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Comecei minha trajetória aqui falando que sou cria do interior. Foi o pó do chão batido das estradas que moldou meu caráter. Pois eu era guri de calça curta quando papai passou a me mandar buscar os mantimentos na venda do povoado perto da nossa querência. Em alguns lugares chamavam de bodega. Eu sempre gostei muito mais do nome bolicho, um termo meio missioneiro e meio fronteiriço. Da Campanha!

No bolicho tinha de tudo e mais um pouco: de lingüiça ao fumo; da canha boa às fazendas pra mamãe. Tinha todo tipo de gente, também: os bons de charla, os que só ouviam. Tinha os valentes, os decentes, mas também os à toa: teatinos e malacaras.

Pensei nisso quando passei a acompanhar as investidas da politicagem do Internacional no rádio essa semana. Sei que nuns vídeos da internet também. Desfilaram razão e sabedoria, criaram crise e meteram lenha no fogo das angústias atuais do nosso Colorado. Por um momento achei que quem tava na segunda divisão não era os do lado de lá… mas nós!

Vem, cá, alguém me ajuda aqui que o véinho já anda se entregando: ganharam o que para dar palpite agora? Eu sei que temos muitos problemas e que nosso Presidente prometeu bastante e vem cumprindo muito pouco. O passo maior que a perna lembra eu quando tirava a prenda mais linda do fandango para dançar, logo eu que nem sabia se ia ter os pilas pra condução de volta pra casa. Meu risco, contudo, era um namorado abichornado ou um pai furioso. Presidir o Internacional são outros 500. Tem muitos erros, porém, parece querer acertar.

Ou quero me iludir, afinal, todo velho é iludido.

Eu, por exemplo, presto atenção no que Fernando Carvalho diz; véio presta atenção em véio. Posso discordar e  até me irritar com a conversa dele, mas Carvalho tem faixa no peito e não alcançou elas por acaso. Ele não é dono da verdade, óbvio, contudo eu também não sou. Nem ninguém daqui é. A história de que futebol é dinâmico, que a verdade de hoje é a mentira de amanhã, pode até parecer clichê, mas errado não está. Toda moeda tem seus dois lados.

Mas os outros, que moral tem pra ficar achando isso e aquilo? Gente à toa que não ganhou nada, nada mesmo, endividou o Clube, contratou um monte de bicheira e por aí vai. Hipócritas!  Só que a culpa é nossa também. Nada nunca está bom, tudo é motivo para teses e mais teses, todos somos donos da verdade, mas nenhum de nós está lá dentro. Ser pedra é sempre bem mais fácil que ser vidraça. Para piorar andamos acreditando em qualquer gaiato.

Sobre o greNAL de sábado, já digo que greNAL não se joga, se ganha. Pouco me importa a escalação que vai entrar em campo, ganhando está bom e é obrigação, porque greNAL se ganha!

Vos digo que o Internacional é um grande bolicho e eu um borracho que estou nessa só pelo que se tem de melhor… Depois da vitória, comigo já no deleite do momo, nada mais me faria tão feliz por completo que uma canha boa daquelas, dos velhos tempos, servida pelo bolicheiro.

 

CURTAS                                                                              

– Medina tem se agarrado na tática do padeiro: se defende em bolo; ataca em massa. Vai acabar escorregando na farinha;

– Rodrigo Dourado é ex jogador. Boschilia troteia ao mesmo destino. Victor Cuesta é o legítimo bonitinho, mas ordinário;

– Se a forma redonda do Palácios é de atleta, me sinto apto a pegar a centroavancia do Internacional. Sempre fui matador.

– Os treinos às 17h para os alecrins dourados me fazem lembrar do tempo que eu passava as tardes no chinaredo da Terezona, em algum lugar do Rio Grande. Memoráveis!

 

PERGUNTINHA

Barcellos parece querer acertar. Querer é poder? Ele tem esse poder?

 

Vamo, vamo Colorados!

PACHECO

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