3.3
(17)

Sim, perdemos, 3×0, mas temos que separar o joio do trigo.

Vi manifestações na imprensa sobre nó tático e técnico, banho de bola, e também que a arbitragem não teria sido decisiva.

A primeira impressão, pra quem não assistiu ao jogo, é que 3×0 foi placar consagrador. Mas só o placar.

Consegui assistir ao primeiro tempo, e o segundo, vi apenas o compacto estendido. Mas o jogo foi decidido no primeiro tempo e na arbitragem. Depois da expulsão, pouca coisa se tem para analisar.

O Inter levou dois gols em falhas individuais, até bisonhas. Uma, de quem não tem falhado, e tem sido nosso melhor zagueiro. Foi uma falha grave, tanto de posicionamento como técnica. Kaique foi afoito pra frente. Mas achei falha também de Cuesta, no posicionamento, muito para a esquerda. O segundo gol foi falha novamente de Cuesta, em rebatida mal feita em todos os sentidos. Aliás, Cuesta fez um péssimo jogo, errando o posicionamento em quase todas as pouquíssimas jogadas do rival. É dele a rebatida absurda que gerou o pênalti.

Daniel virou alvo da imprensa. A bola era defensável. Básico, se tocou, era defensável. Mas Daniel não pode ser contestado, exceto se seguir falhando, e foi muito bem nos lances seguintes. E não foi pênalti. Daniel se posiciona, quem provoca o choque é Elias, mas tivemos um árbitro mal intencionado desde o início.

Na própria expulsão de PV, quem entra com o pé por cima é Campaz, e não PV. PV exagerou, mas quando Rodrigues acertou Taison sem bola, foi amarelo.

Mal intencionado porque no chute de Maurício, antes do primeiro gol, a bola bate claramente no braço de Rodrigues, ao lado do corpo, mas não grudado, com as mãos para trás. VAR não poderia interferir, mas Jean Pierre viu, e não marcou. PV poderia ter recebido amarelo, e o pênalti não marcado em Edenílson foi absolutamente decisivo, pois no momento em que o Inter reagia, já com duas chances em falha do Breno.

Se avaliarmos um pênalti e o placar, de 3×0, até se pode pensar em não interferência, mas um pênalti não marcado aos 12 do segundo tempo, com 2×0 e pressão total, é decisivo sim, mais que pênalti no primeiro tempo com 0x0.

Depois, o pênalti marcado, a uma distância absurda, com total convicção. Aliás, todos os jogadores do rival se atiravam no chão em qualquer falta, ou mesmo sem faltas. Já nossos jogadores por vezes sequer caíam, como PV, ao receber a sola de Campaz.

Dito sobre arbitragem, vamos ao nó tático.

O dia em que jogar no 541 for nó tático, teremos que enaltecer todos os treinadores dos times médios da Inglaterra. É um jogo covarde, uma retranca, que pode funcionar. Chelsea de Drogba ganhou do melhor Barça assim, o próprio rival só levou 1 do Real assim. Esse ano, acho, Liverpool levou 4, com 75% de posse de bola, e não falta qualidade ao Liverpool.

Dá pra ganhar jogos assim? Claro, Odair que o diga. Títulos? Não, exceto se for numa final, mas ninguém chega em uma final de torneio jogando sempre assim.

Então é possível dizer que Roger ganhou o clássico colocando o time na defesa, retranca, e esperando o erro do Inter. Daí dizer que houve ganho tático, é má-fé.

Neste quesito, aliás, é bem importante observarmos como nossos jogadores são contestados, mas não os que deveriam. Caio, na transmissão, foi o único que falou que Edenílson não rende onde quer jogar, e o narrador falou de Cuesta. Aqui, falam de Daniel e Medina.

O jogo foi repetição, até a expulsão, do primeiro grenal. O rival jogou melhor que o anterior, mais posicionado, com uma linha de 5 atrás de uma linha de 4, esporadicamente Elias mais avançado, no 442. Mas Elias, primordialmente, marcou Bustos, Campaz marcava PV, e Lucas Silva acompanhava Taison. Quando o Inter fez isso, pouco tempo atrás, era um time covarde, onde pontas marcavam laterais apenas. Agora é nó tático.

