Síndrome de Pato
Nas entrelinhas da história, conta-se que alçado aos profissionais para um treinamento, já ao final da temporada quase, o jovem Alexandre Pato fez um estrago no time titular. Revela sem rodeios o ex- goleiro Clemer, aliás, que no terceiro gol do guri este ficou cara a cara consigo, sendo que saiu nos pés do garoto com tudo, pensando que seu porte físico e sua história haveriam de abalar o jovem. Pois, que nada. Ao melhor estilo Romário, Alexandre Pato deu uma cavadinha e ainda fez um golaço. Não respeitou nem lenço, nem documento. A partir daí, não se fala mais em entrelinhas pois todos nós sabemos o que houve; o Palmeiras, atual campeão (com folga) da Copa do Brasil também. Aí o Pato fez gol em semifinal de Mundial de Clubes, em final de Recopa e ganhou o mundo. Um craque! Não importa como termina a carreira: um craque!
Todavia, restara criado ao torcedor Colorado a partir daí a ‘Síndrome de Pato’. Ora, grande parte da nossa sem paciência e corneteira torcida acha que todo ou qualquer jogador da base que surgir tem de fazer como o Pato fez: um estrago (no adversário). Um problema grave isso, aliás, a julgar que não ganhamos valores significativos com vendas a horas e assim seguiremos, afinal, não surgem jogadores como Alexandre Pato, no mundo, tão fácil a cada nova temporada e nossa torcida não aceita isso. Que absurdo, não? Como os guris da base querem jogar no time de cima se não dão show quando tem oportunidade?
Ahhh, pois é.
Vejamos o caso do goleiro Daniel. De fato, falhou nos dois últimos jogos. Do defenestrado gauchão, apenas para relembrar. Só que se fala que o Daniel é nosso melhor goleiro e eu acredito que seja mesmo. Mas, o Daniel em cerca de quatro anos de profissional (subiu em 2017) jogou incríveis doze jogos. Sim (vai com numeral também), 12. Aí, nossa torcida entendedora de futebol como poucos, vem (aqui no BV, inclusive) cornetear que não joga nada. Isso por 12 jogos ou pelos 2 últimos? Não seria prudente (para não dizer lógico) que ao menos ele tivesse a chance de jogar com a defesa titular para, talvez então, sermos um tanto quanto definitivos no tocante a sua capacidade de ser (ou não) titular?
Ahhh, pois é.
No mais, no que refere ao time como um todo, é bem verdade que na grande maioria dos três jogos até agora disputados, o sub-20 (ahhh, pois é) do Internacional foi superior às equipes adversárias. O “Inter Kids”, como vem sendo chamado, tem mostrado alguns jogadores com potencial individual interessante e também me deixado preocupado também – com o quesito psicológico da gurizada, principalmente – admito (só que não cortarei os pulsos de arrancada). Mas vejamos que no jogo de segunda-feira, o time fez sua pior partida justamente em razão de ter desmanchado o entrosamento para que os jogadores do time de cima pudessem desfilar em campo. Não foi um guri que perdeu aquele gol feito, mas um dos profissionais (que é um guri também, gize-se, e de igual modo merece crédito). Enfim, nada justifica tamanha ira por causa de um jogo de gauchão; ora, não somos nós mesmos que pedimos para usar o gauchão como laboratório? E somos nós mesmos que queremos encerrar a carreira de grande parte de jogadores (sub-20) por causa do gauchão?
Ahhh, pois é.
Quando vejo que alguns torcedores vão às redes sociais da gurizada fazer xingamentos e falar todo tipo de impropério por causa de uma derrota na porcaria do gauchão, penso que essa mesma torcida merece uns Lombas, Uendels e Lindosos da vida no time. Outra certeza, não consigo ter nesse momento. Saiba que você torcedor corneteiro que acha que tudo está perdido por causa de três jogos merece ficar uma década sem ganhar nada.
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