O BAILE
Nas minhas muitas viagens pela repartição conheci todo tipo de lugar e também de gente. Uma vez, numa cidade bucólica da serra, hospedei-me num hotelzinho que há muito já tinha vivido seus dias de glória: antigo, desleixado e parco. Mas tinha uma cama para dormir e os lençóis ao menos cheiravam a produto de limpeza. Fui várias vezes lá, depois, em que pese tivesse coisa melhor na cidade. É que os donos eram a própria família e a matriarca, uma gringa italiana que além de gritar por qualquer coisa (a ponto de se ouvir no hotel inteiro) e não sorrir pra ninguém, era uma cozinheira estupenda. Talvez a comida mais saborosa que eu já tenha experimentado na vida.
Nesta cidade tinha um bailão. Antes que me perguntem, digo que gosto de estar onde está o povo. Não à toa sou Colorado, do Clube do Povo. O trabalho pela repartição era de segunda a sexta, então, as vezes tinha de ficar finais de semana para concluir na seguinte. Como eu ia dizendo, tinha um bailão, não me recordo o nome. Não tinha janelas no local, era meio abafado, penso que para acalmar um pouco a vizinhança irritada com o barulho. Numa das vezes resolvi ir lá, era um sábado à noite, tocava o Terceira Dimensão; isso na época do Flávio Dalcin. Se alguém aqui não conhece Terceira Dimensão e Flávio Dalcin, sugiro que repensem a vida que ainda dá tempo…
Cruzei parte da noite dançando Maria Tchá Tchá Tchá e saí de lá enfumaçado, ainda que não tenha tragado um só cigarro na oportunidade. Antes, contudo, pelas 3h da manhã o pau pegou, briga feia com garrafas voando para tudo quanto é lado. Aliás, peleia em festas pelo interior são constantes e nessa envergadura. Tiraram o brigão pra fora e seguiu o baile. Meia hora depois deixaram o bagaceira voltar e ele agarrou novamente numa garrafa e aí ninguém mais conseguiu conter. O baile terminou antes do tempo.
Obviamente condeno qualquer tipo de violência e lamentei o ocorrido no sábado, nas imediações do Beira Rio. Ainda assim, nossa torcida nunca foi dada a episódios de violência gratuita nas proximidades do Gigante, de modo que talvez devessem ter “seguido com o baile”. Digo isso cinco dias depois, uma vez que fiquei com a impressão que o lado de lá resolveu se aproveitar da situação para fazer média com torcida e imprensa e… Não sei. Talvez eu esteja errado e tomara mesmo que esteja.
Só sei que o Beira Rio estava pronto para o baile e eu preparado para mais uma noitada dançando Maria Tchá Tchá Tchá. Uma pena que fiquei só na vontade…
Sobre hoje à noite, é noite de baile! Pode vir Globo, Manchete, Bandeirantes, SBT… A arte televisiva logo mais é gaúcha e usa as cores alvirrubras do Internacional. É só dar o show, Colorado. Uma goleada, aliás, me soará como lembrança da comida daquela gringa, naquele hotelzinho, naquele tempo bom em que nem mesmo o Colorado conseguia me entristecer.
CURTAS
– “Não te preocupa bagual que campeiro não se engana, quem segue o rastro do sol sempre chega à Uruguaiana”. Vai para Uruguaiana? MIRASSOL(!);
– Liberaram a imprensa pra ver os treinos e espero que encontrem o Gustavo Maia. Bem como o futebol que a torcida acha que ele tem;
– Direção sonda, sonda, sonda e ainda não trouxe o ponta direita. Se não tá dando com o Delcir que peçam para o tio da soja. Mais de R$200 a saca e batendo recorde a colheita por hectare;
– Espera-se que o futebol que o Cacique diz trazer na ponta do arco e flecha, enfim, dê as caras hoje em campo e encontre seu alvo. Depois de duas semanas de treinamento, chega de chibo com Marulla y Punta Ballena. Queremos Jose Cuervo y Parrillada!
PERGUNTINHA
Afinal, Patricia, Norteña, Pilsen, Zillertal ou todas as alternativas?
Resposta fácil. Abraço nação Colorada!
PACHECO