Foram quase 70% se posse do Inter. O rival atacou duas vezes, no primeiro gol e depois do segundo, com Lucas Silva. O segundo gol nem ataque era, pois foi um passe mal feito da intermediária.

Nosso problema foi, novamente, não fazer gols. E repito que, com três volantes, fica mais difícil fazer gols, exceto em contra-ataques, jogando no erro do adversário.

Edenílson insiste em jogar aberto pela direita, onde não rende como meia ou atacante. Quando mudou e foi para o meio, com Maurício pela direita, o time melhorou, mas ainda perdemos um homem no meio que possa chegar na área, pois Ed até chega, mas não sabe o que fazer, e, como dito na transmissão, de costas para o marcador, é nulo.

Era Ed quem deveria ter saído, para que repetisse o melhor Inter desse ano, com David, Maurício e Taison, mais Wesley.

Medina está atento para falta de conclusões, tanto que, mesmo quando o passe era a melhor opção, tentaram o chute (Liziero, Maurício, Taison, Wesley). Só que o time segue sem fazer gols, mesmo com jogadas tramadas. Aliás, quando descobriram jogar pelo lado esquerdo, foram 4 entradas na área seguidas, com conclusões ruins, e só não foram cinco porque Cuesta não dominou o excelente lançamento de PV.

Não fazer gols é o problema a ser corrigido. Já atingimos um modelo de jogo, agora pelos dois lados, a distribuição do jogo, e a movimentação do meio; falta a última parte, a mais importante.

Tirar Medina seria um erro grave da diretoria, tal qual foi a renovação de Moisés, Lindoso, Edenílson e Cuesta. Mas Medina precisa voltar ao seu esquema preferido, com Wesley no time, com David e Maurício pelos lados, já que acertou o meio com os dois volantes.

Precisa, também, substituir Cuesta, que tem falhado sistematicamente desde o início do ano, fazendo uma ou duas partidas boas. Tirar os medalhões sem medalhas é sua tarefa mais difícil, e pode custar o cargo, mas é o que precisa fazer.

As cogitações de retorno de Odair, Mano e por aí vai são repetições do desejo da imprensa de voltar a ter acesso ao Inter, e voltar ao time acadelado que tanto reclamamos nos últimos anos. Não esperava uma transição fácil, mas não precisava ser tão difícil e demorada. De qualquer forma, não vamos evoluir sem a saída de alguns jogadores, e sem a chegada de novos. Taison precisa de substituto para quando não estiver bem, e acho que precisamos de um centroavante mais efetivo, embora a amostragem de Wesley tenha sido pequena. E precisamos de um capitão, que não é Edenílson, Cuesta ou Taison.

Hoje, mais racional, sem a emoção de uma derrota por placar elástico, vejo mudanças drásticas com muito mais chance de erro do que mudanças pontuais.

Independentemente disso, a apatia da diretoria incomoda, não por contratações ou demissões, mas pela aceitação do resultado sem reação e sem apontar como fomos operados pela arbitragem, olhando apenas o placar e não o momento dos erros.

A entrevista do Vice foi um absurdo, como se nada tivesse acontecido, e ainda diz que nada muda até quarta, como se quarta fosse a data limite para o treinador, estipulada em público.  É muita burrice em uma entrevista só.

Lembremos que Ramirez chegou massacrado antes de treinar, empilhou goleadas, perdeu um grenal em uma bola e caiu pelo grupo, que queria linhas baixas. Aí Aguirre chega, arruma a casa escapando da zona do rebaixamento, ganha o grenal e sofre uma saraivada de críticas. Medina chega contestado antes de trabalhar, por ser estrangeiro também, tem campanha irregular, ganha volante e lateral depois de 10 jogos, aí ganha grenal e é criticado, perde grenal e é criticado. Nada serve ao Inter, e isso serve a quem?

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