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Algumas das maiores emoções que tive ao longo da minha vida eu vivi no Gigante da Beira Rio. Eu até nem sem explicar, apenas me repetir: o vivente quando já velho vai ficando mais emotivo e saudosista. Muito do que vi no José Pinheiro Borda, aliás, somente agora eu entendo o que realmente representa e representou em minha vida.

Quando cheguei em Porto Alegre, lá pelos anos 70, passado o susto de sair do meio do mato e, enfim, estar diante de algo que realmente se parecia com a civilização, meu sonho, além de vingar na cidade grande, era conhecer o Beira Rio. Pode até ser que tivesse algum Colorado como eu naquele fundo de campo, só que mais do que eu duvido. Muita da minha coragem, de sair de casa e ganhar o mundo, foi porque eu queria ver de perto o Internacional. Viver daquela emoção de ver o Colorado de perto.

E estar no Beira Rio era como estar em casa. Cada vez que eu entrava pelas catracas do Velho Gigante era como se eu estivesse chegando em casa. Minha casa.

Não por acaso eu sou um pouco saudosista do velho Beira Rio. Do cimento quente, dos balaios com amendoim e salgadinho, do café preto e da cerveja ruim e meio quente. Até hoje guardo com carinho duas almofadas que a maioria levava para não sentar direto no piso. Ainda que felicidade mesmo era olhar um jogo de pé, na Coréia, espremido dentre orgulhosos coreanos. Aquele era o Inter do povo. Aquele era o povo do Inter.  O velho Beira Rio certamente tinha uma alma própria, erguido sob a água, abrigo de times gloriosos e vencedores. Aquele velho Gigante tinha sua própria história para contar.

Como saudosismo não é sinônimo de burrice, por óbvio que se tratarmos o futebol como espetáculo – algo mais próximo aos dias atuais – o novo Beira Rio tem muito mais a oferecer. Pode-se falar até em conforto se compararmos ao passado: todos sentados e em cadeiras, banheiros limpos, comida de shopping, acesso rápido e saída também. Até o tradicional banho de chuva ficou mais raro com as membranas da cobertura. O banho de mijo também. Um novo Beira Rio, para um novo tempo.

Mas um estádio, tinha a impressão, que parecia ter perdido aquela alma. Um estádio para torcedores modernos, em busca de espetáculo, porém, um Gigante que não mais era a casa do seu povo. Que não mais rugia como outrora.

Na última terça, vendo aquele mar vermelho na chegada do Gigante da Beira Rio, e toda uma torcida unida em prol de uma só razão, a de empurrar o time à vitória, pois bem, de alguma forma parece que eu senti aquela alma vibrante renascida mais uma vez, alma vitoriosa e com história própria. Foi o povo Colorado unido que comandou a virada, de um novo tempo que parece que está para acontecer com o Internacional daqui pra frente.

Como será e se vai ser tão rápido eu até nem sei. Só sei que poder ter vivido e vivenciado toda uma festa no Gigante, mais uma vez, valeu muito a pena. E quando um Gigante adormecido acorda, nada mais segura. Nada é capaz de rugir tão alto como o Beira Rio. Nada.

Chego à conclusão, nestas derradeiras linhas que, ser Colorado, ao fim e ao cabo, sempre vai valer a pena.

Como é bom ser do Inter e estar em casa no Velho Gigante!

 

CURTAS                                                                              

– A tão sonhada e esperada mudança de fotografia, enfim, parece ser vista no grupo Colorado. Não faltou brio para o time e nem coragem;

– Este novo camisa 8 que a direção nos arranjou mostrou em campo que pode nos trazer bons ventos. Tem intimidade com a bola, faz gol e, querendo, quem sabe ainda levante uma taça;

– Jogador sem pescoço e com cara de psicopata me agrada. Faz algum tempo que Gabriel Mercado tem mostrado a que veio e no último jogo parecia o Gamarra, para quem não viu jogar;

– Todo grande time começa por um grande goleiro. O nosso, estava no camarotes cantando, torcendo e vibrando com o filho no colo;

– Preciso ser justo com o Alemão: se lhe falta técnica sobra vontade e raça. Merece estar vestindo o manto, mas ainda assim precisamos dum titular afirmado, afamado e incontestável;

“Vamo juntinho e vamo pro pau”. Até eu fiquei motivado com o discurso do nosso preparador físico. Ninguém fala, mas outra baita contratação;

– Se o time se destacou em campo, nossa torcida deu show inclusive fora dele. As Ruas de Fogo ganharam o mundo. Nunca comparem;

– Eu gosto de ter razão, admito. Contudo, fico particularmente ainda mais envaidecido quando ter razão significa o sucesso do Internacional. Dito isto, não me enganei quando Pedro Henrique chegou e disse que poderia ser uma grata surpresa. Jogador surpreendente!

 

PERGUNTINHA

E o Moisés, hein?

 

Torcedor Colorado, nada se compara a ti!

PS.: Acabei de ver os bastidores da vitória e admito que me emocionei junto com o Figueroa: “Inter eu levo aqui (no coração). Tinha proposta para ir pro Real Madrid e pro Inter. Eu escolhi o Inter“. Graças a Deus!

PACHECO

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