REGRESSOS E REFLEXOS
Foi um desempenho muito ruim, só não foi pior que o placar do jogo. Se, contra Olímpia e Athlético, jogamos alguma coisa e pecamos nas finalizações, sábado o time não jogou absolutamente nada.
Não apenas as individualidades estiveram ruins, mas o conjunto estava desconectado, havia um buraco na frente da zaga, o meio estava desligado e o ataque de um homem só parecia depositar todas as esperanças em Guerrero. Não havia aproximação de dois quando os laterais avançavam, muito menos troca de passes.
As poucas jogadas que resultaram em alguma coisa decorreram mais de tentativas individuais do que por movimentação e troca de passes.
Ainda que o Cuiabá tenha abdicado de jogar boa parte do tempo, optando por uma marcação individual em Taison e Edenílson, o resto do time ficou muito abaixo de qualquer coisa que se espere do Inter. Daniel quase não trabalhou, fez uma defesa em lance que me pareceu impedimento. Saravia repetiu a má atuação no seu retorno, e sequer apareceu ao lado de Palácios. Mendez errou duas vezes, mas se recuperou e Cuesta segue regular em suas atuações medianas. Moisés, começou bem, no ataque, de onde saíram as primeiras jogadas, mas depois desapareceu totalmente e foi expulso de forma absurda.
Os dois volantes foram os piores em campo. Dourado errou tudo, desde bola aérea no meio até passes que resultariam em bons ataques. Não apenas desligado, mas nervoso e apático. A apatia também tomou conta de Edenílson, que jogou a base de passes laterais e burocráticos. Não fez nenhuma aproximação com Palácios, embora tenha lhe dado o toque para a melhor chance do jogo.
Maurício teve um bom começo, por onde construía alguma coisa com Taison e Moisés, mas lesionou cedo. Taison fez sua pior partida pelo time, talvez por conta da marcação individual, mas pouco tentou e conseguiu menos ainda. Palácios foi figura isolada, errou um gol ao optar por um chute fraco colocado, e pecou em suas outras tentativas, algumas de forma bizarra. Ainda que demonstre boa técnica, tem dificuldade em se entrosar e fazer jogadas coletivas, assim como entende pouco a marcação da recuperação da bola.
Guerrero foi a solução tentada para todo o ataque, e, ainda que seja um grande jogador de costas para a zaga, não se entendeu com os companheiros, embora tentasse o jogo com passes curtos próximos da área. Errou uma conclusão que o adversário acertou. No seu lugar, Vinicius Junior foi pouco acionado, e não é atacante que recebe a bola de costas pra zaga. Ainda errou uma conclusão que parecia boa.
Boschilia ingressou sem saber onde jogar e sequer chutou. Caio Vidal entrou bem com a tentativa de jogadas agudas. Embora tenha deficiências na finalização das jogadas, seja com passe ou conclusão, é o mais incisivo jogador do time.
Aguirre tinha mostrado avanços nas duas últimas partidas, mas sábado foi um retrocesso. O time não jogou como um time, mas um amontoado de jogadores com tentativas individuais. O que mais me preocupa é o buraco reincidente na frente da zaga.
Aguirre foi o responsável pela melhor temporada de Dourado, mas é um jogador que não consegue mais fazer a parte defensiva e a saída de bola. Com um a menos, Dourado ainda tentou uma pressão no campo de ataque, em investida no mínimo patética. É um dos nomes que precisam ser repensados nesse esquema.
Sou favorável à saída de Edenílson, não consigo ver utilidade nesse jogador em quase todos os jogos com Aguirre. Gosta de suas arrancadas nas bolas paradas de surpresa, como fazia com Odair, mas não tem acrescentado nada, e se omite de qualquer responsabilidade, exceto pênaltis. Foi apático o jogo todo e anulou o lado direito do time, tanto no ataque quanto na defesa. Não tem marcado, só ocupado espaços e retardado jogadas. E não consigo entender porque bate faltas.
O clube parece que vive em ebulição. Já trocou o treinador, contratou dois defensores, mas não se acerta dentro e fora do campo. Sofre pressões de uma torcida que parece inoportuna e sente a falta do estádio, e não assume uma posição firme, seja nas negociações, seja na remontagem do time.
O time segue preso a determinados jogadores, e já abdicou de tentar fazer algo diferente neste ano no futebol. Precisa de um comando forte no vestiário, que nitidamente não tem, mas, urgentemente, precisa rever sua atuação ou seu modelo de atuação. Ainda somos um clube presidencialista, é como a torcida e jogadores enxergam o clube, apesar do Conselho de Gestão, que está tão titubeante como o time, talvez um reflexo.
Essa mudança é urgente, temos time para mais que a posição que ocupamos, mas seguimos patinando por tempo demais.