesmo com Muricy Ramalho, e só. Numa dessas, trouxe a figura de Joel Santana. Um bom carioca, bonachão, gente boa, festejado no meio do futebol. Mas que a rigor não deu certo em lugar algum longe do belo Rio de Janeiro. Ou seja, se sabia que Tio Janjão aqui era a crônica da tragédia anunciada.

Começou bem, entretanto. Goleadas, a vitória no clássico de do “gol mil” do Fernandão. Só que a lógica do futebol naquela vez foi implacável. Logo o time foi fazendo água, perdendo jogos banais e mostrando um futebol cada vez mais pobre. Da prancheta do Joel não saía nada que parecesse suficiente para salvar aquele time no campeonato. Não sei se era o clima ou o quê, mas ao certo é que a malevolência carioca do Tio Janjão já tinha sucumbido ao xucro jeitão gaúcho.

A demissão era certa, apesar de um relutante Fernando Carvalho.

Fomos ao Paraná jogar contra o time de mesma alcunha. Quem conhece a história do Inter sabe que vencer aquela desgraça em casa sempre foi uma novela, lá então, era derrota ainda dentro do avião. Estava escrito que a queda do Joel ainda lhe facilitaria o retorno ao Rio até mais rápido. Mesmo a imprensa especulava o substituto pois era crente na demissão.

No jogo achamos um empate heroico contra um time medíocre, quando surgiu um rapazote de nome Nilmar para fazer o gol da virada e da vitória. O tal Nilmar que muita alegria me deu e foi um dos grandes jogadores que eu vi no Inter, deu sobrevida a um treinador de trabalho moribundo que todo mundo sabia que precisava cair. Tal qual terça-feira última, quando igualmente um rapaz de apelido Alemão apareceu para fazer um gol e assegurar a sobrevida ao treinador atual.

Só que naquelas de futebol pragmático, Tio Janjão acabou caindo igual, com exatos dois meses de passagem pelo Colorado, e apesar de Nilmar. Desconfiado que sou, suspeito que o mesmo pragmatismo nos bate à porta agora e Mano cairá igual, e apesar de Alemão.

Dois trabalhos de começo animador e fim desalentador. E com um mesmo destino traçado.

 

CURTAS          

– Mano Menezes que mais uma vez escalou mal, desta vez ao menos acertou um pouco nas mexidas. Pero no mucho;

– No futebol além da técnica é preciso vontade. E no quesito centroavante, tem um que tem a fome pela vitória e outro que parece já ter esquecido o que é isso;

– Baralhas fez sua melhor atuação pelo Inter. O que não significou absolutamente nada;

– Trouxemos na última hora volante de balaião e, com sorte, acertamos em uma peça: Campanharo. O restante pode voltar à origem;

– O jovem Lucca, vulgo sarrador, parece que renderá uns bons cobres ao Internacional;

– Começo a me questionar como Johnny conseguiu chegar ao futebol profissional;

– Ingressos a R$ 160; bilheterias do Gigante fechadas no dia do jogo. Desmobilização constante para com a presença da nossa torcida no Gigante. A quem interessa nos afastar de casa?

 

PERGUNTINHA

Repiso-me, uma vez mais: o que fizeram com o nosso Internacional?

 

Meu Povo Colorado, que o véinho lá de cima tenha muita piedade de nós.

PACHECO

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