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(Crédito da foto: Ricardo Duarte)

E aqui estamos, ao final do primeiro trimestre do ano. Já passou o Carnaval, escolas e faculdades retomaram suas atividades, e nos aproximamos da Páscoa com mais dúvidas do que certezas. Três meses é um período considerável, ainda mais em se tratando de futebol, e nos permite ter uma ideia mais clara sobre um grupo, um time e as ideias de um treinador. Talvez não seja suficiente para tirarmos conclusões definitivas, até mesmo porque o grupo do Inter não está completo (ainda ontem tivemos uma estreia), mas ainda assim nos oferece bons indicativos.

Como já disse em outros posts, defendo a manutenção de um trabalho em longo prazo, mas sei que no futebol, especialmente no futebol brasileiro, tempo muitas vezes é um luxo que os clubes não têm à sua disposição. Neste momento do ano, é de se esperar que um time já tenha uma espinha dorsal, um esquema tático preferencial e jogadores em posições definidas. Infelizmente, o que vemos no Inter são muitas indecisões e uma estranha e contínua mescla de jogadores, posições e até esquemas.

Parte desse problema se dá pelas características do tal futebol moderno no que diz respeito às posições dos jogadores. Se antigamente tínhamos, por exemplo, centromédio, meia-esquerda e ponta-direita, hoje em dia temos funções como volante, armador e atacante. Com isso, alguns jogadores parecem ficar um limbo sem definir uma posição específica, vagueiam por diferentes setores do campo e acabam não desenvolvendo todo o seu potencial. Vendo os jogos do Inter, tenho dificuldades em identificar o que exatamente fazem Roberson, Valdívia, Andrigo, Carlos, Nico López e Anselmo. Do meio para frente, parece que só Brenner tem funções claras. Até mesmo D’Alessandro, no alto dos seus 36 anos, aparece correndo em tudo quanto é parte do campo.

Mas o maior problema parece ser mesmo a incapacidade de Zago em fixar um esquema claro e colocar jogadores específicos em cada posição. William é o maior exemplo disso, já jogou em pelo menos três posições diferentes nas últimas semanas. Uendel também se torna um fantoche na mão do treinador, revezando constantemente entre a lateral e o meio. Claro que um jogador de qualidade pode alternar de posição, mas essa instabilidade não pode ser produtiva para o time e nem para os atletas. A consequência de todo esse carnaval é óbvia: os jogadores não crescem de rendimento e o time não evolui como um todo, e temos então jornadas como a da noite passada.

A inconsistência é inerente a qualquer equipe em formação. Partidas ruins vão acontecer inevitavelmente, mas quando essas dificuldades começam a aparecer em muitos jogos, é preciso abrir o olho porque temos problemas. A amostragem até agora no Gauchão é preocupante. Mesmo desconsiderando os primeiros jogos, em que tudo era teste, e descontando os erros de arbitragem, a verdade é que o desempenho demonstrado pela equipe não convence e não parece melhorar.

O tempo segue correndo, cada vez mais contra Zago. Eu sinceramente não sei se já consideraria a substituição do técnico. Acompanho as discussões aqui e sei que esse é o desejo de muitos, mas o futebol precisa ser administrado com seriedade e profissionalismo, e qualquer mudança no comando de uma equipe deve ser pensada à exaustão. Um problema é que não sabemos ao certo até onde Zago pode nos levar. A experiência dele não permite uma análise maior. Embora as referências do ano passado sejam boas, não podemos esquecer que ele estava em um time de série C sem o peso da nossa camisa, da nossa torcida e da nossa história.

Por outro lado, é nítido que o time e o grupo ainda precisam de reforços, e os elogios que foram feitos à direção por algumas contratações concretizadas em janeiro agora já podem se tornar críticas pela ausência de reposições para o meio de campo, que todos sabemos ser urgentes. Nesse sentido, podemos perceber que o treinador tenta encontrar soluções para essas lacunas, mas até agora não obteve sucesso. O fracasso do ano passado deixou claro que o grupo era muito limitado. É bem provável que as mudanças já ocorridas não tenham sido suficientes.

Por tudo isso, o time do Inter ainda é um esboço, um projeto. Temos potencial, sim, mas o presente ainda não nos permite olhar esperançosos para o futuro imediato. Sim, o objetivo é voltar para a série A, mas não podemos esperar até maio para começar a formar um time. A incapacidade do treinador de encontrar um modelo adaptado ao plantel que ele tem nas mãos nos aflige, assim como a falta de algumas opções para ele trabalhar. De qualquer jeito, eu espero que nossa Páscoa não traga só chocolates amargos.

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