4.3
(13)

Se a memória não me trai, num passado recente tivemos uma única vez em que o título do campeonato gaúcho serviu de propulsão à uma campanha (quase) vitoriosa na sequência da temporada, isso no longínquo ano de 1997, ainda no século passado. Não é tão difícil aceitar, portanto, que o gauchão a rigor vale muito pouco, senão para que reste feito justamente o que acontece agora, ou seja, testar os jogadores em busca de um time titular, além das reposições imediatas. Tanto por isso é que não consigo fazer terra arrasada com o jogo de ontem, em que pese admita que não gostei do que vi, e ainda pudesse me agasalhar na genética: ao final do jogo mensagem do meu pai dava o ano já como perdido.

Mas fazer terra arrasada é simplório demais, convenhamos, ao menos para nós Colorados, depois de tudo que já passamos nos últimos anos. Ao menos, assim, tão rápido e fácil.

Como ia dizendo, não sou também um alienado: não gostei do que vi ontem; como também não em Novo Hamburgo e mesmo em Pelotas, embora o desconto ao gramado que parecia um potreiro. Aliás, não estamos apresentando bom futebol em praticamente todas as primeiras etapas dos últimos cinco jogos: saída em câmera lenta, muitos erros de passe e muitos buracos principalmente no setor de meio campo. Ademais, a produção ofensiva muito abaixo da média e, quando isso ocorre, precisa-se restar aperfeiçoada a pontaria, coisa que claramente não vimos. Ora, consagramos o médio goleiro adversário. Não gostei do que vi ontem; time burocrático, enfeitado por vezes e com aquela ideia de que a qualquer momento e quando desse vontade, faria o básico e ganharia o jogo. Não fez.

Na concepção tática, diferente das outras partidas, ontem não vi os laterais fechando por dentro enquanto os pontas abriam pelos flancos. Lembro, aliás, de uma jogada assim num ataque do Heitor (alguma dúvida que joga ele?), que pareceu muito mais coincidência que qualquer outra coisa. Por falar em lateral, Léo Borges não deve nada ao inominável, mas isso por si só não garante muito: precisamos dum lateral esquerdo titular. Disse aqui que Daniel precisava atuar com a defesa titular (ou próximo) para ser efetivamente avaliado. Pois bem. Penso que Daniel, apesar de quase não exigido, lembra o Lomba: inseguro e mosca morta. Quero estar errado, torço para que vire titular e faça eu morder a língua, mas ao certo é que passei a me preocupar com a questão goleiro do Inter. Admito que fico corneteando durante os jogos o Zé Gabriel, que ontem entregou 4 bolas que eu contei, mas pelo scout tem sido mais regular que o Cuesta. Outro que tem sido regular, a propósito, é Patrick: não joga nada há uns três jogos e pensa que é estrela.

Na estreia da noite, Palacios (versão jovem do Salvatore de “O Nome da Rosa”) mostrou a que veio com um passe sublime para o dorminhoco Edenilson que não fez o básico do básico; Thiago Galhardo também perdeu um gol imperdível; Guerrero ainda sem ritmo e embocadura; Yuri Alberto titular, logo; Caio também, até por falta de melhor peça neste momento; Maurício burocrático e desatento; Praxedes parecido e mais lento. A verdade é que falta um capitão de verdade dentro de campo. Alguém que chegue para o colega e diga, “quem sabe não faz isso de novo” ou “chuta a gol meu filho, coragem. Coragem!”.

Para finalizar, vamos combinar que o melhor do Inter em campo foi Rodrigo Lindoso, um maestro… Tá bom, minha piadinha de 1º de abril realmente foi de muito mau gosto. Tal qual Lindoso ainda vestindo a camisa do Internacional: parece mentira, mas não é.

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