Mauro Loch

TORCEDORES JOGANDO

4.4
(19)

Resolvi esperar o jogo para postar, aproveitando o feriado da comemoração farroupilha. Um povo que comemora uma guerra que perdeu precisa ser respeitado.

Valeu a espera.

O Inter não fez um bom jogo coletivo, e ainda teve várias falhas individuais, mas venceu. Costumo dizer que vencer os jogos em que vamos mal é sinal de estabilidade do time. Vários fatores contribuíram para o jogo coletivo ruim. A ideia de um volante de marcação mais 3 meias e dois atacantes com pouca vocação para defender deixou muitos espaços, obviamente no setor direito, onde temos um lateral ofensivo também.

Batista, que não é bobo, concentrou seu jogo por ali, e o Inter sofreu com os ataques do dragão, que também priorizou suas tentativas no jogo aéreo.

Mano tentava corrigir e o gol veio antes, dando tempo para que tivesse uma conversa mais séria com Edenílson, e precisou explicar onde deveria atuar, ajudando Bustos na marcação.

O gol saiu de jogada individual de Pedro Henrique, que já havia construído jogadas pela esquerda, levando vantagem no 1×1. É realmente muito rápido. Enquanto Wanderson é um ponta que constrói mais as jogadas com os companheiros que aproximam, PH tem na velocidade a melhor arma, e o clássico corte para dentro e o chute forte abriram o placar.

O time estabilizou e em seguida veio o segundo gol. A pressa do Goianiense tornou o jogo mais fácil, e não matamos a fatura no primeiro tempo por erros individuais no ataque.

Mercado também quase permitiu que Churin empatasse, e o detalhe é a velocidade do retorno de Gabriel no centro da área. O jogo estava à feição do Inter, que passou a controlar todos os movimentos, já que o reposicionamento de Edenilson matou a construção de jogadas deles.

O segundo tempo caminhava para uma vitória fácil, com o adversário mais desesperado no ataque e abrindo espaços para Alan Patrick organizar os contra-ataques. Desperdiçamos três.

Aí Batista colocou Marlon Freitas e o jogo mudou. Em bola longa, antes sem resultado, e em falha coletiva da defesa, quando Mercado ficou parado, Renê não alcançou e Vitão demorou para chegar em Churin, veio o gol. O dragão tinha melhorado, e o Inter estava perdido. Mano lançou mão de De Pena e Liziero, e o time demorou um pouco para ajustar o controle do meio, que só veio com o ingresso de David e Romero.

David entrou bem pela primeira vez, e Romero veio com muita velocidade no meio. De Pena estabilizou o lado esquerdo e Liziero, mesmo mal, estabilizou o direito, e o adversário não conseguia mais construir jogadas, fosse com bolas longas, fosse com troca de passes. O Inter ainda tentou organizar alguns ataques, Romero perdeu um gol que ele mesmo construiu, e quase cedemos o empate em falha coletiva novamente pela esquerda, quando Ricardinho colocou por cima um cruzamento perfeito, dentro da pequena área, já com Moledo em campo, que entrou para exterminar a jogada aérea, única alternativa que o dragão vinha encontrando.

Não foi um bom jogo, mas foi uma importante vitória. Mano entrou com um time para vencer, acredito que errou na escalação, mas o recado nítido era pela vitória fora de casa, e ela veio, ainda que com sorte, embora tenhamos que considerar que perdemos mais bons ataques e contra-ataques que eles. Meu maior lamento é a bicicleta do Alemão não ter entrado, seria coroar que está fazendo muita diferença no time, junto com PH, nossos torcedores jogando.

Mano tem opções para meio e ataque, e talvez esteja tentando algo pouco treinado. Mas é fato que PH, Wanderson, Maurício e Alan Patrick permitem formular mais de uma composição, e, embora Romero tenha perdido um gol, também é opção para o ataque quando Alemão se esgota, e ele realmente se esgota em campo.

Alguns tropeços consolidaram o Inter na vice-liderança, o Santos deixou a vitória escapar jogando com um a mais e ainda permitiu a derrota. Difícil dizer se teremos  chance de campeonato, e nem quero pensar nisso agora, pois só vamos adiante se construirmos uma vitória de cada vez.

Mas é gratificante saber que ganhamos de todos os candidatos ao rebaixamento, talvez colocando fim ao que o grande Ricardo Bueno chama de Potterização da torcida, adotando a postura de vira-lata do momento em cada derrota, achando que o sofrimento é o único caminho que a torcida conhece e deve trilhar.

Enfim, o time parece ter estabilizado, a bronca do Mano em Edenilson se escondendo do jogo parece mostrar que algo mudou no vestiário, e David ter entrado em vez de Taison (um acerto, porque o jogo era físico na zaga deles) também parece um bom sinal.

Seja lá o que estiver acontecendo, ganhar sem jogar muito bem também é necessário.

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