ÁGUA E VINHO
Na minha humilde opinião, Gauchão é laboratório de testes, principalmente da gurizada.
Entretanto, parece que esse ano o Inter resolveu focar no campeonato, usando, desde logo, o time titular e o preparando para o resto da temporada. Mesmo com alguns ajustes e chances para os mais novos (raras), o que vimos até o momento foi a montagem de um time titular.
E, dentro dessa montagem, poucos testes foram feitos, usando a base do ano anterior com poucas modificações.
O que se viu em Caxias foram dois times diferentes, bem diferenteS, em dois tempos muito diferentes também.
O primeiro tempo foi do Inter do ano passado, que terminou o ano, modorrento, peças sobrepostas, com poucas jogadas e conclusões. Acho cedo ainda para falar de deslizes individuais dos jogadores, já que a preparação física ainda não atingiu a meta. Daí aceito descontrole da bola, passes mal feitos e equívocos no tempo de bola. Só que nada do primeiro tempo ridículo do Inter passou por aí.
Mendez errou praticamente tudo com a bola nos pés, Johnny e Dourado se batiam em campo com e sem a bola. Edenílson não sabia o que fazer com ou sem a bola, aliás, nem vontade de estar em campo demonstrou, mesmo na função que ele acha que deve jogar.
Taison não se entendia com David ou Wesley, e era o único que tentava acelerar o jogo. O resto era uma sequência de passes laterais e tentativas de jogadas com movimentação, mas o Inter estava travado. Não tomamos gol de cruzamento de lateral, na falha de Cuesta, por erro do adversário. E David não fez quando teve chance.
Medina tentou, mudou de lado, alternou a marcação, mas foi um primeiro tempo deprimente, como já havia sido em outros jogos.
Aí o intervalo, e o treinador mudou o time, quem voltou foi o Inter que gostaríamos de ver desde o início.
Uma única alteração, saindo Edenílson, entrando Maurício. Da água para o vinho. Em 7 minutos, o Inter tinha feito mais que nos primeiros 45. Maurício mostrou o que é movimentação, aparecendo nos dois lados do campo, no meio, buscando passes e se oferecendo como opção, inclusive, e para o desespero de muitos, dentro da área. Enfim, Maurício jogou como um meia que é meia, e não como um volante improvisado.
O Inter cresceu em volume de jogo. Salvo uns poucos arroubos grenás, era certo que a bola seria do Inter. Johnny tomou conta da distribuição das jogadas, fazendo a bola passar por ele no meio e escolhendo o lado do jogo, com Maurício e Taison se movimentando, mais David, com Wesley fazendo o pivô e segurando os zagueiros. No meio, viu-se a inutilidade de Dourado, que nada fez senão tentar entregar o jogo mais uma vez, salvo por Kaíque. Os defensores da bola aérea do Dourado deveriam repensar isso depois que atrapalhou Daniel.
Kaíque não fez uma partida perfeita, tem erros na marcação, mas é muito promissor, e tem três desarmes essenciais para o resultado da partida, além de mostrar recuperação.
Por opção do treinador, jogamos sem lateral direito, e sem ninguém na função a partir do meio campo ofensivo. É uma das grandes falhas da direção ainda não termos lateral direito.
Do outro lado, temos dois laterais esquerdos que não jogam, pois Moisés ocupa a vaga. O déficit cognitivo de Moisés é semelhante ao do Pottker. Moisés com ou sem a bola é muito fraco, muito ruim, e marcando ou apoiando. Isso sem contar nas inúmeras faltas que comete a todo momento, proporcionando cruzamentos que o adversário jamais teria. Nos primeiros lances, Moisés conseguiu ter reversão de lateral.
Não há nada que justifique Moisés no time. Contra o NH, por exemplo, enquanto o time buscava resultados, Moisés fazia faltas, e não consegue sequer bater um lateral com rapidez.
Moisés precisa ser “recuperado” fora do campo. Até porque o gol nasce de um passe diferente de PV, que nunca vimos Moisés fazer. De novo, não há justificativa para que PV não comece jogando e faça dois jogos em sequência, no mínimo.
Outro que saiu do time foi Dourado, para o ingresso do recém contratado Gabriel.
Gabriel não é um primor de volante, mas tem a velocidade que nenhum outro volante do Inter tem, principalmente na recuperação da bola e recomposição, o que permitiria soltar mais os laterais.
Ainda há muito trabalho, não temos lateral direito, a zaga ainda não parece definida, até porque o empresário de Mendez disse que ele não fica. Medina precisa definir os dois volantes, e, principalmente, jogar só com dois volantes. Penso que, como Johnny tem o passe mais rápido e com os dois pés, de todos os volantes, seria ele o companheiro de Gabriel.
O meio ficou bem desenhado com movimentação, tendo Taison, Maurício e David, mas ainda pouca interação com Wesley, que joga muito diferente de como jogava Yuri, e até o momento pareceu muito bom jogador. David, que pareceu mais magro, ainda tem poucas vitórias pessoais no combate direto, mas criou oportunidades em lances individuais.
Contudo, é preciso lembrar que 11 titulares não é suficiente, e precisamos de mais jogadores que possam fazer as funções, já que não vimos a gurizada jogar. Principalmente, acho, precisamos de outro atacante pelos lados.
p.s.: Lula faleceu na semana passada, seguramente um dos melhores 11 que o Inter já teve em todos os tempos.