4.1
(16)

Achei nossos melhores 35 minutos iniciais, melhor que contra o Flamengo, melhor que contra o Corinthians aqui. Embora não tenha saído o gol, o Inter foi paciente, controlou o jogo, não sofreu risco nenhum, atacou pelos dois lados, construiu jogadas pelos lados, pelo meio, pelo alto, com muita movimentação.

O gol, mero detalhe, não veio na ineficiência dos atacantes no momento da finalização, apenas por isso.

Na parte defensiva, uma sincronia muito boa entre Bustos e Johnny, com Gabriel tomando conta do meio. O Cuiabá sequer veio para atacar, e a estratégia era ganhar tempo com Deyverson no chão em cada esbarrão. Lamentável que se permita um jogador fazer isso, e mesmo que o jogador se permita fazer isso.

Mas o gol não saía. Wanderson, Alemão, Alan Patrick erraram chances que não se pode perder. Nem mesmo uma falta daquela distância se bate por cima da barreira. Mas o que vi foi um Inter atacando de forma organizada, sem desespero, articulado, com Maurício e Alan Patrick se entendendo bem, com Johnny e Maurício se entendendo bem. Em vários momentos, os zagueiros estavam dez passos na frente a linha do meio campo, até porque o Cuiabá nem opção de velocidade tinha.

O Inter arrefeceu nos dez minutos finais do primeiro tempo, e o Cuiabá se retraiu ainda mais.

No intervalo, achei que Mano cometeu o primeiro erro ao sacar Wanderson. O time estava bem, o lado esquerdo estava bem, e Wanderson estava construindo jogadas com Renê, Alan Patrick e Alemão. O Ingresso de PH poderia ter sido na vaga de Johnny, embora entenda que não deve ter sido uma troca treinada, e isso poderia prejudicar o time. Achei que Mano poderia ter insistido no que estava dando certo e apostar no acerto da finalização.

O time voltou pior, mais nervoso e desequilibrado, jogando só pela esquerda. Aí Mano comente o segundo erro, colocando Edenílson. Johnny se apresentava para jogar, Edenílson ficou, novamente, entre os marcadores, sem opção para receber a bola, e sua condução no meio se limitou a passes laterais sem deslocamento. Como segue se recusando a marcar, Bustos ficou sobrecarregado, sem atacar, sem cobertura.

Mano inverteu PH de lado com Maurício, e por ali saiu o gol quando o Inter já caminhava para o desespero. O gol salvou Mano também, que já tirava Maurício e Alan Patrick, e errou novamente ao manter a substituição com a vantagem.

O resultado disso foi um Inter completamente diferente dos melhores 30 minutos iniciais, e passou a tomar sufoco de um Cuiabá sem qualidade. Se antes o Inter tinha a bola e sabia o que fazer com ela, passou a não ter a bola e não saber como marcar.

Estevão não é meia atacante, é habilidoso, mas sempre jogou pela direita, na função do que fez Edenílson. Colocá-lo aberto na esquerda anulou um jogador, o sobrepôs a Taison, e nenhum sabia quem marcar e como.

Taison e Edenílson erraram tudo o que tentaram, mais por não tentar do que por fazer alguma coisa. Infelizmente, são dois pesos mortos que o time vai ter que carregar até o final da temporada, porque sequer vontade tem de jogar.

Com dois a menos, mas estruturados como se estivesse com 11, o Inter cedeu espaço, cedeu a bola e correu riscos desnecessários, incompatíveis com o que foi o primeiro tempo.

Eu tenho uma dificuldade imensa em torcer contra o Inter, mas confesso que fiquei titubeado na marcação do pênalti do Edenílson. No estádio, sem imagens, a agonia foi grande, e eventual confirmação do pênalti sacramentaria a saída de Edenílson do clube, mas o VAR consertou o erro do árbitro, e não o erro grave do Edenílson.

No fim, Mano ainda teve tempo de errar mais uma vez, colocando Liziero, tirando o que segurava um pouco do Cuiabá no seu campo.

No final das contas, valem os três pontos, e vale um time com alternativas de construção quando não precisar se defender muito. Os trinta primeiros minutos foram de time propositivo, equilibrado e inteligente, mas que falhou nas conclusões.

Espero que tenha sido novo aprendizado, e que Mano entenda que não dá mais pra contar com alguns jogadores. Abel cometeu o mesmo erro na reta final em 2020, achando que recuperaria Uendel e que Lucas Ribeiro era suficiente. Espero que Mano não cometa o mesmo erro tentando recuperar jogadores nessa reta final.

Alemão é jogador decisivo, com todas suas deficiências. Vitão não está deixando saudades de Bruno Mendez, mesmo sendo difícil falar da defesa em um jogo desses.

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