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Noutro tempo, meu e da sociedade, estaria por estes dias numa ronda crioula nalgum CTG das tantas cidades em que já vivi. Mas os tempos são outros e agora a moda são os acampamentos farroupilha. Acampamentos para os gaúchos da moda que “demonstram assim interesse pela tradição e as coisas do gaúcho”. Confesso que tratar o 20 de setembro meramente como “dia do gaúcho” já me perturba imensamente (afinal não é isso a rigor).

Talvez não tanto como a história do “você”. Meu neto, gaúcho, nascido em solo gaúcho e que vive no pago gaúcho é só “você” pra lá e para cá. Aprendeu na escola. Desde quando não se fala mais “tu”? Desde quando se ensina algo que foge dos nossos costumes? Salvem o “tu”!

Aliás, desde quando guisado virou carne moída? Desde quando jogador qualquer virou esta choradeira entre jornalista e meia dúzia de torcedor alienado?

Dirão que é recalque, e quem sabe até mesmo o seja – que não consigo aceitar que o mundo mudou e não parou nos velhos tempos de onde vim, mas com o advento das redes sociais demos, sim, voz e vez a todo tipo de idiota que possa existir e eles, acreditem, são muitos. Temo até que já sejam a maioria. Antigamente essa gente simplesmente vivia recolhida à sua insignificância; hoje, todavia, bravatam todo tipo de excrecência por detrás de um computador, eis que a solução é simples: se não pegar bem é só apagar ou “bloquear” o algoz. E tanto por isso que, obviamente, o futebol não poderia viver em alienação a tal ‘realidade’.

Tampouco o Internacional, cujos atores não podem ver uma crise – por mais banal que ela possa ser, que já se abraçam.

Se tradicionalmente a fonte da informação era o rádio e vez ou outra um jornalão que chegava no interior com alguns dias de atraso, também era costume do povo Colorado se dedicar aos bons times, aos jogadores com envergadura para vestir a camisa alvirrubra, debater quem era o melhor jogador (ainda que com algumas blasfêmias, do tipo: “Mococa ou Falcão?”) e quem seria a próxima vítima do Colorado.

Times esquecíveis capitaneados por treinadores e dirigentes sofríveis nos tiraram um pouco desta presunção, que nunca foi boa em quantia, reconheço, mas perspicaz na medida certa. E isso fomenta a baboseira das redes sociais, criando personagens rasos e fúteis, afinal, se tem quem “produza” é por que existe quem “consome”.

Só que não podemos compactuar com a mentira e a desinformação. Muito menos deixar que nos façam de bobo. Ora, se as versões são muitas a verdade é sempre só uma.

Nem mesmo um borracho como eu me permitia beber qualquer coisa enquanto velava a chama da tradição do Rio Grande em meio a uma ronda crioula. Eram dias e dias naquela obrigação e ninguém reclamava. Aquilo sim era o orgulho de ser gaúcho e o vinte de setembro representava o marco da nossa virtude, nunca o “dia do gaúcho”. Aliás, esta nomenclatura atual deve ter partido da mesma mente que acha que nossos trajes são fantasia e não a pilcha, história e reverência. Quem se fantasia de gaúcho não é gaúcho e tampouco merece a consideração de quem quer que seja.

Quem se fantasia de Colorado não é Colorado e tampouco merece a consideração nossa, dessa nação que jamais se entrega.

E tradição é isso mesmo, reverenciar a história bruta, as rondas crioulas, a chama das virtudes caudilhas, as penhas do 35… o Rio Grande de sempre! O Internacional de sempre!

E viva o Rio Grande! E viva o Clube do Povo do Rio Grande do Sul!

 

CURTAS                                                                              

– Enquanto uns sofrem por jogadores pangarés, motivado por asseclas e seus “intere$$es”, eu comemoro os movimentos de compra dos bons jogadores, como Wandinho e Vitão;

– Rogério Ceni, filho de Colorado e por isso nossa tolerância, antes de querer tirar jogador do Internacional deve assegurar que terá um emprego na próxima temporada;

– Mano Menezes foi o “mal necessário” para o momento e, apesar das muitas ressalvas que tenho para com o mesmo, acerta a direção em renovar seu contrato. Basta de reset todo dezembro que chega;

– Ao contrário de muitos, acho um acerto renovar com o Moledo. Não só pelos serviços prestados, mas por aquilo que ainda pode proporcionar ao time. Quem quer sua dispensa esquece que já demonstrou, mais de uma vez em sua carreira, ser tipo uma fênix que ressurge das cinzas;

– Até mesmo um velho rude como eu se rende ao desfile em campo das nossas Gurias Coloradas. Estaremos com vocês no Gigante!

 

PERGUNTINHA

Mas, afinal, Falcão ou Mococa?

 

Falcão, é claro! Claríssimo, aliás. E viva a tradição de craques do nosso Celeiro!

PACHECO

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