Mauro Loch

AQUELES QUE ODEIAM O FUTEBOL

4.5
(15)

Não gosto de falar sobre jogos que vão acontecer, por isso vou tratar de outros assuntos.

Infelizmente no Brasil, várias pessoas envolvidas no futebol odeiam o futebol, inclusive jogadores.

Começo pelos jogadores, que fazem o possível para estragar o espetáculo. Aliás, talvez a pouca compreensão de que se trata de um espetáculo primordialmente, e depois de uma competição de vale tudo, é que transforme nossos atletas em artistas cenográficos.

Entendo que cera faz parte do jogo, mas há diversas maneiras de se fazer cera, e a pior delas é a simulação desenfreada em qualquer toque adversário. Nem falo dos goleiros, que qualquer defesa, dependendo do placar, significa uma lesão curável em 30 segundos, com água gelada, mas só depois da entrada dos médicos e fisioterapeutas que atuam no campo. Chato, irritante. Já disse aqui que um amigo sugeriu uma fórmula certeira: deixa o goleiro reserva aquecendo atrás do gol, machucou o titular, o reserva ingressa imediatamente até a recuperação do titular, sem contar como substituição, algo como o líbero no vôlei, podendo entrar e sair, mas no caso de “lesão” do titular. Claro que se um é melhor em escanteios e bolas paradas ou pênaltis, o titular vai sentir sempre nesses momentos, mas melhor assim do que as longas e desmotivadas paradas para atendimento em cada defesa.

Desde a marcação de falta e cartão amarelo para o “toque” no rosto do adversário, o rosto aumentou, e incorporou o pescoço, o peito, braços e cabelos. É ridículo o vento passar pelo rosto e o jogador se atirar no gramado como se tivesse levado um soco do Myke Tyson. O volante do Flamengo fez isso umas três vezes no jogo de ontem, e com o time perdendo.

Mas não são apenas os jogadores, nossos árbitros detestam futebol, e adoram câmeras e holofotes. Quanto mais famoso, mais quer aparecer. A regra do cartão para banco e treinadores era o que faltava para o momento televisivo dos árbitros. Não há um escanteio em que esses árbitros “palestrinhas” não parem o jogo e expliquem aos jogadores que vão marcar pênalti se fizerem pênalti, ou atravessem o campo para advertir o treinador que não vai aceitar críticas ao seu trabalho em campo. O futebol para, o espetáculo para, o jogo para, eles odeiam futebol.  O atual expoente dessa leva de árbitros palestrinhas é o nosso narciso Daronco.

O máximo do cúmulo do ridículo eram as paralisações, na pandemia, porque dirigentes xingavam os árbitros, já que apenas dirigentes podiam estar nas arquibancadas. Aí volta o público, vem o coro do “ei, juiz, vai….”, e tudo volta ao normal.

O último adereço dos que odeiam futebol é o VAR. Sou favorável ao VAR, mesmo nos tendo tirado o título, acho que a tecnologia acrescenta, e tira, em tese, o engodo do futebol, o roubo descarado.

Em tese, claro, pois no Brasil estamos vendo exatamente o contrário. Não apenas no Brasil, mas árbitros brasileiros, como aquele que estava no VAR entre River e Velez. VAR deveria ser coadjuvante, aliás, é VAR porque não tem capacidade de estar em campo, e isso os diminui tanto que buscam o protagonismo, tentando convencer o árbitro da sua interpretação.

VAR é para pegar o pênalti do Rodinei, contra o Bahia, fora do esquadro de visão do juiz de campo, serve para traçar linhas de impedimento (a ideia das linhas mais grossas para verificação da mesma linha é ótima), corrigir cartões para jogadores errados, mas jamais para que o juiz de vídeo, longe do campo, convença o árbitro do campo. Aliás, o árbitro do VAR jamais deveria dar sua opinião, mas se restringir a mostrar o lance pelos ângulos das câmeras.

Os áudios liberados em que o VAR afirma o que aconteceu demonstram a busca pelo protagonismo que não deveria existir. Os diálogos deveriam se restringir a: ”veja o lance por este ângulo, veja nesta câmera, agora veja neste ângulo”, e só. Recomenda a revisão do lance, sem opinião. Árbitro de campo quer ajuda dos universitários, vai pra TV, mas sai da profissão que exige tomada de decisão.

Essa lenga-lenga de convencer o árbitro de campo, além de tomar muito tempo do espetáculo, esfriar convenientemente o jogo, irritar toda assistência, permite que nenhum seja responsável por decisão nenhuma.

Por fim, a incoerência, a maior inimiga do futebol. Os árbitros brasileiros não têm padrão nenhum, nenhuma coerência, é decisão diferente para cada jogo, e a comissão de arbitragem da CBF, cada vez que toca no assunto de uniformização de entendimentos, piora a incoerência.

Exemplos que nos tocam diretamente é o pisão que tirou Rodrigo Caio do jogo de ontem, para o qual nem cartão amarelo foi dado, em contraste com a emblemática expulsão de Rodinei, quando estava no Inter; e o pênalti não marcado em Hulk, depois que Miranda afasta a bola e tromba com o atacante, em contraste com o pênalti de Keiller, quando afasta a bola e depois tromba com o atacante. Pênalti ou não, ou os dois ou nenhum.

Definitivamente, eles odeiam o futebol.

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