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Sempre que reflito um pouco chego à conclusão que jamais poderei ser presidente do Sport Club Internacional. Aliás, sequer trabalhar no meu clube do coração pois, não raro, o Colorado faz meu sangue esquentar e fatalmente tomaria alguma decisão açodada, apaixonada ou mesmo ilógica e doentia.

Por fim, vendo o Clube de dentro pra fora, talvez estragasse o que ainda resta de lúdico dentre eu e o Internacional. Viver no Inter é diferente de viver de Inter, e o primeiro provavelmente inviabilizaria o segundo.

Sorte a minha, por sinal, que os ensaios para me meter com política nunca passaram de devaneios entre eu e meu travesseiro. Tenho um amigo (e já me restam muito poucos) que sempre me incentivou a tentar sorte em alguma câmara municipal. Embora eu tenha apreço pelo mesmo, desconfio se a recíproca é verdadeira quando surgem estas sugestões.

A exceção, todavia, foi quando resolvi virar presidente da associação dos funcionários da repartição. Fui no embalo de ‘colegas da onça’ que disseram que meu prestígio e jeito sincero e fanfarrão iria me eleger. Quanta inocência minha! Naquele ninho de cobras eu jamais me sentiria bem-vindo e, algum tempo depois, soube que tinha ordem de cima para não deixarem minha campanha criar raízes. Desisti antes mesmo da votação.

Certamente o chefe não havia esquecido daquela interrupção que fiz na sua fala numa confraternização de fim de ano. Confrontei mesmo, afinal, estava se passando na mentira (in)sustentável.

O nosso Presidente nesta semana teve um revés no seu intento quanto a história da Liga. Não vou adentrar muito no mérito ainda, embora admita que de tudo que li e ouvi até seja mais simpático ao seu projeto que o outro, da dita “nata do futebol”. Mas é um assunto espinhoso, reconheço. Não é uma empresa privada, tampouco algo que possa ser desmanchado na primeira curva adiante, caso se passe a desgostar do acordo.

Em suma, nenhuma decisão vai agradar à unanimidade da torcida amarga do Internacional. Tampouco os conselheiros cansados da vida, como eu. Mas Barcellos está tentando acertar, quero acreditar.

O que custo a acreditar é que houve uma espécie de censura no programa mais famoso do rádio gaúcho, uma descortesia – para dizer o mínimo, para com a ‘pessoa’ do maior Clube do Rio Grande; e o nosso Presidente optou por sofrer calado esse pênalti. Sem nenhuma nota de repúdio ou algo, ainda que politicamente mais correto, assim.

Fosse eu o Presidente tinha gritado até mesmo sem abrir a boca, prometeria retaliação, ruptura, iria para o enfrentamento. Claro, na hora. Talvez algum tempo e alguns copos com whisky depois, abrandaria, mas ainda assim mostraria firmeza.

Sorte a minha, do Clube e da torcida é que jamais irei ser Presidente do Internacional, ou irei trabalhar no Clube, ou ser Conselheiro. Pra tudo isso precisa quase que ter sangue de barata pelo visto.

Comigo, porém, o Colorado faz o sangue esquentar. E numa dessas de sangue quente, o ki suco iria ferver. E é por essa razão que, ao fim e ao cabo, agradeço pelos meus devaneios serem apenas com o travesseiro.

Dormindo eu mudo o mundo Colorado.  Acordado apenas sigo torcendo pelo Inter. E que siga assim.

 

CURTAS          

– Sidnei Lobo tem ido muito bem nas estatísticas, mas tal qual seu chefe parece ler mal o jogo e isso reflete em substituições sem perspectiva tática e técnica. Faltou ousadia contra um adversário já morto;

– Tenho uma irmã com prótese no quadril que fatalmente entregaria em campo o mesmo que tem feito Mário Fernandes. Rapaz perdeu toda a embocadura de boleiro;

– Carlos de Pena, com a insistência de utilizá-lo como volante, está mostrando pouco futebol nos últimos jogos. Torço para que seja só isso;

– Johnny retornou pro soccer. E pegou até Seleção;

– O jovem Matheus Dias parece ser um bom valor, arrisca passes que ora erra mas passará a acertar quando pegar confiança. Mas não é um centromédio, me desculpem;

– Precisamos dum camisa 5, de verdade, já pro primeiro jogo de la Copa;

– Dentro de campo, a polêmica da vez é a possível reserva de PH. Duvido que Mano tenha assim tanta audácia;

– Alessandro Barcellos mostrou que se porta bem nas entrevistas, tem dicção e domínio do conteúdo. Resvala um pouco nos improvisos, mas isso se corrige. É só falar mais seguido com a torcida. As falhas de comunicação da sua gestão começam pelo próprio mandatário que gosta demais do silêncio.

 

PERGUNTINHA

Será que veremos, enfim, a estreia do time na temporada?

 

A peleia é peleada meu Povo do Inter.

PACHECO

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