FILME REPETIDO
Lá pelo começo da década de 1990 o Internacional já mostrava que seriam anos difíceis os seguintes, quando a nostalgia e romantismo dos áureos tempos anteriores se mostravam latentes. Vejamos que o greNal do Século ganhou tamanha notoriedade muito também porque foi o nosso quase “maior título” da década anterior e seguiu assim sendo nos anos que seguiram. Ganhamos a Copa do Brasil é verdade, mas ficamos vivendo dessas duas glórias apenas, e do romantismo da década de 1970 e do grandioso futebol desempenhado pelo melhor time do Inter de todos os tempos.
Viver das conquistas passadas virou para o Colorado um filme repetido ano após ano.
Naquele tempo, recordo-me, minha senhora reclamava muito duma máquina de lavar que mais parecia um museu; quando ia bater a roupa tinha que segurar o monstrão para ela não sair porta fora e ganhar a rua assustando a vizinhança. Fiz daí um consórcio da Colombo pra comprar uma nova e não demorou muito à contemplação.
Quando cheguei na loja bati o olho num videocassete e o coração balançou. Eu não tinha videocassete e a máquina de lavar, mal ou bem, aguentava mais um pouco. Voltei pra casa com o videocassete e um sorriso de orelha à orelha. A felicidade era tanta que a cara de burro da mulher por mais de semana sequer me comoveu.
A partir daí virou um rito nas sextas-feira: deixava a repartição, já numa sucursal do interior, e ia para a Locadora do Zé atrás de lançamentos e algumas fitas mais antigas que somente depois do meu investimento consegui assistir. A locadora era uma peça de, se muito, 6m²; porém recheada de clássicos e lançamentos. Além dos filmes, o que me encantava lá era uma Lamborghini para rebobinar as fitas. Aquilo ia de 0 a 100 em poucos segundos; um espetáculo.
O Zé era tão à frente do seu tempo que quando surgiu a história do DVD ele foi a São Paulo, voltou de lá com uma caixa especial dos filmes do Poderoso Chefão e decidido a terminar com as fitas. O problema é que acho que somente ele tinha um aparelho para rodar DVD na cidade e, ainda assim, vendeu toda a filmoteca para locadora de uma cidade vizinha. E lá fui eu pro consórcio de novo.
Virei quase um rato dos filmes. Conhecia quase todos os atores dos anos 80 a 2000. Só não olhava mesmo os ruins, avisado pelo funcionário do Zé que antes de colocar na prateleira olhava tudo. Finais de semana de chuva chegava a maratonar 5 ou 6. Mas aí o Zé resolveu voltar a morar em Porto Alegre, eu logo fiz o mesmo e, com isso, também arrefeceu meu afã por filmes e os sucessos do cinema. Todavia, curioso dizer, nunca achei graça no Oscar e sempre julguei um festival de hipócritas e de hipocrisia. Raramente leva a estatueta quem merece.
Por aqui o festival de hipócritas e hipocrisia é o Conselho Deliberativo do Internacional. A reunião da última terça-feira apenas escancarou isso, embora não assuste tanto a um velho como eu que em assuntos da política Colorada já viu todo tipo de patifaria. Por falar em patifaria, soube apenas no dia seguinte do tabefe que o Will Smith deu no Chris alguma coisa.
Não coaduno com a violência, reforço, mas como toda paciência tem limite, agradeço todos os dias não ser Conselheiro do Internacional. Fosse, a cada reunião fatalmente deixaria minha cadeira confortável para esbofetear algum abobado na primeira bobagem dita. Conselho do Inter parece filme ruim repetido.
Sou pacífico, porém, não tenho sangue de barata. Logo, sou um Will Smith pobre e sem grife e glamour. E Colorado.
CURTAS
– Dizem que os treinos de finalização tem sido um pavor. Tá na hora de colocar em campo o nosso, talvez, melhor centroavante e que, neste momento, faz as vezes de treinador;
– Falando em pavor, as patifarias dos Conselheiros não mascaram o amadorismo da diretoria atual, acentuado a partir de declarações assustadoras;
– Cuesta e Dourado já deviam ter ido embora. Mas aí trocar os dois, mais dinheiro e perdão de dívida pelo glorioso Lucas Braga, convenhamos, não me parece lá um negócio dos melhores;
– Fosse o Inter uma empresa de geologia ou rival da Nasa estava rico. É só sondagem.
PERGUNTINHA
Quem é mais lento: direção pra contratar ou Paulo Autuori pra dizer o ‘aceito’?
Respira fundo e segue em frente, Nação Colorada!
PACHECO