Marlon Brando na casamata
Pulei o texto da semana passada porque tudo que eu queria falar sobre o Internacional acabei relatando na live do BV depois do jogo contra o Bahia: decepcionado com a direção, achei que eles tinham perdido o rumo, demitiram o técnico que tinham confiança, e entregaram na mão do Loss, um coitado que só Deus sabe porque está sempre no Beira-Rio.
Inclusive é bizarro perceber como funcionam as opiniões resultadistas: contra o Bahia, disseram que o Loss já tinha resolvido boa parte do problema do Ramírez. Contra o Ceará, disseram que ele ainda não tinha como ter resolvido porque era cedo demais. Engraçado pensar que o Loss era auxiliar do Abel ano passado e trouxe de volta tudo que ele tinha proposto no time, inclusive Yuri e Galhardo titulares sacrificando um ou outro deslocado. Era óbvio que não ia dar certo.
Nesta mesma live, ao ser perguntado pelo CEO deste site quem eu traria, eu falei: Aguirre. E estou feliz que foi ele. É um bom técnico, que mistura a atualização, a coloradagem, e o perfil uruguaio que somos afins culturalmente. O melhor de tudo: parece que perdeu a pecha de estrangeiro, por já ter treinado três grandes times brasileiros.
Mas a cereja do bolo foi a vinda do Paulo Paixão. Parece que a direção enxergou que o que falta pra este time é alguém com sangue e estrela, e já que não traremos grandes reforços, este poderia vir de fora do campo. Vejam o vídeo dos bastidores do último jogo (a partir do minuto 4:55), onde ele fala, “aqui é Internacional, eu sei que vocês sabem, mas vamos melhorar isso aqui”. Sem contar que neutraliza a crítica pré-pronta de que o preparador do Aguirre vai nos derrubar. Foi uma sacada de mestre.
Ainda depois disto, o Internacional já anunciou um zagueiro e um lateral-esquerdo jovens e baratos, que vem com condições de jogo. Eu não vi nenhum jogar, mas pelo menos indica que a política de contratações está ativa ainda, o que me agrada. Iremos emprestar e depois vender outros garotos (como fizemos com o Praxedes) e possivelmente ano que vem teremos recursos para montar o time com mais tempo e, quem sabe, um treinador confirmado com tempo de escolher o time. Minha confiança de que a direção está acertando (e consegue identificar o erro) foram reestabelecidas.
Agora o que precisamos é calma. Nós ainda estamos nervosos. Se o Internacional perder um jogo qualquer, não é o fim do mundo. Sinto que estamos numa montanha russa, qualquer derrota é para atirar o bebê, a água, a bacia, tudo fora. E alinho a minha expectativa: se nos classificarmos para a Libertadores este ano, terá sido um bom ano. Nosso time não é excelente, e mesmo que seja, o grupo ainda está carente de jogadores, e sempre teremos lesionados e suspensos.
Apenas para comparação, fica o questionamento: o Grêmio é o lanterna do Brasileiro, mas alguém viu a Gaúcha convocar qualquer ex-técnico dos pijamas para perguntar o que ele acha do time? O que está errado? Que o técnico precisa reestabelecer a alma sei lá o quê (ou pelo menos os jogadores não mandarem ele tomar no cu dentro do campo)? Tumultuando o clube? Vamos fazer o nosso, ficar histérico só vende matéria pra eles…