4.9
(20)

Sim, acabaram todas as desculpas possíveis para remodelar o elenco. Não somos vice de nada esse ano, não conseguimos sequer uma classificação para Libertadores, e não jogamos algo parecido com futebol.

Nosso goleiro, mesmo sem culpa, leva gols a rodo, e há uma substancial diferença estatística com Lomba no gol e sem ele. Temos um zagueiro que é mais armador do que protetor, e laterais que dificilmente fazem o que é minimamente necessário. Jogamos com 4 volantes, sendo que dois deles curtem uma de atacante, mesmo sem fazer gols ou atacar, e nossos dois eméritos volantes de contenção não conseguem sequer marcar a entrada da área do time.

E o problema é que estão ainda no clube, não o que jogam ou o que fazem, porque se estiverem, vão jogar.

O resultado de ontem acredito que pode ser comemorado. Não há mais qualquer empecilho a provocar uma mudança, já com um ano de atraso. Não há razão nenhuma para manter jogadores que nunca ganharam nada, mas ainda estão no clube e ditando o ritmo, a forma e a escalação do time, baixando linhas após o primeiro gol.

No jogo, o Inter fez o que fez durante o ano todo após a saída de Ramirez, um gol e o recuo, para jogar em contra-ataques. Poderia ter feito mais? Sim, mas esse é o ponto principal, um time com quatro volantes não é um time talhado para fazer gols, nem mesmo atacar. Pode? Sim; já fez? Sim; é a máxima da exceção que comprova a regra.

E insisto, nossos problemas são os quatro volantes, a ideia de ter quatro volantes, e a ideia de que volante pode atacar e não precisa marcar. No primeiro gol, o sujeito recebe livre, ajeita a bola, o corpo, e ninguém chega, nem o bom de números Dourado, o lento, nem Lindoso, que sequer sei o que ainda faz por aqui.

No segundo, Patrick “tem” a bola por duas vezes, na frente da área, e é gol adversário. OK, compensaram na parte ofensiva? Quando precisou jogar, sacamos os dois volantes da posição de atacantes, e os que entraram chutaram em um tempo, provavelmente mais que os que os outros durante todo o ano. Não marcaram gols? Não, mas lembrem do Parreira, gol é um mero detalhe de um jogo trabalhado, treinado e organizado, e reservas constantes não fazem isso.

Não há sequer a desculpa do medo do desmanche de uma temporada para outra e no que isso pode acarretar. Este ano tem pré temporada, tem treinador novo, tem ideias novas, e isso não pode colidir com um vestiário solidificado no marasmo, na preguiça, na falta de ambição.

Não faltou vontade ontem no segundo tempo, faltou time, porque time tem que ser treinado, repetido, porque quando era pra ter time, jogamos com as linhas baixas (não gosto da expressão, mas tem um significado especial), na esperança de uma arrancada avassaladora. Isso não é estratégia, é covardia, é usar o time em benefício de um ou outro jogador, que sequer deveria estar aqui.

O jogo foi a síntese da temporada no campeonato. Começa com ímpeto, vai mal, faz gol, se salva, e cai de produção. Não faltaram “pernas”, nosso problema não é preparo físico. Não confundam a falta de velocidade de Dourado e Lindoso com falta de fôlego. Não confundam a ruindade de Moisés com falta de fôlego.

No segundo tempo, o Inter não teve soluções ofensivas, mas mostrou que nosso jovens jogadores que são reservas sabem tratar a bola, tem ímpeto para o chute e passes dentro da área. Talvez treinado entre os titulares, entrosados, Maurício optasse pelo passe e não o chute, ou Palacios também, um cruzamento para o ingresso livre do companheiro em vez do chute, ou o espaço para Taison em vez da aglomeração. Talvez um deles passasse a organizar as jogadas e deixasse Taison mais próximo das conclusões ou infiltrações, mas como fazer isso sem treino, se as vagas são ocupadas por volantes com sérias limitações na parte ofensiva (e defensiva também).

Há muito o que arrumar no Inter, e a direção precisa voltar os olhos para o futebol, já que o ano foi suficiente para tomar pé do clube, da parte administrativa, da base, e agora precisa olhar muito bem para o futebol profissional, para, enfim, torna-lo profissional, com jogadores que tenham atitudes profissionais, que façam o que o profissional contratado para organizar o time, denominado treinador, determine, e deixem de tentar comandar o time de dentro de campo.

Insisto que isso não vai acontecer com esses jogadores, principalmente nosso quarteto de volantes, profissionais apenas no momento de receber salários. Não há nenhum motivo para que permaneçam, no campo, no time, no clube.

E é tarefa da direção e a direção não tem mais desculpas.

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