Mauro Loch

PORQUE D’ALESSANDRO DEVE SAIR

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Infelizmente, esse momento já passou, mas, como não foi aproveitado corretamente, não foi planejado, que seja agora.

Já disse inúmeras vezes, sou fã do argentino, e acho que foi um dos jogadores mais importantes do clube. Ninguém passa 11 anos no time impunemente, e todos lembrarão de momentos ruins, só que D’Alessandro representa muito nesse tempo de clube.

Primeiro, porque ficou 11 anos, e isso é muito raro hoje em dia; mas o motivo principal é que foi referência nesse tempo todo. Era o Inter de D’Alessandro. E são poucos os jogadores no mundo que tem uma jogada com nome, como é o drible “la boba”, com um altíssimo percentual de acerto no 1×1.

Entretanto, nada dura para sempre, ainda mais no futebol. Por mais que D’Alessandro tenha ideias modernas aprendidas no curso de treinador na Argentina, por mais que ele tenha técnica apurada que não se vê nos outros jogadores, e, meu ponto principal, por mais que se movimente como nenhum outro jogador do Inter, esta deve ser a última temporada dele em campo.

Não acredito em renovação do contrato, pois não há mais preparo físico que sustente a necessidade de competitividade do futebol atual, ainda mais nessa posição. Ainda que se cogite o ingresso em pouco tempo de jogo, como aconteceu algumas vezes no River, não acho que D’Ale tenha essa utilidade, e seu nome implicará a referência que sempre foi, acomodando os demais, como se ele resolvesse todos os jogos pelo jogador que foi.

Nem fora de campo. É hora de o Inter prestar todas as homenagens e cortar o cordão umbilical, deixar de depender do nome, encerrar o ciclo.

Isso porque é inegável que D’Alessandro carrega a admiração de uma boa parte da torcida, entre os que me incluo, e é um ponto importante para a sequência do necessário crescimento do Inter, e também para afastar qualquer tipo de comparação, ou de tentar copiar um modelo de jogo com ele em campo.

A primeira opção sempre seria um clone do D’Alessandro, e a proximidade dele reforçaria essa ideia, essa péssima ideia.

Ciclos se encerram, é o primeiro jogador que esta nova geração de torcedores viu ficar tanto tempo, viu ser citado tanto tempo, e é natural que siga como referência, mas isso tem que ficar na torcida, no imaginário do torcedor, não como assistente do treinador, não em qualquer função no clube, ou o ciclo não se encerra.

O jogo de ontem serviu para isso, ilustração perfeita de que D’Alessandro não é mais aquele jogador absolutamente decisivo, mas que o time ainda depende dele. O domínio do jogo tinha que resultar em gols, e não faltaram chances, mas o Inter está quase, faltando um pouco de força, técnica, coragem, explosão, tudo misturado. Ao Inter falta tudo o que D’Alessandro foi um dia, mas não é mais, é quase o mesmo.

Disse algumas vezes que o Inter precisava fazer a transição para o encerramento do ciclo. Não fez. Teve oportunidades, mas não fez, faltou coragem aos treinadores, faltou coragem aos dirigentes, faltou grandeza entre os jogadores.

Por isso é hora de romper o vínculo, mesmo que de forma abrupta.

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