3.4
(30)

Pensei em vários títulos, mas quando li a expressão utilizada pelo Roberto Gilnei Jr, não poderia deixar de destacá-la, mesmo sem pedir licença, pois foi isso que vimos acontecer de um bom tempo para cá.

Vou falar um pouco do jogo, e centrar mais na despedida de D’Alessandro.

O Inter jogou no conhecido 4141 do Osmar Loss, que me anima pouco ou quase nada, ainda mais com um tripé de volantes, um meia criador e um só atacante perto da área. Pouco ou quase nada diferente do que Odair fazia, embora com alguns nomes diferentes. É um esquema, principalmente com volantes em demasia, que permite ganhar jogos, mas conclui pouco, e foi o que vimos acontecer, com um gol de bola parada e outro em contra-ataque.

Nada contra um ou outro, foi um belo cabeceio e uma belíssimo contra-ataque. Aliás, Dourado mostra o tempo que perdemos com Musto e Lindoso, e não sou grande fã do futebol de Dourado. Moledo tirou todas por cima, Heitor meio nervoso, mas eficiente, Cuesta foi salvo pelo travessão, e, se não me engano, Lomba não fez nenhuma defesa, só em cruzamentos. Mas Weverton também não. Moisés por pouco não proporciona a patuscada do dia, na verdade, proporcionou, só não saiu gol.

Patrick fez um jogo comum, e Edenilson se destacou pelo gol e passe. Praxedes é a boa notícia, muito marcado e cansado pelo jogo do dia anterior. Caio vai se firmando como boa opção e Galhardo ainda não se encontrou no esquema. A boa entrada de Yuri, que além do gol, incomodou a defesa, foi compensada por Marcos Guilherme. Queria muito um volante com a velocidade dele, mas é pouco produtivo para o time na construção. Yuri fez um golaço e merece a titularidade ou mais tempo de jogo. Aliás, quando entrou, Abel ensaiou um 433 clássico, que coincidiu com a melhora do Palmeiras.

Depois dos 2×0, D’Ale entrou.

Queiramos ou não, D’Ale é ídolo da torcida. Um dos poucos jogadores que ficou tanto tempo no clube, só tem menos partida que Pontes e o admirável Valdomiro. Não gosto de comparar ídolos, muito menos por títulos, ídolos se criam em um clube, e D’Ale se criou no Inter, muito por méritos seus.

Não é possível culpá-lo por renovar tanto tempo, nunca é unilateral, mas logo depois que chegou, o Inter passou a viver um equivocado Dalecentrismo.

Mas isso aconteceu também por méritos de D’Ale, que procuro lembrar, olvidando seus últimos anos.

D’Ale foi aguerrido, lutador e muito técnico, e ganhou a liderança do grupo, mesmo na companhia de outros grandes jogadores. São poucos os jogadores do mundo que tem um drible com nome, e já vi muitos pedalarem, por exemplo, mas só vi ele com a La Boba, um drible infalível, que muito vimos executar para a esquerda ou direita.

D’Ale, a partir de um determinado momento, que não sei qual é, fez o clube girar em torno de si, e não podemos culpá-lo disso, até porque deve ser o desejo de muitos jogadores em todo o mundo.

D’Ale passou a cobrar todas as bolas paradas, a ser o capitão, a escolher jogadores, treinadores e mandar no vestiário. Também não é culpa dele fazer isso, e sim de quem permitiu.

D’Ale, por mais críticas que tecemos dele, e fui um grande crítico nos últimos tempos, foi um grande jogador, e poucas vezes lembro de não jogar para o time, de ser fominha, exceto nas faltas.

Esse é o D’Ale que quero lembrar, um grande jogador que ficou muito tempo no clube, que se identificou com a torcida, com a instituição, que se tornou colorado e fez dos filhos colorados,  um ídolo, certamente, dentro e fora do campo, com suas ações sociais. D’Ale também tem todos os méritos de entender como o marketing o ajudaria.

Mas o Inter permitiu o Dalecentrismo, foi conveniente para o clube em determinados momentos, mas isso jamais poderia ter acontecido, e as sucessivas direções não souberam ocupar um espaço que deveria ser do clube e não de um jogador, qualquer que seja ele. O Dalecentrismo se mostrou em campo, com todos os jogadores o procurando para o passe.

Em determinados momentos, a crônica esportiva pensava no time em torno de D’Ale, e isso aconteceu com muitos inclusive neste ano. Pensar em um time sem D’Ale era um sacrilégio para muitos, e erros foram cometidos e repetidos por essa causa.

D’Ale teve méritos na saída em 2016, anunciava que algo não estava certo, e vimos o que aconteceu.

Na minha modesta opinião, não deveria ter voltado. Já falava em transição sem D’Ale no ano anterior, mas o Dalecentrismo exigiu seu retorno como salvador da série B, pois havia a crença de que jamais cairíamos com ele em campo. Até acredito nisso, mas talvez não tanto por seu desempenho em campo.

O fato é que o clube não viu o ocaso do jogador brilhante que foi, e não soube a hora de interromper a relação, fazendo com que um grande ídolo fosse perdendo muitos admiradores pelo seu desempenho em queda, ainda que buscasse manter a forma e a liderança. A idade é implacável, e muito mais para quem joga na posição dele.

Aí, em sua despedida, temos muitas críticas que não estariam presentes se o clube tivesse a visão que vários torcedores tinham, e D’Ale seria um ídolo maior do que é hoje.

De minha parte, sinceras homenagens e agradecimentos ao D’Ale que quero lembrar, mas que esteve ausente nos últimos anos.

Ao clube, o necessário aprendizado do que não pode novamente ocorrer, e que renda todas as homenagens possíveis a um grande jogador, que vestiu a camisa por tanto tempo, e que, como ele mesmo, disse, errou e acertou, foi humano como nenhum ídolo esportivo deve ser para seus torcedores.

Acredito que D’Ale volte ao clube, mas espero que não como jogador, mas que volte a um clube mais maduro, que saiba fazer de si o centro da torcida, de seus fãs, de quem lhe efetivamente sustenta como grande.

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