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Acompanhando o noticiário nestes dias de reclusão forçada e necessária, pude acompanhar que Thiago Galhardo e Marcelo Lomba concederam entrevistas para programas de televisão. Além de ter achado as entrevistas muito interessantes, nas quais chamaram bastante atenção a lucidez, desenvoltura e profissionalismo manifestado pelos atletas, em especial Galhardo – por ter chegado a pouco em Porto Alegre –, comprovando que a montagem de plantéis com o desejo de ser vencedores deve, obrigatoriamente, ter jogadores de capacidade intelectual reconhecida não apenas dentro das 4 linhas, uma outra situação me fez refletir … a ‘conexão’ mostrada pelos jogadores ao se referirem ao técnico Eduardo Coudet.

Ainda que as entrevistas tenham sido concedidas em dias e para interlocutores distintos, ambos atletas foram enfáticos em destacar estarem gostando muito do método de trabalho apresentado pelo técnico nestes primeiros meses de SCI, em especial o fato de ‘exigir’ dos jogadores que apresentem a mesma postura tanto em jogos no Beira-Rio, quanto os disputados fora de casa.

Lomba disse que o argentino tem um estilo transparente, que faz o trabalho da equipe ser mais produtivo: “O Coudet faz uma cobrança bem transparente, não é aquela pressão que coloca o cara pra baixo e deixa o cara nervoso, mas dentro do ambiente de confiança ele cobre que a gente jogue. Em 2020, a gente tá mostrando que consegue jogar em qualquer lugar, no Beira-Rio ou não.  Referiu, ainda, que o técnico trouxe, especialmente para a Libertadores, aquela situação envolvendo a experiência e a ‘garra’ argentina, que no entendimento dele estão sendo agregados ao grupo colorado.

Galhardo, por sua vez, de saída mencionou ter escutado a entrevista de Lomba, concordando com tudo que o colega referiu sobre o trabalho do técnico, e foi adiante: “quando ele chegou, na primeira reunião que nós tivemos ele falou que queria que o time jogasse dentro e fora de casa da mesma maneira, independente de quem jogasse”, aduzindo, ao elogiar o trabalho do técnico, que o principal do futebol eu acho que não são fazer os gols, mas é criar as chances … a questão de fazer os gols é questão de efetividade, criar as chances não, é uma coisa mais complicada … armar é muito mais difícil do que desarmar, e isso nós temos conseguido fazer com muita facilidade e muita tranquilidade … é uma coisa que o Coudet tem implementado pra nós e tem conseguido fazer alcançar o objetivo”.

Ainda, acho muito legal quando o jogador consegue ‘se soltar’ numa entrevista, se livrando daquele linguajar simples, clichê, e muitas vezes patético que nada esclarece, ao responder de forma clara e direta, – esclarecendo uma dúvida que eu sempre tive -, ao ser questionado se algum treinador já disse não querer jogar de igual forma dentro ou fora de casa, que: “eu que joguei em times, podemos dizer reativos, menores, porém reativos, os jogos fora de casa, por mais que eles não falassem isso diretamente, obviamente que você treinava na semana, a forma como ele planejava surpreender os adversários acaba sendo uma forma de não jogar fora de casa, porque você defender, marcar atrás da linha da bola e ao roubar a bola ser reativo, conseguir fazer o contra-ataque, jogar por uma bola parada, então, diretamente não, mas indiretamente, a partir do momento que você fala que vai ser reativo, que tem que marcar, deixar a bola com o adversário e vai jogar por uma bola pra poder ser reativo e ser letal, matar”. Ao escutar essa resposta, em especial a expressão ‘reativo’, parecia estar ouvindo mais uma entrevista de Odair maionese Hellmann.

O que se pode extrair das entrevistas, mesmo que nenhum de nós saiba o que acontecerá no futuro, é o acerto quanto à mudança de paradigma adotada pela direção ao buscar Coudet, com a intenção de sepultar a visão ultrapassada dos técnicos anteriores, atendendo a um dos desejos mais aguardados pela torcida: jogar da mesma forma em qualquer lugar!!!

Mesmo com o tempo que deve levar até recuperarmos a parte física, mantenho a esperança que a equipe retorne mantendo o alto nível apresentado até a parada involuntária, tendo em vista que os jogadores parecem efetivamente ter ‘comprado’, no melhor dos significados, os métodos e a postura de trabalho apresentados por Coudet, indicando que o técnico pode ser o diferencial que não tivemos no ano passado.

Por fim, saúdo de bom grado a decisão de abolir-se a concentração para os jogos que se realizarão em Porto Alegre, o que dará uma ajuda financeira nesse período de crise gerada pela Pandemia; que acho, aliás, já poderia ter sido adotada mesmo que não estivéssemos vivendo nesse período de excepcionalidade. Resta saber se o grupo terá maturidade e profissionalismo para lidar com essa nova rotina.

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