CONSERVADOR
Aguirre foi conservador, em momentos de crise, com a expectativa nacional de o Inter passear no Rio e trazer uma sacola de gols na bagagem, em um jogo que metade da torcida sequer queria ver, montou o time no 442, com Lindoso e Dourado fechando o meio, mais Patrick e Edenilson pelos lados, Taison e Yuri na frente.
Quem viu o 4231 creio que tenha visto um jogo diferente. Patrick não ficou aberto na ponta, mas fechou o meio, auxiliando PV na marcação e bloqueando Isla no campo do Inter.
Sim, jogamos fechadinhos, esperando o Flamengo, que se agigantou com a retranca e achou que faria o resultado a qualquer momento.
Mendez até assustou, entregando para Arrascaeta querer fazer bonito em vez de chutar. Ali o Flamengo perdeu o jogo.
O Inter foi compacto, marcando na intermediária, no máximo roubando bolas no meio, de um Flamengo que aposta no grande potencial individual de seus jogadores. Assim nasceu o primeiro gol, com roubada de bola e passe certo quase improvável, de Edenílson para Yuri só deslocar Diego Alves. O segundo nasceu também de uma virada de Saravia e um passe errado de Patrick, que deu certo.
Valeu insistir em Yuri, que não poderia ter desaprendido em tão pouco tempo. A velocidade e força do atacante apagaram a falta recente de gols.
Depois veio a calma do intervalo e Taison desencantando em um gol perfeito e o resto todos sabem, até a tirada do pé do acelerador.
Não foi uma atuação belíssima, foi um jogo competente, em que o Inter foi muito eficiente no que se propôs; ganhou, goleou, sem brilho além do que uma sonora goleada no Flamengo no Maracanã representa. Toda eficiência que faltou nos jogos anteriores, apareceu no jogo épico de ontem.
Daniel foi certeiro, evitando três gols do Flamengo, dois deles em momentos cruciais do jogo. Depois de um início ruim, Saravia controlou seu lado e ainda contribuiu no ataque. Mendez não pode sair do time. Errou feio com Arrascaeta, mas é o capataz que Cuesta precisava, fazendo todas as coberturas necessárias e se impondo na área do Inter. Cuesta joga mais seguro com ele, e tem espaço para seus desarmes avançados, um deles que resulta no gol.
Não achei PV tão bem na marcação assim, mas jogou com desenvoltura e muito bem posicionado. Levou alguns dribles que a idade e experiência vão estancar em futuro bem próximo. Creio que Moisés não volta no próximo jogo.
O quarteto de volantes fez o que Aguirre mandou. Desarmou, defendeu, e, quando possível, com Edenílson e Patrick saiu para o jogo se aproximando de Yuri, mas nenhum dos dois jogou avançado, e, em muito tempo, não vimos Patrick distribuir bundadas pela ponta esquerda, onde é totalmente ineficiente.
Não vi uma grande partida de Dourado, mas foi seguro no que sabe fazer. Não consigo elogiar Lindoso, por isso vou dizer que errou o quinto gol de forma imperdoável.
Taison foi Taison, aquele jogador incisivo que queremos, rápido e corajoso; fez um golaço levando a bola da nossa intermediária até o gol adversário, em um gramado que foi a desculpa do Fla para não ter ganho.
E Yuri estava guardando os gols. Confesso que tive muito receio no gol que errou quase dentro da goleira, mas foi o atacante que todos querem, rápido, chutando com os dois pés e brigando o tempo todo.
Aguirre foi muito bem durante todo o jogo, e melhor ainda depois, dizendo que nem tudo está errado quando se perde, nem tudo está certo quando se goleia. Armou um time no 442 pela primeira vez, com competência, fechando os espaços do Fla e impedindo as jogadas individuais, e quase anulou a bola aérea de seus zagueiros altos. Ontem, foi tudo certo.
Mas não dá pra se iludir. Jogar contra um time que se joga ao ataque por jogadas individuais é um modelo que se repete pouco no Brasileirão. Não sei se a competência e eficiência se repetem com o quarteto defensivo no meio quando precisar atacar e propor o jogo. Aguirre parece saber isso, e talvez a menção de nem tudo estar errado quando se perde seja a pista. Em outros jogos, criamos muito mais, e ficamos sem gols ou com o mínimo. Ontem foi fartura.
E o mais importante, disse que não adiantará nada ter ganho ontem se não ganhar do Fluminense.
De negativo a torcida da transmissão. Não que busque isenção de uma rede carioca e flamenguista, mas um mínimo de respeito e coerência poderiam ter. Culpar gramado, expulsão e qualquer outra coisa em uma goleada de 4×0, sem mencionar o adversário, é muita falta de respeito. Sálvio chegou a dizer que nem sempre a regra que o árbitro tem na mão precisa ser utilizada. Palmas ao Loss que pressionou o 4º árbitro nas palmas do mimado Gabriel sem gol.
O ponto mais positivo, além de estrondosa goleada, é o time vibrar, jogar, correr, marcar e brigar, longe daquela apatia do último jogo. Seguindo assim, se afasta de qualquer perigo de rebaixamento. Seguindo assim….