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Não lembro de ter lido no BV tamanha indignação contra a recusa do Inter em tentar, ao menos, ganhar a Primeira Liga (PL). Creio que nem a descida para a Série B gerou tanta manifestação, seja de repulsa seja de pontos de interrogação a respeito da falta de apetite demonstrada. Pode ser que a queda para a “B” fosse uma morte anunciada e os torcedores (nós, os simples mortais) já estivessemos com os olhos sem lágrimas para verter e sem forças para reagir (poesia trash é comigo mesmo).

Essa da PL não é caso isolado: todos sabem – até  as pedras pisadas do cais – que ganhar a Copa do Brasil é o caminho mais curto para chegar à Copa Libertadores, já que uma equipe somente disputa no máximo 14 partidas. O Grêmio já ganhou 5 vezes. O Inter há anos não quer nem tentar ganhar essa Copa.

A inapetência pelo título da PL pegou a todos de surpresa; dias antes anunciou-se um time reserva de baixa qualidade. Aí foi aquele desespero: mas como? Porque? De onde?  Para que?

Pois é: tudo isso mesmo e as perguntas seguem sem resposta. Duas conjecturas:

1ª Teoria da conspiração: os clubes se revoltaram (sei lá porque) e resolveram boicotar a PL: isso não pode ser verdade pois no sábado o Atlético Mineiro jogou contra o Paraná com todos os titulares.

2ª  O Inter não quer ganhar títulos: isso parece absurdo mas é o que ocorre. Explico pela vertente cultural:

Há muitos anos há um padrão de comportamento que não incentiva a competição. Salvo engano, isso apareceu por ocasião da possibilidade do Inter ser Bi do Mundo, quando ocorreu a “desmobilização programada”, pela qual inventou-se o “poupar” jogadores.

Todos sabemos que a repetição e repetição faz parte do processo de aprendizagem, e o “poupar” ao alijar jogadores do seu local de trabalho (o campo) os remete para outros lugares, onde vão dormir, transar, comprar roupas e carros, cortar e pintar cabelos, fazer tatuagens, por brincos nas orelhas, escrever no twiter, jogar Playstation e tudo isso recebendo generosos salários, pagos em dia, e ainda com o tal direito de imagem por aparecerem na loja de roupas, na revenda de carros, no cabeleireiro, no tatuador, na loja que vende os brinquedos eletrônicos.

Com isso a vida fica mais fácil para o jogador (e para qualquer um não é mesmo? Eu também iria gostar dessa vida mansa e seguro que você, raro leitor, idem); ter que voltar ao campo para treinar é um sacrifício e se ainda tive que competir, putz!, aí é uma merda.

O jogador não criou essa situação de desestímulo: ela é dita de forma implícita pelo abandono às competições. Também faz parte dessa renúncia alguém dizer que ao ir jogar duas partidas se vai em busca de “4 pontos”; como assim? Se entro em uma disputa quero ganhar e se estão em jogo 6 pontos, eu os quero na sua totalidade. A mensagem da inapetência já está semeada e em terreno fértil, do jogador que quer voltar logo para a indolência do dolce far niente e até cartão provoca para não jogar.

Vimos o lado do jogador mas ele é um empregado do clube e segue ordens de diretores. E esses?

Aqui parei, pensei, pensei (às vezes cometo isso) e, outro putz!, o que os motiva a desestimular os empregados? É como se um patrão da loja dissesse a todos que nela trabalham: “Hoje não quero que vendam nada”. Isso é possível? Claro que não. Então, porque o incentivo ao desânimo?

Nesse ponto só me ocorreu uma explicação e se alguém tiver outra, por favor, sinta-se à vontade para a expor. Eis o que penso:

Diretores de futebol (todos, do cabeça maior e dono até o reles preposto que dá a cara nas entrevistas) são parvos.

Parvo: substantivo masculino; indivíduo pouco inteligente; aquele que é tolo ou idiota. Poderia dizer burro mas sei que essa palavra é pesada e ofende o pobre animal que tanto labuta mas me refiro à pessoas burras. Para as caracterizar existem diversas formulações e umas bem humoradas estão nesse link, mesmo havendo  algumas que discordo: https://tinyurl.com/yay5xf79 .

Delas extraio uma característica da pessoa burra: a monomania. Essa alteração mental faz com que as pessoas tenham apenas uma única ideia e Mauro tratou disso no seu último post, quando citou a incapacidade de Guto em criar coisas novas durante a partida, chamando-o com a elegância que caracteriza seus textos de insuficiente.

Não creio que um treinador tenha tanto poder para ser insuficiente se quem manda nele também não o é. A monomania faz isso: reduz o campo mental e a pessoa só vê uma coisa. E no caso do Inter essa única coisa é a cultura de não competir, de ser pequeno para se ocultar.

A monomania é tão arraigada que até atenta para o que o pessoal do bar lá da esquina depois de entornar umas quantas chama de “vis interesses pessoais para locupletar-se”, numa linguagem bem popular. Explico de novo:

Dizem eles que o clube é um balcão de negócios. Ora, um negócio que pretenda vender algo precisa ter uma vitrine bonita, objetos (ou jogadores no caso) vistosos, chamativos, reluzentes. E isso se consegue expondo as mercadorias o maior tempo possível, comprando espaço publicitário em TVs e jornais.

Não é contratando influenciadores digitais que a mercadoria exposta, de má qualidade, irá se transformar em algo objeto de desejo. Esse pensamento é fruto da monomania.

Conjecturando que os amigos do bar da esquina possam ter razão, os que se negam a competir jogam contra o seu patrimônio, escondendo a mercadoria, se recusando a valorizá-la. Ao abdicar de competir e a até ousar ganhar algo são o que? Parvos monomaníacos, o que é uma redundância. E é na mão ou patas desse tipo de gente que o clube patina há anos, sem ganhar nada de relevante e pelo que vejo, vai seguir assim por um bom (ou mau) tempo, até que surja um lúcido messias para mudar o status quo, ou (penso pequeno também) que não seja tão obtuso como os seus antecessores.

No vídeo atentem para o animal que chega depois e só fica olhando (e talvez até sorrindo) os demais quebrarem a cara e aí resolve o problema. Mesmo sendo um burro, precisamos desse tipo.

Antes que alguém queira sugerir meu nome para isso já adianto: não tenho mais idade para tanto e por favor, não insistam. Além de que estou filiado ao MAG(*) e não ao MIG. Nem que quisesse chegaria lá.

(*) MAG: Movimento Airton Grande.

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