NÃO FOI RUIM
Sim, não foi tão ruim, e este talvez seja o problema que temos enfrentado nos últimos anos, algo parecido como o quase.
O time não jogou mal, encarou o Galo cheio de astros e dinheiro, e teve mais chances de gol, ou, digamos, mais perto de criar uma chance de gol. Ainda que Daniel tenha feito intervenções e umas duas boas saídas sobre os atacantes, a defesa se mostrou segura quase o tempo todo, assim como o meio. Só não foi o tempo todo.
O ataque, esse sim, se mostrou pouco produtivo o tempo todo. Muitos crucificam Taison por não ter passado a bola naquele momento para Yuri, mas é difícil dizer qual a escolha certa, e gosto quando o jogador quer decidir em vez do passe que transfere a responsabilidade.
Só não é possível resumir o jogo todo em um lance de opção do sujeito que é o craque do time, traçando o destino e resultado em razão dessa opção.
Aguirre escalou mal não apenas pelas peças, mas também pelo posicionamento dos jogadores em campo. Entendo perfeitamente que Aguirre escala o time com base na força do vestiário, pois só isso explica Patrick e Moisés, e Edenílson onde joga.
Na verdade, temos um quarteto de ataque composto por dois volantes, um atacante e um centroavante, e não dá pra esperar muita coisa com uma formação dessas, quaisquer que sejam os nomes, por melhor que uma vez tenham atuado Edenílson e Patrick.
Aí sempre não será tão ruim, mas não será além de bom, e bom é suficiente para se manter no campeonato, não para vencê-lo.
Confesso que fiquei muito feliz pelo não adiamento dos jogos, não apenas por não sacrificar o calendário e jogar partidas com talvez hipóteses de rebaixamento e classificações já estabelecidas, mas, principalmente, porque jogaremos sem Edenílson.
Por melhor que seja esse jogador, penso ser incompreensível um volante se arvorar na condição de armador, pensador, definidor e centro do time. Não pode ir adiante. E, ainda que reunisse todas as condições para ocupar essa posição, se o time é refém de um jogador assim, tem que mudar urgentemente. Já vimos esse filme em época muito recente.
Mas não paro aí. Keno entrou desequilibrando, passou voando por Saravia, como provavelmente passaria voando por 90% dos laterais da série A, aí incluídos Heitor e Mercado. A solução talvez fosse colocar alguém com a mesma velocidade, e o nome é Edenilson, ou baixar a marcação, retirando nosso volante da extrema direita para uma posição de contenção. Mas aí vem o problema que Edenilson se recusa a marcar, quer protagonismo, só.
Contudo, Ed não é o único nem o pior problema. Patrick, jogando nada novamente, com a mesma ideia de que quem tem de marcar são os outros, torna o lado esquerdo improdutivo, vivendo de uma ou outra vitória pessoal (que aconteceu). No início do lance do gol do Galo, Dourado afasta e Patrick tem uma avenida pela frente, mas consegue perder a bola sozinho, simplesmente sozinho. Azar? Equívoco raro? Não, frequente, foi assim que o Vitória fez gol, foi assim, tentando dribles de efeito na entrada da nossa área, que quase comprometeu nossa última vitória.
E por que Dourado segue em campo mesmo visível que se arrasta? Não tomou um drible do pesado Hulk, Hulk não tomou conhecimento do Dourado, dentro da área. Em menos de um segundo está três passos na frente do volante, e ainda é favorecido por um Cuesta fora de posição. Repito meu mantra, Dourado é lento.
Particularmente, não esperava resultado diferente em Minas; o Galo, mesmo treinado pelo depressivo Cuca, tem muito mais elenco e vinha de uma eliminação da Libertadores, mas não gostei de ter perdido o jogo por uma sequência de falhas de jogadores que não saem do time sob hipótese alguma. Por certo que em algum momento a derrota iria aparecer, e melhor que seja para um time da mesma estatura do que para os pequenos, mas não é o resultado que preocupa, e sim a condição do Inter frente seus jogadores.
Aguirre escalou mal e não mexeu, nem quando precisava, nem onde precisava. Na minha opinião, sem saber de qualquer fato ou situação de vestiário, não mexe não por que olha pro banco e não vê jogadores melhores ou que possam mudar o jogo; não mexe para não tirar do time aqueles que o comandam, e pouco me importa o que diga para público externo.
O bom ingresso de Gustavo Maia no último jogo mostra que o banco oferece opções, e ainda tem Maurício, Boschilia, Johnny, Caio, que têm aparecido, esporadicamente, mas aparecido em outros jogos, como PV, Palacios, Heitor. Se vamos esperar que o time esteja ganhando de 2×0 para colocá-los em campo, só teremos vitórias pelo placar mínimo. Ou nas ausências por cartões e lesão.
Enfim, não foi ruim, não foi bom, está longe de ser o que gostaria.