Mauro Loch

COMO MONTAR UM TIME II

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Dando sequência a como formar um time, sempre na esperança que alguém da direção possa nos ler e, pelo menos, ter algumas ideias diferentes do que reina no Beira-Rio, apresento algumas considerações.

Independentemente do sistema tático adotado, algumas coisas são essenciais a um time que almeje alguma coisa que não seja figuração, nos campeonatos em que participar. Em um time de futebol competitivo, um bom batedor de faltas é essencial.

E o caráter de imprescindível do bom batedor de faltas reside até mesmo em não ter faltas, em não usá-lo. Isso porque, na era da totalidade da informação compartilhada, todos sabem quem é bom batedor, normalmente a partir da primeira que acerta. Lembro até hoje da surpresa que foi Aranguiz batendo falta com maestria.

Os adversários, sabendo que há um bom batedor do outro lado, vão evitar faltas próximas ao local de êxito, e isso pode tornar o jogo mais fluido, pode permitir que o time de continuidade à jogada eventualmente com finalização.

E há dois tipos de batedores, os de falta próxima da área, e os de longa distância.

O Inter não tem nenhum. D’Ale é nosso cobrador oficial, mas há algum tempo não faz uma cobrança que chame atenção, com raras exceções de gols em times mais fracos. Certo que os últimos times do Inter não fazem jogadas pelo meio, daí a inexistência de faltas no local, mas ainda assim, nas pouquíssimas ocorrências, nada de útil.

Winck sempre foi um bom batedor de faltas, seja em direção ao gol, seja em cruzamentos, mas é sempre preterido quando se apresenta, e suas últimas cobranças não foram sequer aceitáveis. Até Gutierrez se arriscou, mas a frequência de D’Ale é muito maior, e não tem dado resultados.

As faltas de longa distância também carecem de cobrador. Não temos um Carletto (não é uma sugestão), ou um zagueiro que chute forte em direção ao gol, nem mesmo um atacante.

Na minha opinião, um cobrador de faltas que seja efetivo, que faça gols, pelo menos, em um terço das cobranças perto da área, é imprescindível ao time que almeja alguma coisa.

Cobrar faltas exige talento, mas, primordialmente, treino. Neste ponto, há relatos de que os treinos de cobranças de falta não são mais realizados por medo de lesões por esforço repetitivo. Coisas do futebol.

Quando jogava squash, havia um ícone do esporte no Brasil, o Sabir, com quem tive oportunidade de fazer alguns workshops de treinamento. Reza a lenda que Sabir treinava mil batidas de direita, depois outras mil de esquerda, sem errar, como aquecimento.

Penso naqueles jogadores de tênis de mesa, repetindo insistentemente os mesmos movimentos, e nem falo dos jogadores de vôlei, que além da repetição dos movimentos, usam a força nas cortadas.

Não tenho conhecimento médico e fisiológico o suficiente para cravar um erro ou acerto da não realização de treinos para evitar lesões por esforço repetitivo, e posso estar falando uma grande bobagem, mas fica a impressão que a preguiça e zona de conforto ultrapassam as quatro linhas quando se fala em treinos de cobrança de faltas.

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