4.9
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Pelos lados da senhora minha mãe, meus avós moravam pra fora mesmo. Uma fazenda com razoável quantidade de campo, uma casa que naquele tempo já era quase centenária – parte dela feita com tábua bruta e sem pintura e uma peça mais nova feita de barro por fora e igualmente de madeira por dentro. O galpão também era de madeira bruta e quando deixou de ser assim eu já era quase adulto. Com giral e tudo mais.

Luz elétrica veio a ter não vai muito: era na base de vela, algum lampião à querosene quando se tinha o combustível; geladeira muito tempo depois apareceu uma à gás, já comprada meio usada de um vizinho. Aquele fogão à lenha cujo cano cruzava o quarto de cima no inverno nos motivava a dormir naquele local, apesar da promessa de assombração que surgia num outro cômodo que tinha em frente.

Nunca tive coragem de entrar naquele local dada sua fama.

Mas tenho no geral maravilhosas lembranças daquele pedaço de chão. Além do mais, saudade de vovô que era uma pessoa de lida bruta, mas afável como poucos; saudade da vovó e seus quitutes, e daquele café da tarde que era praticamente sagrado. A rigor quem tinha maior liberdade para encarar aquela fartura eram as tias, já que os homens amanheciam na lida da tiração de leite e anoiteciam “encerrando” as vacas para que no outro dia se começasse tudo outra vez.

Para sentarem os homens à mesa para o festejado café da tarde, tinha de ser um daqueles dias de muita chuva ou “de varde”, como se dizia lá no meu rincão.

Pois “de varde” é como o Internacional parece estar encarando estas últimas rodadas no campeonato nacional, desde que descobriu que a chance de vencer era nenhuma mesmo. Têm jogado sem muita preocupação e comprometimento, vide o pênalti perdido pelo jogador que acertou a cobrança no jogo anterior. Em casa se anima um pouco mais e fora de casa vai a campo enfastiado e com o bucho cheio do café da tarde.

Tem aqueles times que quando alcançam seus objetivos seguem buscando mais e mais. E tem o Inter.

Na minha gente quando os da lida se sentavam no velho banco da cozinha para tomar aquele café da tarde com bolo frito, queijo assado, melado, ovo frito na hora e os biscoitos de charque da vovó, não queriam guerra com ninguém e nem comprometimento com mais nada.

Pois bem, lembrei daquele tempo vendo o Colorado em campo, dos momentos do café da tarde. Da parte que não se queria guerra e tampouco comprometimento, principalmente. E que saudade daquela minha gente e daquele banquete sagrado.

Que nada combina com o futebol.

Eis o time do Internacional aí, para me dar razão: sem bolo frito, melado, biscoitos e o próprio café. Com pouca vergonha na cara também. E nada de açúcar.

 

CURTAS          

– Meu medo é que Mano seja, no fim das contas, só mais um Odair com grife;

– Verdade seja dita, todavia, que no pelotão da frente somos os remediados em meio aos ricos;

– Depois deste jogo de café da tarde do Inter, ontem, queria um belo camargo para acordar hoje pela manhã;

– Pra quem não sabe o que é camargo… Explico semana que vem. Explico também que sei o que é um andaço, minha dúvida é na origem do termo e o motivo de se chamar assim;

– O Colorado se entupiu de queijo mineiro. Imagina se tivesse provado do queijo feito pela Vovó;

– Não se enganem. Não falta só uma peça e outra. Faltam várias. E nada ganharemos sem qualidade e experiência;

– Se o Vitão tá mesmo na lista dos 55 do Tite, preteou o olho da gateada na tarefa de comprá-lo;

– Tem hora que a brincadeira perde a graça. Tentar virada colocando David e Romero em campo é se contentar de antemão com a derrota;

– Parabéns ao Palmeiras campeão;

– Nada como passar uma semana inteira criando narrativa para manter Edenilson no time e no grupo e depois ver sua “dedicação em campo”. Independente do motivo pelo qual saiu da partida: deu!

 

PERGUNTINHA

Quando chegará a nossa vez?

 

E lá vamos nós para o tudo de novo novamente, Povo Colorado!

PACHECO

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