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Fui ao Beira-Rio ver a estreia dos titulares no esquema do novo treinador, e foi um pouco mais animadora que a estreia do time reserva, embora muito parecida.

Sim, o time de Coudet é extremamente legível, compreensível, e muito diferente do que era em anos anteriores.

Visível o trabalho do treinador, pois times jogaram da mesma forma, com a mesma disciplina tática, com mudanças apenas pelas características dos jogadores e pelo desempenho individual. Também ficou nítido o trabalho em jogadas ensaiadas, nos escanteios onde se viu com mais clareza.

Não vimos ainda uma intensidade de marcação alta em bloco, a marcação na saída de bola existiu, mas em nenhum dos jogos foi com alta intensidade, e o time joga mais adiantado, talvez por não ter sido atacado, mas a ideia é bem clara de diminuir o campo, algo que se vê muito no futebol inglês.

Do estádio, ficou fácil de ver uma linha adiantada de cinco jogadores projetados no ataque, com os dois laterais formando essa linha. A saída de bola em losango, com dois zagueiros, um volante, e um meia ou volante na frente deste vórtice do meio. O que me incomodou um pouco foi a falta de movimentação tanto do ataque como dos meias, por vezes deixando o meia/volante com poucas opções e um pouco encurralado.

Nesse esquema, com troca de passes e bola girando, fica evidente a limitação de alguns jogadores, como Moledo, que tem dificuldades ou medo de qualquer outro tipo de passe que não seja o lateral sem ninguém na frente. Lomba é muito fraco e nervoso com a bola no pé, e Patrick é outro jogador que tem muita dificuldade no jogo com passes, sejam curtos, sejam longos, e segue desarmado com frequência e facilidade. Essa função do meia/volante mais adiantado é a principal do time na saída de bola; coube à Nonato no primeiro jogo, e não foi bem executada, e coube à Jonnhy no segundo, que entendeu o que Nonato não entendeu, mas também teve certa dificuldade na execução, talvez pela falta de aproximação dos meias, adiantados na linha de cinco. Lindoso, nos dois jogos, foi quem melhor executou a tarefa, em ambos com Musto no primeiro vórtice.

Em ambos os jogos o teste foi prejudicado pela falta de ataque do adversário, deixando o Inter com a posse de bola no maior tempo possível. Claramente a ideia de descansar com a bola está sendo implementada, mais ainda falta o cansar da intensidade, que, acredito, só virá com a melhora da forma física.

Individualmente, Lomba foi Lomba, com uma defesa excepcional, de puro reflexo, mas que exigiu muito boa forma, e uma falha no seu ponto fraco constante, a bola aérea, além da dificuldade da bola com os pés.

Rodinei mostrou suas dificuldades no trato com a bola, tanto no domínio quanto no passe, e acho que não fica como titular. Moledo é força e velocidade, mas será a saída de bola do Inter, quando o adversário marcar Cuesta e Musto, por isso precisa aprimorar os passes com um grau de dificuldade um pouco maior.

Cuesta segue impecável, e ganhou a companhia de um lateral que marca e avança, com força física e velocidade. Moisés foi a melhor estreia até o momento.

Lindoso apanhou na função nova, mas foi muito bem na companhia de Musto, devendo assumir essa função como titular. Jonnhy também sofreu com a nova função e toda a carga que ela exige, mas mostrou personalidade e técnica; é um jogador a ser trabalhado, pois tem vitórias pessoais importantes na saída de bola, apenas não foi uma estreia de luxo.

Edenilson segue imprescindível ao time, pela velocidade e pelo entendimento com o resto. Está em vários locais do campo e é versátil. Mostrou qualidade e frieza no gol. Patrick não mostrou nada disso, apenas força e tentativas individuais, alguma bem sucedidas, mas não funciona no jogo coletivo que exige movimentação e passes. Joga em um local perigoso para quem sofre tantos desarmes.

D’Alessandro foi o nome do jogo, com duas assistências, uma magistral, e um gol de falta. Sei que muitos dirão que é gauchão e o Pelotas foi um adversário fraco; ainda assim, não são números para desprezar. D’Ale terá que mudar sua movimentação, porque antes era isolado no ataque, retinha a bola para a chegada dos demais, mas agora os demais já estão lá, pela postura mais avançada do time, e terá que ser mais rápido na distribuição, além de olhar mais para o campo todo. Quando fez isso, achou Edenilson, mas os laterais bem avançados foram uma opção pouco utilizada para quem tem, ainda, um excelente passe longo. Não sou a favor de D’Ale no time titular porque acho que tem contribuído pouco, mas ontem foi a figura principal do time com participação direta nos três gols.

Guerrero foi Guerrero, não é o atacante dos meus sonhos, ainda mais com D’Ale como dupla, ainda o acho pouco participativo, mas é definidor nato e prende zagueiros como poucos atacantes.

O ingresso de Marcos Guilherme mostrou que vai incomodar, e espero que incomode Patrick, pois foi de intensa movimentação, buscando a bola e se apresentado para o jogo do meio para a frente em diversos locais do campo. Antes, nosso time tinha apenas D’Ale com liberdade de se movimentar, e os demais todos ocupavam uma faixa restrita do campo, talvez com exceção de Nico, às vezes. O time ainda joga dessa forma, mas M. Guilherme mostra que é possível se movimentar fora de sua faixa pré determinada, e como isso dá maior dinâmica ao jogo. Espero que os outros aprendam e executem essa movimentação maior.

Galhardo não teve tempo para ser avaliado, e o jogo estava decidido num anoitecer quente e abafado, mas é jogador a ser observado.

Coudet, em pouco tempo, deu uma cara ao time, e uma cara diferente. Vamos lembrar que o time reserva de Odair meteu três no Galo, jogando de forma totalmente diferente do titular, e uma vez só. Os dois times de Coudet jogaram igual e já se viu jogadas ensaiadas muito bem executadas. A postura do time, ofensivo, ainda sem muita intensidade, se repetiu e todos entenderam suas funções, talvez com exceção de Nonato. Enfim, temos treinador.

 

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