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O título deste post me faz, com saudosismo, lembrar da infância e da vila do Chaves, personagem icônico de Roberto Bolaños; mais precisamente do Seu Madruga, brilhantemente interpretado por Ramón Valdés, afinal, eram sempre catorze meses de aluguel devidos. Mas Seu Madruga é um personagem boa praça, a ponto de todos, imagino que sem exceção, torcerem pelo devedor e não pelo credor.

Pois são catorze meses de Odair Hellmann no comando técnico do Sport Club Internacional; no entanto, as comparações com Seu Madruga param por aí. De antemão, vos digo que para mim Odair Hellmann já não mais seria o nosso treinador. Explico.

O nosso treinador atual assumiu o time ainda na disputa da fatídica segunda divisão. Não teve muito trabalho para assegurar nosso retorno, já que os ‘poréns’ ficaram na marca do seu antecessor. Começo de ano (2018) bem mais ou menos, jogos sem vergonha que asseguraram um clássico logo de cara e uma eliminação que estava desenhada. Nada de muito útil apresentado, mas havia uma “reconstrução”, balela essa usada por quase todo o ano passado.

Começou o Brasileirão com uma tabela encardida. Ganhou do Bahia, o que, convenhamos era o mínimo, depois uma leva de resultados ruins, inclusive um empate em casa com os reservas do Cruzeiro. E novamente um clássico para, talvez, tapar o caixão de Odair como nosso treinador. Mas, não. Um empate sei lá sob que circunstâncias e uma virada no campeonato que nos levou às cabeças: terminamos o primeiro turno na segunda colocação. Com direito a golaço de falta do Camilo nos últimos segundos de jogo, num domingo de manhã no Beira Rio.

Pois acabamos em terceiro, o que diante de todas as conjecturas deveria ser comemorado por todos nós. Certo? Não creio. Isso em razão do nosso término de campeonato aos trancos de barrancos. O modelo de jogo que nos elevou para o topo e pareceu apontar um padrão de atuações, sucumbiu quando a água começou a chegar no pescoço. E o Odair sucumbiu, principalmente, quando insistiu em alguns jogadores que visivelmente estavam mal.

Mas, renovado o contrato do Odair. Perspectiva de novas ideias e variações táticas, aproveitando a base que ficou do ano anterior. Certo? Explicitamente, não! Um filme repetido em campo, apostando e insistindo nos meses jogadores que seguem jogando muito pouco e, ainda, aquela velha máxima de menosprezar os jogadores da categoria de base. Poderia, aliás, apostar que numa breve entrevista, Odair vai dizer que não usou a base ainda porque ninguém se destacou. Sem jogar, todavia, fica difícil…

Treinos e mais treinos e o time parece não gostar de fazer gol. Tanto que quando faz o primeiro, volta para o seu campo só esperando o jogo acabar. Coloca sob risco uma vitória, pois parece não deter vontade e coragem para seguir buscando o gol. Quantos chutes a gol demos no segundo tempo do último jogo? Para piorar, agora, o nosso treinador parece estar sendo incorporado por um espírito de ‘professor pardal’, queimando jovem atacante colocando de lateral, fazendo uma salada de fruta para não tirar um bruxo de campo (só isso justifica) e por aí vai… ladeira abaixo.

Em catorze meses Odair Hellmann vem mostrando que para o Internacional, neste momento, ele só basta de forma interina. Acredito que seja uma grande pessoa, passou perrengues na vida como tantos o fazem a cada novo dia, deu a volta por cima em razão da sua competência e de fato parece conhecer de futebol. Mas, neste momento, não é o treinador indicado para comandar o Colorado. Talvez lhe falte a experiência de um Gauchão por um time do interior, ou uma série B de Brasileiro por um time que lhe dê alguma mão de obra. Não sei.

Mas sei que é preciso agradecer ao Odair pelos serviços prestados e contratar um treinador. E chega de apostas. No máximo, é de se apostar que Seu Madruga nunca irá pagar o aluguel. Mas em matéria de treinador tem de se arriscar no certo e não no duvidoso. Sempre no certo.

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