3.9
(36)

A tranquila vitória contra o bravo Brasil de Pelotas serviu para algumas confirmações, umas pouco relevantes, outras muito relevantes.

A primeira é que a intensidade apareceu novamente, com agressividade, e tende a ficar.

Depois, o time fica muito mais móvel sem D’Alessandro e Patrick. Por mais que D’Ale tenha corrido bastante, e Patrick também, com Galhardo e M. Guilherme, junto com Boschilia, há um frenesi que não vimos ontem, principalmente com a bola. A movimentação, ontem, ficou por conta de Pato, mas restrita a uma área do campo.

Danilo foi mero espectador, mas atento, com uma boa saída com os pés.

Saravia confirmou que estávamos muito mal acostumados com as limitações de nossos seguidos laterais. Bastou poucos minutos para sentirmos a diferença de um passe melhor, uma coordenação tática melhor, com velocidade e força, as mesmas que Rodinei tem, só que com qualidade.

Moledo confirma sua pouca intimidade com a bola, compensada pela velocidade e força, é pura imposição física, mas perde pontos demais com suas limitações na saída de bola.

Fuchs vem melhorando, ganhando confiança. Ontem, fez várias investidas com a bola dominada, chegando à intermediária adversária por meio de dribles. Vai errar, vai errar passes, vai perder a bola, mas é parte do processo de ajuste e amadurecimento.

Natanael fez sua melhor partida, com destaque para dois lançamentos precisos e oportunos (sim, alguém se movimentou) e um cruzamento. A parte defensiva, onde sempre demonstrou dificuldades, foi prejudicada pela ausência do Brasil no ataque.

Lindoso é uma das confirmações ruins, pois novamente se apresentou lento, sem convicção, com passes burocráticos, e com pouca presença na marcação. Fez bons jogos no ano passado, mas não parece ter encontrado lugar no time.

A melhor confirmação da noite, a meu ver, foi Nonato, reencontrado com um futebol mais ofensivo, mais perto da área, com mais mobilidade, verticalidade e agilidade na marcação. Palmas para Coudet que não desistiu do garoto, que, acredito, ainda pode render muito e parece ter achado um caminho para mostrar seu futebol.

Patrick é a confirmação da lentidão e dos passes demorados e ruins. Fez dois gols de cabeça, esteve na área, mas é individualista demais com a bola nos pés, tem muita dificuldade no passe e em escolhas de jogadas. Ainda acredita que distribuir bundadas no ataque dará resultado, e dará contra times mais fracos, mas não surtirão efeitos contra marcações mais ajustadas. Os gols e a imprensa o credenciam para vaga no time titular, mas seria uma lástima o retorno de quem perde bolas com facilidade e enxerga pouco o jogo, principalmente se necessitar velocidade.

Falando em perder bolas, D’Ale foi o nome desse item ontem. Atuação muito abaixo do possivelmente esperado, não se entendeu com Pato e também não verticalizou quando teve chance. Seguem com bom passe e organizando as jogadas, mas sua presença meio messiânica, acredito que restringe o time. Não foi mal, mas longe de ser decisivo ou essencial. Por mais que a imprensa peça, eu não começaria o grenal com ele.

Pato aproveitou a chance no quesito intensidade, brigou muito, se ofereceu como opção, mas pouco mostrou com a bola nos pés, fora uma assistência perfeita para Gustavo errar. Finalizou pouco também, mas entrou desentrosado, nitidamente.

Gustavo não aproveitou as chances que teve, protagonizou um belo salto para um cabeceio para fora, errou no cruzamento do Pato, mas ainda se adapta ao jogo do Coudet, embora tenha sido pouco participativo da construção, se posicionando apenas como finalizador.

Galhardo e M. Guilherme entraram muito bem, foram opções de passe e deram mais mobilidade ao time, principalmente perto da área. Acho que cavam a titularidade.

Coudet tem um grande mérito de fazer os dois times, com quaisquer jogadores, jogar da mesma forma, com uma movimentação muito similar, guardadas as proporções técnicas e físicas características de cada jogador, mas é nítido o posicionamento e forma de jogar igual com qualquer formação. Isso é mérito do treinador.

Não deveria ter sacado Nonato, que fez seu melhor jogo, mas tentou aquilo que penso seria a melhor posição para D’Alessandro caso ainda conseguisse ter a intensidade exigida, jogando pelo meio na função que foi do Nonato e deve ser do Edenilson. Já disse outras vezes que é a função mais importante do esquema do Coudet, com a distribuição das jogadas e primeiro combate, e achei que deveria tentar, principalmente em jogos mais encruados, com o outro time na defensiva.

Coudet usa o gauchão para o que ele serve, fazendo variações dentro do mesmo esquema, mudando a cara do time sem mudar o esquema tático ainda em consolidação. Parece que temos, enfim, um treinador de verdade, com vontade de ganhar.

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