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Confesso que quando cheguei em Porto Alegre, já na parte final da década de 1970, mesmo sendo uma Capital de outro tempo – que pouco ou quase nada ainda resta resguardada nos dias atuais – não tardou para eu ser meio que tomado por um pavor mental. Angustiante. Sufocante. Assustador.

Pavor do fracasso, de ficar sem o pouco que a rigor eu sequer tinha, afinal, era apenas um índio taura do interior com duas peças de roupas fora de moda numa velha mala de couro marrom. Pavor de ter de voltar pra fora com menos ainda daquela dignidade que tanto me orgulhava. Sim, ter honra era bem mais que uma virtude.

Orgulho é uma passo pernicioso pro fracasso, todavia, se mal utilizado.

Eu era bem xucro, e ainda que me considere até hoje um gauchão de fundo de campo, naquele tempo era muito pior, eis que  desconfiava de qualquer coisa que não vestia bombacha e usava chapéu.  Não foi nem uma e nem duas vezes que pensei em voltar e aceitar que meu mundo mesmo era outro. Que eu nasci pro mato e não pra civilização. Por sorte meu medo do fracasso era tão maior que do resto tudo, que fracassar não me parecia uma opção.

O orgulho não me permitiria fraquejar. Fiquei, insisti, caí e levantei, e se hoje não mais moro em Porto Alegre é porque já não pareço mais me adaptar a tudo aquilo que não tem mais na Capital e faz falta. Enfim, é por vontade própria.

Pensei nos pesadelos que tive com o fracasso, sempre acordado – naquele meu início de jornada, após mais um clássico de insucesso do Internacional. Não sei bem ao certo quando começou e em que encruzilhada o Colorado se perdeu, mas me parece que esse medo do fracasso de tal maneira penetrou nas entranhas do Clube, que vai e vem jogadores e seguimos com temor do normal, dum time comum, com ou sem centroavante europeu ou quer de onde tenha vindo. É algo muito maior do que realmente precisa ser, um respeito excessivo por quem nem merece e talvez nunca tenha merecido.

Porra é o Inter, porra! Onde foi parar o nosso orgulho?

Além da consciência de que fracassar não era uma opção pra mim, voltar pro meu rincão significava não mais ter a chance de frequentar o Beira Rio, aquele colosso para meus olhos e que me abraçou de tal forma que, até hoje, quando desponto ali na orla e enxergo o meu Gigante, dúvida eu não tenho de que estou chegando em casa.

Meu coração segue naquele fundão de campo, mas a alma seguiu em frente, buscou novas histórias para viver e contar.

Precisamos seguir em frente, construir uma nova história. Pra viver e contar. Não temos mais o time vencedor de 2006, ou o belo time de 2008 a 2010. Jamais teremos novamente o timaço da década de 1970. É verdade. Mas sabe o que não muda nunca? Continua sendo o Internacional o mesmo velho Internacional!

Que estes que nos governam, juntamente com os que entram em campo, tenham consciência do que representa vestir a camisa alvirrubra. Do orgulho que é usar do manto Colorado.

E como não me foi uma opção lá naquele tempo, para o Internacional fracassar igualmente jamais o será.

O orgulho de ser Colorado há de prevalecer. Pela glória!

 

CURTAS          

– Mano Menezes, que eu venho dizendo fazer má leitura durante o jogo, desta vez ainda escalou mal. Precisa, pois, ser cobrado pela falta de desempenho e repertório tático;

– Dizia o saudoso Dr. Ibsen Pinheiro que “mexe bem o treinador que escala mal”. Logo, não sei o que sobra para o nosso técnico;

– Mas ta faltando também vibração em campo, espírito de luta e garra. Muita. Começo, igualmente, a me preocupar com o preparo físico;

– Falhou o Keiller no primeiro gol, sim. Podia ter defendido também o segundo (mas aqui faltou leitura de jogo pra defesa também). A maldição da camisa 1 Colorada parece querer fazer mais uma vítima;

– Gostei da nova camisa e tenho alguma história para falar sobre isso. Quem sabe na próxima;

– Nos últimos 30 anos só dois goleiros da base efetivamente vingaram: André e Alisson;

– A diretoria que não faz flauta pois tem medo de sofrer de volta depois, sofre igual. Reiteradamente. Com a licença poética do Dr. Rui Barbosa, dirigente do internacional não é profissão para covardes;

– A ideia do fracasso parece imergir de dentro pra fora. Esqueçam isso e fiquem só com o orgulho que lhes garanto que chegaremos bem mais longe.

 

PERGUNTINHA

Agora (enfim) acabou o amor com Mano Menezes?

 

Ainda mais coragem, meu Povo Colorado! E orgulho do nosso Inter!

PACHECO

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