Mauro Loch

DESIGUALDADE SOCIAL

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Não é tema social ou político, ainda que o título o seja.

Porém, é certo dizer que, em tempos de crise, a desigualdade aumenta. O abastado tende a seguir abastado, talvez até mais, e o menos favorecido da cadeia alimentar seguirá ocupando a mesma posição, talvez com menos ainda.

Quem perde mais nestas épocas é a turma do meio, exatamente onde o nosso time e clube se insere. Não falo de títulos ou desempenho, passados ou recentes, embora o que ocupe e preocupe seja o presente.

Trato da questão financeira, onde já fomos modelo de gestão e atingimos bons resultados, mas nunca fomos o clube mais rico do futebol brasileiro, principalmente considerando as distribuições da maior parcela dos recursos, oriundos das cotas de TV.

Depois do fim da distribuição mais igualitária do clube dos 13, os privilégios aos times de maior torcida e maior exposição ficou mais claro, e os anos de má gestão nesses clubes ainda permitiam um equilíbrio dentro do campo, mas aos poucos essa distância vai ficando evidente.

Não sei se é caminho reversível. Aqui no nosso rincão, nunca reclamamos de ser um dos privilegiados, seja nas quotas, seja nos erros de arbitragem, e nunca reclamamos de estar no topo da cadeia alimentar.

No âmbito nacional, mesmo depois do fim do clube dos 13, a gestão de compras e vendas, mais a campanha de sócios, ajudou o clube a se manter financeiramente e fazer investimentos, e tivemos sorte na manutenção da cota mesmo na série B.

Ainda assim, o quadro nacional tende a polarizar os clubes com boas quotas e patrocínios e os demais, aí distribuídos entre os de bem poucos recursos e os médios.

A distribuição de quotas não atinge a elevação que a premier ligue tem, muito menos a maravilha que a NBA empresta à seleção dos novatos; nestes dois casos, a competitividade do torneio, mesmo sabendo que a igualdade não virá, pelo menos tentam.

Pelo menos dão, em parte, as mesmas armas, e se os contendores não  sabem usá-las, ou as usam mal, o equilíbrio foi tentado.

Não acho que tão cedo cheguemos a esse nível, por isso cabe ao clube pensar em como minimizar a desigualdade, como amenizar a diferença financeira. Vamos lembrar que mesmo grandes somas não significam grandes contratações ou times fortes. Há de se ter muita competência na montagem dos 11, 22, 35, e na escolha do treinador, preparação física e gerenciamento de pessoas. Nem sempre o dinheiro compra bons profissionais, mas dificilmente a falta dele consegue.

Por isso a administração dos recursos é tão importante, por isso gastar bem é mais importante do que gastar muito. Finalmente, parece que esse ano, depois de várias gestões equivocadas, acertamos em vários dos itens acima, principalmente no quesito treinador, independentemente dos resultados, é evidente que temos treinador.

O outro ponto é o elenco. Já vimos o fracasso do melhor ataque do mundo, caro, com Sávio, Romário e Edmundo, já vimos fracassos de grandes contratações, o que considero normal.

A montagem do grupo requer talento e competência, envolvimento do treinador e de um bom negociador, e de bons prospectores, tudo aliado à boa gestão financeira, que saiba prever orçamento e controlar despesas.
Fácil assim. Muito mais fácil falar. Difícil implementar.

Jogador bom nem sempre custa caro, a oferta é grande, mas o diferencial é a equipe. Muito mais do que uma caixinha de surpresas, futebol é um esporte coletivo, dentro e fora do campo. Quem melhor entender isso, e quem melhor produzir bons jogadores, vai superar a desigualdade das quotas.

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