Mauro Loch

DUAS VEZES FLAMENGO

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Confesso que fico um pouco enjoado, quase enojado, com a idolatria que a imprensa faz do Flamengo, mas entendo que é o time de maior torcida do Brasil, e imprensa vive de público, de audiência, de leitores. Deixando isso de lado, é um feito inédito na era moderna, a conquista do Brasileirão e da Libertadores.

A Libertadores que quase escapou, em erros individuais do River, e um erro de avaliação de seu bom treinador, que encaixotou o Flamengo em boa parte do jogo, evitando que Armani fizesse qualquer defesa. Mas a qualidade individual falou mais alto no final, e a movimentação de Bruno Henrique e Arrascaeta, no primeiro gol, foram decisivos. Acho que, se houvesse prorrogação, o Fla jogaria mais inteiro que o River.

No Brasileirão, o Flamengo sobrou, e sobrou também sobre aqueles que fizeram investimentos milionários, como o indescritível Palmeiras, que seguiu o mantra do pragmatismo, mesmo com jogadores capazes de protagonismo.

Confesso que estava com dois corações, torcendo para o River mostrar que o Flamengo não é imbatível e nem toda a maravilha que está sendo cantada pela imprensa, ou torcer pelo Flamengo que trocou um volante por um meia que era camisa 10 nos outros times que jogou, que ousou defender com menos jogadores, que apostou na intensidade do time em todos os jogos, e refutou poupar jogadores sem razão.

Sempre fui fã do rodízio, e sigo sendo, nem tanto por poupar jogadores (isso é com os fisiologistas), mas para formar mais de um time, e não ficar, como o Inter, dependendo de D’Alessandro, ou de sua ausência, para dar todas as desculpas possíveis nas derrotas.

Por isso tenho que agradecer duas vezes Flamengo, lembrando que o River mostrou muito, principalmente que é possível parar e ganhar do Flamengo, e que isso sirva de lição para o próximo ano, quando todos falarão de hegemonia.

Aqui pelos pampas, a vergonha, ou a falta dela, se instalou no Beira-Rio. Odair segue na casamata, segue o mesmo time, as mesmas opções inúteis (pelo menos WS não entrou) e os mesmos jogadores que não dão certo em momento algum.

Não há impunidade para quem escala Uendel e Parede, que vê em Pottker solução, e quem arma um time que depende de D’Alessandro e Guerrero correndo. Foi desastroso ver os dois sem nenhuma imposição física, mas Guerrero ainda fez dois, embora tenha furado em uma chance na frente do gol, e perdido dois outros lances que não poderia desperdiçar.

Já D’Ale foi mal o jogo todo, inclusive nas opções, embora tenha ainda o passe mais qualificado e ousado do time.

Uendel é um capítulo a parte, mas compreensível. Se Sobis, que é Sobis, vira as costas pro jogo em um lance na final de campeonato, porque ele teria que correr atrás de um lateral em uma bola quase saindo. Uendel conseguir ser displicente duas vezes na mesma jogada, três se contarmos com a ridícula trombada no bandeirinha.

O Inter se enche de desculpas. A trombada de Moledo, os pênaltis não marcados (acho que Edenislon sofre um bem claro), os marcados e desmarcados, a péssima atuação da arbitragem, e tira o foco do que realmente é problema.

Patrick tem duas chances claras de gol, mas é um jogador sem recursos. Isso fica visível cada vez que joga avançado, e isso é regra desde o início do segundo semestre. Perde um gol com a goleira aberta, domina, mal, e chuta pior ainda. No outro lance, não chuta. Não é admissível que um jogador escalado para atacar não tenha capacidade de finalizar, e que siga sendo escalado, sem nenhuma produtividade em campo.

Depois, fechar os olhos para os números é algo que beira a imbecilidade, mas sequer dar chance a Sarrafiore é uma burrice sem tamanho. Não que os números sejam a verdade absoluta, mas não é possível desprezar que Sarrafiore tem mais gols que todos os que entraram em campo, e ele chuta.

Além disso, o Inter é desorganizado e covarde. Na primeira troca de passes minimamente organizada, fizeram o gol, e com a participação de Pottker e Uendel. O segundo gol sai de escanteio cobrado por Parede, e isso diz muito sobre a inoperância do Inter contra qualquer adversário.

2020 será um ano de muito trabalho, mas não vai adiantar muita coisa se essas peças absurdas ficarem no clube

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