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Senta que lá vem textão!

 

Eu tenho um certa dificuldade em abordar alguns assuntos de forma carrancuda. Isso talvez seja herança da minha paixão pelos antigos programas de humor da RGT, aqueles dos anos 80 até meados da década de 90. Viva o gordo (meu favorito), Chico Anysio Show, Escolinha do Professor Raymundo, TV Pirata, os Trapalhões (trapalhões raiz, time completo, do “toco e me voy”), tantos… e, por fim, Casseta & Planeta.

Eu adorava o Casseta & Planeta, especialmente quando eles zoavam a novela que havia acabado de exibir o capitulo antes do programa deles. Gostava ainda mais quando aparecia a Maria Paula no tubo da TV. Possívelmente aquele emoji com baba escorrendo pelo canto da boca tenha sido inspirado em mim, adolescente, assistindo ao programa nos quadros em que ela aparecia mais provocante. Desse último programa, os mais antigos devem se lembrar das “organizações tabajara” e sua arqui-rival, as “Organizações Capivara”, do Seu Creysson. Isso tudo pra dizer que, as vezes, algumas ações de marketing do INTER parecem terem sido feitas por algum outro fã do programa… só que um outro perfil de doido, um maluco(a) que leve a falta se senso nos produtos a sério.

O marketing esportivo é uma ferramenta crucial para o sucesso financeiro de qualquer clube de futebol. É uma das formas que o caixa do clube consegue ter receitas recorrentes. No entanto, muitas equipes ainda não conseguem encontrar o equilíbrio certo entre a valorização do sócio torcedor e o retorno financeiro. Um exemplo disso é o próprio Sport Club Internacional.

Apesar de ser um dos principais times do país, o INTER ainda enfrenta dificuldades em encontrar formas de incentivar os torcedores a se tornarem sócios. O outrora invejável programa de sócio torcedor do clube parou no tempo por qualquer perspectiva que analisarmos, quer seja número de sócios, receitas ou modelo de gestão. Um dos principais problemas que levaram a essa situação é a falta de benefícios práticos e palpáveis para os torcedores. Além disso, muitas vezes os sócios são obrigados a aguentar um “zé pantufa”(1) qualquer ostentando na sua cara, enquanto que o valor da mensalidade faz falta no orçamento da maioria dos torcedores.

Para resolver esse problema, seria necessário criar um plano de lotar o Beira-Rio em dias de jogos de baixa demanda, com parcerias para facilitar o acesso. Isso envolveria toda uma experiência, onde os torcedores pudessem se sentir valorizados e reconhecidos. Adicionalmente, seria necessário criar programas de recompensa, brindes ou ações de reconhecimento para os sócios.

Infelizmente, o Sport Club Internacional não possui nenhum desses programas. Além disso, muitas vezes ser sócios, para quem mora longe de Porto Alegre, só vale a pena se tiver o sogro ou um cunhado mala e gremista. Isso é um grande problema, pois muitas vezes os torcedores não veem vantagem real em ser sócio.

Para que o Sport Club Internacional possa ter um modelo de sócio torcedor sustentável, é necessário pensar fora da “aldeia” (referindo-se a Porto Alegre – registre-se que eu odeio esse termo se referindo a POA) e se adaptar as mudanças no mundo. O modelo de incentivo no ingresso é muito pouco hoje em dia para ser chamado de modelo de negócios. É preciso encontrar maneiras de valorizar os torcedores e torná-los sócios de verdade, além de melhorar a experiência de assistir aos jogos no estádio.

Uma das ações que poderia ser implementada seria a criação de programas de recompensa para os sócios. Isso poderia incluir brindes exclusivos, como camisas autografadas, ingressos para jogos especiais ou acesso a áreas VIP no estádio. Além disso, seria interessante criar ações de reconhecimento para os sócios mais antigos ou aqueles que têm uma história de apoio ao clube.

Outra ação que poderia ser implementada é o sorteio de oportunidades exclusivas para os sócios, como a chance de bater um pênalti contra um goleiro reserva ou do sub-20 no intervalo do jogo. Isso poderia ser uma forma de envolver os torcedores e criar uma experiência única para eles.

Além disso, seria interessante criar programas de fidelidade para os sócios. Por exemplo, os sócios que participam de uma determinada quantidade de jogos por temporada poderiam ganhar benefícios exclusivos, como ingressos gratuitos para jogos futuros ou descontos em produtos licenciados do clube.

A alguns anos atrás eu já mandei algumas sugestões para pessoas chave no Sport Club Internacional, incluindo o plano de lotar o Beira-Rio em dias de jogos de baixa demanda, com parcerias para facilitar o acesso e outras ações que mencionei. Infelizmente, até agora, não tive nenhuma resposta positiva (mesmo passados 10 anos!). Espero que essas ideias possam ser consideradas no futuro, pois acredito que elas seriam valiosas para melhorar a relação do sócio torcedor com o time e, em consequência disso, o retorno financeiro do clube.

Notas:

(1) “zé pantufa”: jogador de recursos técnicos e/ou relação “custo x benefício” esportivo contestáveis que, apesar disso, recebe um alto salário pago pelo clube, dinheiro esse extraído diretamente do  couro do torcedor. Não se engane dirigente, até as cotas que TV são fruto do potencial comercial e financeiro da torcida. Capicci?

 

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