4.4
(21)

Eu sei como vocês estão se sentindo.

Um misto de raiva e tristeza, indignação, muita dor, vontade de socar todo mundo e de desaparecer ao mesmo tempo. Tipo quando tu era apaixonado por uma gata no colégio e ela um dia te disse que tu era um grande amigo e nada mais. Só que multiplicado por mil.

Pois que aqui estamos.

Sinto raiva porque é óbvio que fomos roubados. Que tipo de juiz marca um pênalti de curso daqueles, volta pro VAR e desmarca? Fomos prejudicados sistematicamente nos últimos cinco jogos e isso obviamente influenciou nossa pontuação na tabela. Enquanto alguns tentam demover outros dessa ideia, pra mim é indicativo de que algo muito maior que o nosso mero futebol dentro das quatro linhas está em jogo*. É óbvio que todos os times são favorecidos e desfavorecidos durante o campeonato, mas ser desfavorecido nas últimas cinco rodadas, em lances capitais, em sequência, valendo o título, é de morrer.

(E depois de ouvir a gravação do VAR solicitada pelo Vasco contra nós, eu sinto em informar que não confio mais nesta tecnologia. A decisão é feita por um colégio de torcedores que berram com um juiz até definir o que quiserem. Passa longe de ser o oráculo tecnológico que nos venderam.)

Sinto tristeza por ter sido novamente vice em dois anos consecutivos, e novamente vice do campeonato brasileiro. Não sei vocês, mas o Brasileiro é o meu título dos sonhos, aquele que eu almejei primeiro, o que eu acompanhei por primeiro na vida, o que eu fui no estádio pela primeira vez, e representa tudo pra mim. Era a nossa chance de lavar a alma contra o Corinthians, e escapou das nossas mãos.

Fico indignado porque apesar do Abel ser o maior técnico de nossa história – e não pensem que eu não amo ele, porque eu amo muito –  passa por ele o desastre dos últimos jogos. Na reta final do Brasileiro, ganhamos cinco pontos em quinze, uma campanha muito ruim, influenciada pela arbitragem, é verdade, mas ainda assim muito ruim. Socamos o São Paulo no Morumbi e perdemos nossa competitividade na reta final. Ontem fomos muito mal, como na final contra o Atlético-PR em 2019. Trocas horrorosas (Lindoso nunca mais pode pisar no gramado do Beira-Rio) e escolhas táticas esquisitas, como inverter o Patrick em um momento completamente aleatório do jogo… Enfim, um caos, que ainda teve um gol anulado no último minuto do jogo, pra acabar com o coração de qualquer um.

Há muito o que ser dito sobre o jogo, o campeonato, o ano do Internacional, o elenco do Internacional… Não vejo mais razão em uma tese ou outra, se o Internacional jogou pior do que foi roubado, se foi mais roubado do que jogou mal… Acho que as duas coisas ocorreram ao mesmo tempo.

E por isso duas coisas me machucam mais que isso tudo. A primeira: imaginar que talvez nunca mais passe um cavalo encilhado dessa maneira. Talvez nunca mais disputemos um Brasileiro, é o torneio mais difícil de chegar vivo na última rodada, ainda mais com o VAR funcionando para o Eixo… A segunda: saber que esse time estava jogando acima do giro há muito tempo, fazendo milagre atrás de milagre, com quatro titulares lesionados, dependendo de jovens promessas, trocando treinador e estilo de jogo… E mesmo assim, na hora do conta giro torcer só mais um pouquinho, o restinho que faltava, os trinta centímetros do Edenílson, estourou. Pois que aqui estamos.

Dói demais, como já doeu demais tantas outras vezes. Mas se tu ainda estás lendo é porque tu vais continuar aqui, bem como eu ainda estou escrevendo.

* Nota para o que parece ser uma sensação compartilhada entre eu e a direção do Internacional. O novo presidente começou bem o mandato, tendo a oportunidade de escrever pro UOL clamando que a arbitragem seja profissionalizada no Brasil. Endosso demais este pedido – é coisa que já defendo há muito tempo, na verdade. A ver as próximas movimentações, mas eu gostaria que o Internacional fosse pioneiro em mais este movimento.

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