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O jogo de ontem mostrou evidente recuo de Odair, em vários pontos, alguns bons, outros nem tanto, outros repetindo os mesmos erros recentes.

O primeiro recuo foi no sistema tático, Odair voltou a utilizar o 4141, alinhando um meio com Edenílson e Nonato, e os extremas Neilton e Pottker, deixando a proteção com Dourado e o ataque com Pedro José.

O segundo recuo foi a presença de D’Alessandro, e isso merecerá atenção maior na sequência do texto. Não dá pra dizer que Uendel é um recuo também, mais possivelmente a ideia tenha sido poupar Iago, o que mais jogou no time esse ano.

O terceiro parece ser o ingresso dos mais jovens, tanto pela presença de Nonato, como por Pedro Lucas começar jogando. E, dessa vez, nenhum deles saiu no intervalo.

Com essa nova formatação, Edenilson ganhou mais liberdade e o meio ficou mais compacto. No entanto, o buraco no lado esquerdo, mesmo com a troca de jogadores, mostra que o erro é de posicionamento tático, coisa de treinador, e não particularmente do Iago, Neilton, Patrick ou quem por ali atuar. Odair não conseguiu corrigir essa falha, mesmo com Nonato ou Edenilson, e não parece saber como fazer.

A opção por um meia com característica defensiva, como é Nonato, mas com bastante vitalidade e movimentação, deu ânimo novo ao time, que começou com a tradicional bola para trás, para em seguida tentar uma pressão maior. Odair voltou ao esquema dos três volantes e três atacantes, com pouca ligação pelo meio e pouca posse de bola, com a diferença que Nonato circulou mais pelo campo, não se restringindo à faixa esquerda. Isso deu mais agilidade ao time, e até Dourado arriscou mais.

Pedro Lucas iniciou com uma arrancada excelente, mas ficou nisso, até mesmo porque o gol veio cedo, e o fatídico recuo novamente ocorreu. O Inter não era melhor na partida, o Caxias equilibrava o jogo com o toque de bola sem objetividade, aproveitando a avenida no lado esquerdo da defesa do Inter, por onde se apresentou 3 vezes com perigo, mas foi Pottker quem fez o gol, em uma jogada que deu errado no início, mas terminou no gol. Pottker sofre a falta no segundo gol, mas fez só isso.

Sei que para muitos o gol é muito, mas sempre penso como poderia ser, e penso que Pottker é um estorvo ao time, ainda que consiga algumas poucas boas jogadas e mostre um pouco de dedicação. Penso que o time renderia mais, coletivamente, sem ele, mas é o novo dono do time, joga machucado, na  posição que quer e sempre faz a mesma coisa.

Nisso, Neilton fica bem desconfortável aberto pela esquerda. Não lembro se alguma vez jogou assim, mas além da jogada do segundo gol contra o Juventude, pouco fez por ali, exceto lampejos de dribles. Lembro dele jogando pelo meio, não tão aberto, e com mais liberdade nas diagonais. Ali, parece um desperdício, tal como quando prendíamos  Nico até dois metros da linha lateral pela direita; mas ainda é um jogador que merece mais observação.

Zeca segue com a maldição da lateral direita. No gol, para no meio do caminho e deixa o atacante da serra livre. Não acertou cruzamentos e não se entende com Pottker ou Edenilson. Entendo não se entender com Pottker, mas não está bem na marcação ou apoio, e ainda levou um drible de corpo no meio campo que foi constrangedor. Moledo também, logo nos primeiros minutos, leva um drible quase infantil pela esquerda da zaga do Inter. Isso é preocupante.

Voltando ao recuo depois do gol, essa é uma constante das atuações do time, aliada, ou causada, pela dificuldade de se impor aos adversários. O Inter até controla o jogo, mas com passes entre os zagueiros e laterais, não há volume de jogo no campo adversário, e são poucas as chances de gol. Sim, não é para esperar muito de um meio com dificuldades de reter a bola, e de atacantes verticais que primam apenas pela velocidade. O modelo que Odair voltou a implementar é esse.

Nonato foi bem, muito bem, considerando ser o primeiro jogo, com quem nunca jogou, provavelmente em uma posição que nunca jogou. Parece ser bem versátil, tem bom domínio de bola, e um certo gosto por estar perto da área adversária. Acho que pode evoluir, mas acredito muito pouco que terá essa chance.

A ausência de D’Ale é sintomática. O time não vinha bem, e mudar o esquema com a mudança de jogadores significa também não eleger um culpado  pelo mau desempenho. Preocupante foi que o argentino entrou no jogo sem ânimo nenhum. O que sempre destaquei em D’Alessandro foi sua entrega em jogo, correr o quanto conseguia e não desistir. Fiquei com a impressão de um jogador desinteressado, que apenas acendeu quando teve a briga. Antes, em um ataque do Caxias, trotou, quase caminhando, para marcação.

Odair também teve sorte em suas modificações. Sacou o cansado Nonato e colocou o vaiado Patrick, que jogou bem acomodado até fazer o  gol, também com muita sorte. Patrick, antes, desviou uma falta de Sobis e uma maneira pouco explicável. Sobis ingressou no lugar do isolado Pedro Lucas e foi a tábua de salvação do time. Primeiro, porque chuta, e, depois, porque assumiu a cobrança das faltas, e, na que resultou no gol, coloca onde o goleiro não alcança. Há muito não fazemos isso.

Mas o time engatinha, não tem estrutura nem tampouco estatura de time. Essa nova tentativa de reviver o esquema do primeiro semestre do ano passado, com jogadores diferentes, é um sintoma de como Odair está perdido. Sarrafiore e Richard, os dois guris habilidosos de quem se fala, ainda não tiveram 90 minutos ou uma partida com mais de meio time titular. As laterais oferecem pouco aproveitamento no apoio, falando de Iago, ou nenhuma presença na frente, na direita,  com Bruno ou Zeca.

O meio tem uma dificuldade muito grande para buscar a bola, e problemas sérios de o que fazer com ela, e nossos atacantes pelos lados só pensam em seguir em linha reta e cruzar a bola para um companheiro cercado de defensores. Enfim, muito para se corrigir em pouco tempo, com a sensação de que o que foi feito já foi descartado.

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