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Essa história de missão impossível geralmente é desculpa de quem ou tem medo ou nem tentou. Nada é impossível nesta vida. Ao menos desde que descobriram o piquete, a pólvora e a vaselina, dizem os até mais antigos do que eu. Então a conversa de que voltar com um ponto do Paraná é bom negócio, que o gramado sintético é isso ou aquilo, não me convence. Desculpem. Vi e vivi bastante coisa e quanto mais idoso (que palavra sem vergonha) fico, estou ainda com maior intensidade desconfiado.

Aliás, sempre desconfiem quando a resposta é não.  O nunca é pior, já que nem existe.

Certa feita, quando eu ainda tinha condições de tocar as próprias pernas, jogávamos com certa freqüência numa quadra de futebol sintético em São Leopoldo. Talvez fosse até em Novo Hamburgo. O certo é que sequer sei mais ir até lá hoje em dia. Ficou uma turma boa, jogadores de futebol aposentados apesar da tenra idade (nasceram aposentados para a bola, convenhamos), quase ninguém era fominha ou se destacava e estavam lá, assim como eu, para queimar uma graxa: a do corpo e da costela que vinha de lambuja logo depois.

Aliás, era sempre costela. Em que pese eu seja daqueles que julgue que a costela é (ou foi) a carne mais saborosa do nosso churrasco, reconheço que a falta de criatividade por vezes incomodava até eu que raramente me incomodava com alguma coisa naquele tempo. Se bem que aquelas borrachinhas para imitar terra e que entravam em todos os orifícios do corpo também eram um porre. Isso naquele tempo, agora a grama sintética evoluiu e a terra sintética também. Dizem que já criam até minhoca.

Mas tinha uma exceção na parceria da ruindade: um jovem bom de bola, camisa 10, chutava com os dois pés. Sobrava em meio aquele monte de osso, banha e trago que éramos nós. Um guri gente boa, mas que era fominha demais. Quando aparecia nos nossos jogos a coisa até perdia a graça. Por fim, já estávamos é passando vergonha perto do que ele fazia com duas pernas, enquanto o resto tudo mal consegui fazer com vinte. Fazia gol de longe, de perto, de bola parada… era o diabo. Não faço idéia qual era o seu nome, todos chamavam de Piu. Ele não perdia gol massacrando a gente. Piava de galo (misericórdia!).

Num dos últimos jogos que fui, antes de minha derradeira lesão de joelho que praticamente encerrou minha (nada) promissora carreira no futebol, fui atacar no gol. Eu quando estava inspirado a jogar de goleiro parecia o grande Manga com dedo quebrado: pegava tudo. E aquela minha epopéia estava nos dando uma improvável vitória contra o time do Piu, num 1×0 chorado tipo o gol do Moisés aos 49:45 no último jogo, também improvável à luz da razão. Quando então surge um pênalti mandraque apitado pelo soprador que pagávamos para nos gatunar sábado após sábado. Das poucas vezes que eu fui pra um briga sóbrio, dessa vez eu só quase fui. Não podia ser expulso, pois ainda tinha um pênalti para pegar. E eu tinha certeza que pegaria.

O Piu se posicionou para bater de direita, tomou razoável distância da bola e meteu um foguetaço, no meu canto esquerdo, meia altura pra menos. Eu não vi nada, apenas senti algo parecido com um coice de mula no meio do peito e quando recobrei a consciência, tinha a bola encaixada em meus braços. Pela primeira vez alguém defendia um pênalti do guri e vencia o seu time. Talvez até a única, mas sim, aconteceu e ficou para a história.

Então, Sport Club Internacional, se eu consegui a façanha tu também consegue, enfim, quebrar esta malfadada escrita. Vai lá para vencer, vence e ponto final. E assim como até hoje eu sinto o coice que a bola me deu naquela defesa, o sentimento da vitória, com grama sintética e o raio que o parta, não esqueceremos tão cedo.

Vai lá e vence Colorado. É só querer que assim será!

 

CURTAS                                                                              

– Esta última vitória contou com uma dose generosa de sorte, vamos combinar. Mas time algum também ganha alguma coisa montado no azar;

– Nosso novo camisa 8 depois da primeira partida deve ter sentido a adaptação: se escondeu do jogo;

– Há quem tenha visto evolução no “futebol” do Heitor. Eu vi outro jogo, pois. Ademais, aquela pança de chopp não engana um borracho que nem eu;

– Conheci um vendedor de cd pirata certa feita, gente boa, com a alcunha infame de Vigarista. Só em nome de sua memória é que vou parar de chamar o Caio Vidal de vigário da bola. Não nasceu pra coisa, em verdade;

– O mês de julho vai definir qual a pretensão do Internacional neste Campeonato Brasileiro;

– Já está virando humilhação: por favor, um centroavante! Afirmado, afamado e incontestável!

 

PERGUNTINHA

Se estamos em terceiro sem centroavante, quem vai nos parar com um matador?

 

Se ‘atraquemo’ tipo bicho na ilusão, Nação Colorada!

PACHECO

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