2.7
(25)

O Inter se encontra no pé de uma lomba, e não parece ter forças para subir.

Os detratores do Coudet seguem a persegui-lo, e seus admiradores vão culpar as modificações na estrutura do time, mas tudo isso é passado, e não adianta chorar o whisky derramado, na espetacular frase de Nei Lisboa (acho).

A questão é que o time jogou três partidas com o novo treinador (não vou contar a primeira), e foram duas derrotas e uma vitória com eliminação. Por coerência, não posso exigir que, em três ou quatro jogos, o time tenha o desempenho que o treinador quer, ainda mais sem tempo para treinar.

Apenas não acredito que o treinador escolhido tenha condições de fazer alguma coisa, até porque demostrou fazer escolhas erradas em momentos errados, e não tem apresentado bons trabalhos, mesmo com elencos bons e ruins.

Mas temos que atentar para o fato de que os treinadores que fogem do esquema dos velhos conhecidos, não ficam. Aguirre e Coudet saíram sem péssimos resultados, embora o time com falhas, não tiveram a longevidade de Argel, Guto e Odair, estes todos coerentes com os velhos hábitos do Beira-Rio, e sobreviveram aos maus resultados, com exceção de Guto, cuja desavença foi relacionada com a continuidade do contrato.

Este é um assunto, contudo, para as eleições, para que o sócio entenda o que ocorre no Beira-Rio, e porque retornamos sempre ao mesmo ponto.

Retomando o jogo de ontem, não por acaso pareciam dois times iguais em campo, tanto pela proximidade na tabela, quanto pela forma de jogar, e não falo em estrutura tática, mas em forma meio covarde de jogar futebol, evoluindo até a linha intermediária e não sabendo o que fazer a partir dela. São dois da mesma escola, dois adeptos da especulação, embora Abel tenha um discurso diferente.

Uma das escolhas erradas de Abel foi mudar a estrutura do time, sem tempo para treinar. O Inter em campo é uma espécie de limbo, nem joga no esquema anterior, nem sabe o que fazer com a nova estrutura tática, que separou ataque e defesa e deixou menos  jogadores perto da área e dentro dela, causando o isolamento de Galhardo, que pouco ou quase nada tocou na bola, ou mesmo fez alguma tentativa. Certo que o entrosamento não existe, seja com Caio, seja com Maurício, mas não havia a mínima conexão entre eles.

Dourado no meio é muito melhor que Lindoso ou Musto, mas Jonnhy pede passagem. O tripé com Edenilson, Maurício e Nonato até funcionaria, mas o recuo de Edenilson e o trancamento dos laterais, jogando Caio para uma das pontas, isola o único jogador na área. O que havia de bom em Coudet era a maior presença de jogadores do Inter na área, ainda que um mínimo de dois, mas os meias eram empurrados pelo avanço dos laterais, e isso não aconteceu ainda na nova estrutura.

Aí, até temos alguma bola espetada pelos lados, mas apenas um jogador no meio da área, marcado por dois, ou, se contra um time do Odair, por no mínimo três.

De qualquer forma, é bom ver um time sem Lindoso, lento e modorrento. Mesmo sem funcionar bem, o time foi muito mais móvel do que nas partidas anteriores.

A defesa não foi mal, mas era contra um time que também não sabia o que fazer com a bola. É óbvio que os erros individuais voltaram a cobrar os pontos. A falta de um jogador no primeiro pau, no escanteio, é sintomática. É quase como formar barreira não cobrindo um canto. E o erro de posicionamento de Cuesta e Uendel, no segundo gol, é quase imperdoável.

Mas o pior de todos, sem dúvida, foi Lomba. Nosso goleiro silencioso, que vê o jogo de frente, é incapaz de orientar uma defesa. Nesse quesito, goleiro bom precisa falar, chamar a atenção para quem estiver livre, leve e solto, como o jogador do Flu que fez o segundo gol, ou para quem devia ocupar a posição no primeiro pau.

Ainda assim, o escanteio era defensável.

E podemos ir adiante. Contra o Goiás, a única bola que foi no gol, entrou, e foi falha. Ontem, acredito que Lomba não tenha feito nenhuma defesa. Até por ser um time de Odair, que não conclui, não lembro de uma única defesa de Lomba. Contra o Santos, apesar do erro de Rudinei, a bola também era defensável, e Lomba se atrapalhou todo no segundo gol santista.

Sim, Lomba fez e, se ficar, fará algumas defesas milagrosas, mas qual goleiro não faz?

Lembro de meus desejos para o Inter antes de Guerrero chegar era que tivéssemos um centroavante que fizesse os gols fáceis. Para goleiro, não basta as defesas fáceis, precisa ter uma boa regularidade, fazer algumas defesas difíceis, e, de vez em quando, um milagre, um pênalti em momento decisivo.

Por isso o tempo de Lomba, e Danilo, passou. Lomba é um desastre com os pés. Os zagueiros refugam atrasar bolas com o mínimo de dificuldade. Lomba não sabe sair do gol em bolas aéreas, porque seu problema é tempo de bola, não é por acaso que tomou os gols contra Santos e Flu. Seus balões ou tiros de meta são horrorosos e não sabe fazer lançamentos com as mãos que vão além da linha da área. E Lomba não sabe orientar uma defesa. Não há nenhum motivo, além da liderança no grupo, para que fique como goleiro do time.

Sobre D’Alessandro, é importante dizer que o time melhorou quando saiu contra o América, e piorou com seu ingresso ontem. Aliás, só o fato de termos tomado o gol quando foi chamado para jogar é sintomático. Se tinha alguma importância que ficasse com a chegada de Coudet (até hoje não entendo qual), agora definitivamente não há motivos para que fique jogando.

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