4.9
(22)

Lá onde eu morava tinha uma escola onde todos estudavam. Era a única, também, naquela bucólica vila. Mas um vilarejo aquela altura do caminho, bastante próspero: uma empresa grande que empregava o povo, posto de combustível ainda que um ou outro tivesse carro e até farmácia. Havia também uma professora que se destacava: a Dona Wanda. Uma mulher pomposa, sempre muito bem vestida, cabelo imponente e sua maior glória que era saber dirigir. As mulheres tinham nela um exemplo e, uma ponta de inveja, obviamente. Não demorou muito para a Professora Wanda deixar a vila e tomar o rumo da cidade grande. Pouco antes do começo da derrocada daquela vila que não tardou para ficar marcada na história apenas por ser bucólica mesmo.

Já disse por aqui que na década de 1990 o principal atrativo dos finais de semana era assistir futebol europeu na Bandeirantes. Não recordo bem se passava o Holandesão com certa frequência, porém recordo de ver e ouvir o nome dum atacante que fazia grande sucesso por lá: Wamberto. Era um jogador agudo, que partia pra cima e com muita habilidade nas pernas. Salvo engano, mais pro fim da carreira, dada sua elevada capacidade cognitiva aliada à técnica, passou a jogar como um meia armador. Creio até ter visto entrevista dele, certa feita, dizendo se sentir muito à vontade como camisa 10.

Vejam que tanto a Professora Wanda quanto o jogador de futebol Wamberto tem algo em comum: se destacavam nos confins das suas origens (ela naquela vila e ele no Maranhão), mas precisaram sair de lá para ter seus efetivos reconhecimentos. Na história, a professora Wanda acabaria sendo lembrada muito mais pelo seu cabelo com lake do que por sua qualidade como mestra; já Wamberto, num estado que não aconteceu para o futebol no Brasil, talvez fosse hoje mais conhecido pelo que poderia ter sido ou como pai do Wanderson. O certo é que ambos tiveram de seguir em frente para que seus talentos fossem realmente reconhecidos.

Pois o Brasil agora reconhece o talento de Wanderson. Jogador bom de bola, uma atacante de lado que possui uma habilidade nas pernas que há muito não via. Me lembra alguns ponteiros que passaram do Gigante da Beira Rio, porém muito mais habilidoso que a maioria. Sua capacidade cognitiva de antever as jogadas só não está consagrando ainda os companheiros de ataque, pois justamente a inteligência é o que falta aos parceiros. Todavia, Wanderson compensa com seu talento, pega a bola e vai pra cima, olha pra frente, chega defronte para o gol e arrisca a consagração.

Consagração. Tá aí o que falta para a maioria dos nossos jogadores hoje. O ímpeto da consagração. Ficar marcado pra sempre na história e nunca mais andar na rua sem ser reconhecido e vangloriado. Falta-lhes o ímpeto da consagração. Seja do gol, da vitória, das taças…

Quem sabe o Wanderson um dia até vire um camisa 10 como seu pai o fez no fim da carreira. Mas não agora. Agora desfrutemos, nós os Colorados, desta que, sem medo de errar, é a melhor contratação desta gestão. E que muito antes da 10, Wanderson consiga mesmo se consagrar com a camisa 11 Colorada, como um ponteiro à moda antiga, que deita e rola sobre o adversário.

Coincidência, todos começam com a letra W: de work (trabalhar), want (querer) e win (vencer). Perdoem-me meu inglês arcaico.

Dona Wanda se foi e fez sua glória; Wamberto se foi e fez sua glória; Wanderson se foi (deixou os confins onde estava) e, queiram os deuses, que faça sua glória por aqui, com a camisa alvirrubra.

E se for este seu destino, nós Colorados estamos preparados para chegarmos juntos à sua consagração.

 

CURTAS                                                                              

– Mano Menezes já venceu sua primeira em casa, tirou a nhaca do corpo. Pois bem. Agora falta tirar a nhaca do Dourado do time;

– Se a ideia era ter o camisa 13 para melhorar a bola aérea, hora de virar o disco: bola sobrevoando a área defensiva do Inter é um pavor;

– Liziero é um volante que vai com o pé mole pras divididas. Volante que joga com o pé mole não serve ao Colorado;

– Basta apenas um lateral médio (Renê) para escancarar a ruindade do Moisés. Desencantaram até o Heitor. Tirem as crianças da sala;

– Maurício me traz esperança. Espero que não fique só nela.

 

PERGUNTINHA

 

Internacional deve ser o time que mais cria escanteios a seu favor no Brasil e no mundo. Pra quê?

 

Consagrai-vos, Coloradagem!

PACHECO

How useful was this post?

Click on a star to rate it!

As you found this post useful...

Follow us on social media!