Imediatismo

Comecei a escrever este post meados da quarta-feira, pós jogo, claramente agasalhado na força do ódio, ainda (versão final com cortes e abrandamentos). Pensei em chutar o balde, deixar a fúria (que persiste) falar mais alto e pedir a cabeça de alguém na bandeja (essa parte, admito, de maneira forçosa – é ruim perder da forma que foi, está bem, mas a terra arrasada geralmente não combina bem com o futebol). Fui lendo uma série de avaliações sobre o jogo, muitas passei a concordar e outras nem tanto. Aí como o ranço da derrota ainda permanece, resolvi vir aqui pro BV, local onde geralmente há mensagens ainda mais apocalípticas que o meu próprio pensamento; buscando motivação, pensei, somente ao discordar de alguns exageros. Deparei-me, pois, com o comentário do LUCIANO, o qual tomo a liberdade de repisar dada sua lucidez (dentre outros com a mesma característica):

“Não vou ser imediatista de pedir a saída do técnico, claro que errou e está errando. Mas estamos em ” reconstrução” desde 2017 segundo alguns. Neste tempo tivemos Odair que acho que em 2 anos fez uns 3 bons jogos, o resto era recuar e rezar, chegou a uma final de copa do Brasil, e aí que quero chegar, mesmo não gostando o estilo do Odair, quem entregou aquele título foram os jogadores. Abel, se pensarmos friamente, tivemos o jogo do São Paulo e talvez mais um ou dois bons jogos naquela sequência, o resto foi um Deus nos acuda, mais na sorte, inclusive o grenal(tivemos os prejuízos de arbitragem).
Teria muitas coisas para expor, mas quero focar nos jogadores, tem alguns aí que estão desde 16/17 nem gauchão ganharam e já vimos como são em jogos importantes e grenais, duvido que o técnico pede para os caras ficam parados, não aproximar, errar passes. Não seria os enraizados fazendo um complô.

Acho que a direção deve e tem que ver o que realmente acontece, se for só problema de técnico, demite, troca, cobra, agora se for jogador fazendo corpo mole não adianta trocar técnico.”

Também penso que demitir o treinador não é a solução, tampouco achar que o trabalho de Abel Braga era a oitava maravilha do mundo; foi interessante sob certos aspectos mas muito na base do ‘vamo,vamo’ – alguns jogos com atuações sofríveis, mesmo nas vitórias. Só que o Internacional talvez seja bastante areia para o caminhãozinho do Miguel Angel Ramirez e ele somente vai conseguir conduzir o time pela estrada se tiver real consciência disto. Gosto da ideia de 3 zagueiros, mas não é num jogo de Libertadores que ela deva ser testada aleatoriamente; o trabalho, ademais, já merecia alguma evolução. Ora, se antes teve 10 dias somente para treinamento, agora terá jogos a cada 3 ou 4 dias. Ou seja, é quase um vai ou racha, com o agravante de acontecer numa libertadores. Cabalístico.

A diretoria tem culpa, também, no contexto do processo (sei da parte financeira, mas também para burlar isso que lá estão) e vou me ater a montagem do time: 1- Com Zé Gabriel não vamos ganhar nada. Não tem condição alguma de ser titular; 2- Nonato é um inútil de marca maior. Um leão na lancha do amor e um gatinho dentro de campo. Dele não se espera nada e ainda nos surpreende, superando-se em campo para pior; 3- Dourado jogou bem comparado a ele mesmo o que não é muito, convenhamos, não pode ser capitão ademais. Lomba pode até não ter tido culpa no gol, mas goleiro campeão busca aquela bola. Errou todas as reposições praticamente; 4- Chute de fora da área? No Inter ninguém sabe para que serve e faz tempo.

Imediatismo não vai nos ajudar muito. É certo. Mas se pensar em todo o contexto dos últimos anos é bem verdade que a vontade que dá é já se preparar somente para o pior. Entendo os que pensam assim. Imediatismo, sob um aspecto, todavia, se mostra insuperável: precisamos dum capitão. E pra ontem.

PS.: Informo aos desavisados que, ontem, na altitude de La Paz, o Boca Juniors venceu o The Strongest pelo placar de 1×0. Essa altitude… Após 51 anos da última vez, preciso também dizer. Bahhh, essa altitude…