CRIADOR DE CRISES
Entreguei-me ao ócio de tal forma no final do ano findo e no começo deste, que parece que estou ainda mais nostálgico que de costume. E as estórias do tempo da repartição tem povoado a minha mente cada vez mais. Principalmente aquelas que de alguma forma me lembram o Internacional.
Severino (me refiro a um personagem de humor caros jovens leitores) que era, numa das minhas andanças pelo interior, parei numa cidade bem gaúcha. Lá já trabalhava quase que sozinho o Jauri, gaudério de fina estampa que só não labutava de bombacha pois a chefia tinha vetado. Meio desajeitado numa calça de brim, o homem lutava para não perder sua essência campeira. Ainda assim, seguia sendo um sujeito boa gente, contador de causos e tocador de violão uma barbaridade.
Só que depois de uma semana por lá eu entendi qual era o defeito mais substancial do Jauri: criador de crise. O vivente em meia hora de prosa criava na mente um ambiente favorável pra uma peleia entre chimangos e maragatos de tal forma, que quem não conhecia da história ou o próprio Jauri, achava que a guerra era iminente.
Pois vendo o Colorado em campo, ontem, desfilando má vontade e um desalentado futebol em Santa Cruz do Sul, eu logo recordei do Jauri. Não deve existir, além do qüera, outro criador de crise com tamanho talento como o Sport Club Internacional.
Como dizem os jovens de hoje em dia, o Inter não pode ver uma crise que logo corre para abraçar.
Vejam que terminamos o campeonato brasileiro na segunda colocação, mostrando bom futebol, time azeitado, mentalidade vencedora e, pasmem, na segunda rodada do moribundo campeonato gaúcho, quase finado, já estamos tomados pelo pavor do que será de nós no restante da temporada.
Tomamos gol de um jogador que conseguiu colocar o nosso Mikael em forma em apenas 3 minutos. Pra dizer o mínimo, constrangedor.
O Internacional conseguiu ser dominado pelo poderoso Avenida. Uma façanha reversa, sem dúvida alguma. Peleadores do futebol os jogadores adversários e nada mais; enquanto os nossos ainda parecem como eu, de férias. E nostálgicos (também), pelo visto, do fim da temporada passada. Constrangedor, pra dizer o mínimo.
Aí quando pegava o violão o Jauri acabava minimizando suas crises nos oferecendo talento; pena que não dominava a cantoria. Aí quando o nosso técnico fez entrar Carlos De Pena acabou minimizando o pouco futebol do time nos oferecendo o talento do uruguaio; pena (sem redundância) que o resto do time mal dominava a bola.
No fim das contas o jogo em si, uma pelada braba. A queda de luz foi tão somente a cereja do bolo.
Aliás, não foi só a luz que faltou nos Eucaliptos. Faltou todo o futebol do Internacional que, a rigor, não entra em campo desde o longínquo ano passado.
Como gosta duma crise o Colorado.
CURTAS
– Não é de hoje que falo e ficou mais evidente em duas rodadas: Mano Menezes lê mal o jogo e isso reflete em substituições sem perspectiva tática e técnica. Ora, não está isento às críticas;
– Também é verdade que lhe faltam peças. Quando Maurício estrear na temporada, por exemplo, o time tende a melhorar;
– Carlos de Pena, sozinho, precisou de apenas 45 segundos para fazer o que o time inteiro não conseguiu em 45 minutos;
– Alguns tantos dos nossos jogadores tem de voltar de Fernando de Noronha e logo;
– Sabemos que Moledo só pega no tranco, temporada pós temporada. Mas essa de ontem…;
– De volta à realidade, Johnny retornou pro soccer. Que Baralhas já chegue carteando;
– Dois jogadores visivelmente inseguros: Keiller e Alemão. Este último, levando fama de perna de pau que não tem. É um bom valor;
– Mario Fernandes ao menos constante: mal defendendo e atacando;
– Se pode sim cogitar três atacantes. Mas que PH deita e rola, mesmo, quando entra no segundo tempo, evidenciou-se ontem;
– Acho que ficou bem claro que tenho razão. Não falta só qualidade, mas quantidade. E não é só dois ou três. De cinco pra mais. Tudo bem esperar a janela pelos titulares, mas levar mais de mês para tirar jogador de clube rebaixado beira a várzea, vamos combinar.
PERGUNTINHA
E aí, Presidente: é pra quando a estreia do time e dos reforços?
Apesar de tudo, Nação Colorada, amanhã há de ser um novo dia.
PACHECO