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Não sei dizer o que consta na carteira de trabalho dos jogadores de futebol, mas desconfio que seja algo tipo “atleta profissional”. Concluo assim pois algum tempo atrás estava no Tabelionato de Canoas e tinha um jogador do Internacional por lá, coincidentemente, e quando perguntado sua profissão, lascou o “atleta profissional”. Acho uma nomenclatura justa para aquele jogador que nasceu pra ser bancário, entrar alguns minutos. Talvez para alguns outros sem muita sorte, tipo os laterais. Contudo, não é para o zagueiro, armador e, para o assunto de hoje, o centroavante.

Para um centroavante de verdade, tipo Claudiomiro (o melhor de todos), Geraldão, Nilson, Gerson, Fernandão, Nilmar, Damião e tantos outros, deveria aparecer na CTPS como profissão: CENTROAVANTE.

Como já referi aqui, infelizmente não logrei êxito na minha tentativa de ser um jogador de futebol profissional. O que não me impediu de seguir desfilando categoria nos campos e várzeas pelo Rio Grande afora. Modéstia a parte eu sempre tive intimidade com a bola; mais até que com minha prenda. Tínhamos um time operário para jogar campeonatos de final de semana. No interior do Rio Grande, estes torneios quase sempre estavam ligados às festas de padroeiros – festas de Igreja.

Funciona assim, pra quem daqui não conhece ou conheceu das coisas boas da vida: em cada rincão deste estado (provavelmente nos vizinhos também – todo Brasil, enfim) tem uma igreja, um salão paroquial do lado e um campo de futebol em condições duvidosas por perto. Uma vez por ano se faz uma festa com o intuito de homenagear o padroeiro (falácia, já que a maioria está preocupada com a festa e a igreja com o lucro da mesma).

Começa no sábado de manhã com um torneio de futebol, meia dia um churrasco dos melhores que eu já comi na vida, segue com as fases finais do torneio e ao cair da noite, a final com direito a troféu, medalha e volta olímpica. Depois tem um carreteiro pros noveneiros (explico outra hora) e um baile de fundamento pra fechar a noite em grande estilo. No domingo, fecha com uma nova churrascada de patrão e uma matinê (ou bailanta, ou domingueira – como queiram), geralmente animada pelo mesmo conjunto da noite anterior.

Feito a breve explicação, nosso time já estava no quinto torneio, mas sempre ficava pelo caminho. Tínhamos ido longe no Caí, mas não chegávamos á final. O Paulinho era um avante esforçado, mas baixinho não fazia gol naquelas zagas que arrancavam até os pensamentos de qualquer vivente. Na serra, num fim de janeiro, lembrei que podia fazer o time dar o pulo do gato convocando o Zé Fogaça pra assumir a camisa 9. Aquele homem tinha estrela: bastava olhar pra bola e era gol. Podia ser o cruzamento mais infame que sabe-se lá como, encontrava a cabeça do Fogaça e, advinha só, gol. O nosso time sobrou com aquela dúzia de gol do centroavante matador. Mas ainda assim era pegado e a decisão foi pros pênaltis. Eu abri a contagem e sabia que não podia ser outro a bater o pênalti derradeiro senão o homem gol. O Fogaça bateu o quinto e fez o gol do título, o mais importante da minha carreira.

Lembrei do Fogaça vendo o Alemão em campo. Aliás, fiz até trocadilho besta aqui quando do anúncio, não contra o Alemão, mas sim em face a idéia da diretoria. E agora estamos aí, em polvorosa, com os gols do nosso matador gaudério. Assim como o Alemão, vez ou outra, o Fogaça sequer conseguia dominar a bola direito, mas, quando tinha de estufar as redes, tal qual o nosso Alemão, não perdoava.

Moral da história do futebol em qualquer lugar que seja: quem tem centroavante de profissão, tem tudo!

E pra quem perguntar, terminei aquela noite com troféu, medalha e dançando a noite inteira num fandango em quantia animado pelo saudoso Porca Véia. Inesquecível.

 

CURTAS                                                                              

– Não sei onde vai parar, mas espero que a felicidade do Mano Menezes por aqui siga nos contagiando por muito tempo;

– Só que tem seus poréns: a disposição tática do time na Colômbia lembrou o time do Aguirre, que matou as valências de Renzo Saravia. Não à toa, Fabricio Bustos fez um jogo ruim;

– Wanderson me faz sonhar com os velhos pontas do Internacional. De Pena me faz lembrar jogadores que vieram sem pompa e jogaram o fino da bola. Lembrei agora, por exemplo, do Sandoval;

– Abel Braga pediu o boné agora pouco. Penso que já deveria estar em outro estágio da vida, mas é o Abelão, poxa, quem consegue vaiar um cara desses? Torcida Colorada está contigo, Abel!

 

PERGUNTINHA

Domingo é dia de ver o Gigante rugir. Já comprou teu ingresso Colorado(a)?

 

Vamo e vamo, Nação Colorada!

PACHECO

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