Davi

Impressões in-loco

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Ontem tive o raro privilégio de assistir o jogo do colorado no campo, o que é sempre diferente da visão pela TV por uma série de fatores.

Várias coisas chamaram minha atenção, sendo o maior destaque o camisa 9 que mesmo com 35 anos ainda faz diferença, colocando o poderio ofensivo do time em outro patamar.

Primeiro, pela sua inteligência. Sabe se posicionar, tocar de primeira e fisicamente é um monstro, ganhando praticamente todas as bolas longas da transição direta: temos de fato agora um desafogo, aquele jogador que recebe a bola e faz a retenção para a aproximação dos meias.

Além do mais, é acostumado com jogo grande, não sente a pressão e não foge da responsabilidade. Mostrou um nível de entendimento com D´alessandro e Nico bem grande para quem joga apenas a 2ª partida junto e tem uma capacidade de leitura de jogo privilegiada.

Ademais, chamou a minha atenção em diversos momentos após o gol de empate adversário pedindo tranquilidade ao time, orientando e mostrando uma liderança natural.

Uma pena já ter idade avançada, mas um alento pela inteligência que tem, podendo contribuir seguramente de maneira positiva até o fim do seu contrato (38 anos, um de meus temores quando do seu anúncio).

Outro destaque foi que, apesar do sofrimento, foi um jogo muito agradável de assistir; os primeiros trinta minutos, dada sua intensidade, poderiam facilmente ter um placar de 3 ou 4 a 1 a nosso favor, tamanha a volúpia ofensiva: sem a bola, o suposto 4-1-4-1 era muita vezes um 4-1-2-3, com D´ale e Nico abertos pela direita e esquerda respectivamente, com Patrick e Edenilson povoando o último terço do campo com frequência.

O problema deste esquema, ou ao menos foi a impressão que tive neste jogo é que, quando o time adversário avança sua linha de meias, se posicionado entre a nossa 1ª linha de meio de campo (o “1”, no caso o Dourado) e a 2ª linha (o “2” – Edenilson e Patrick ontem, ou “4” de outros jogos- Edenilson, Patrick, Nico e D´ale) que a nossa defesa fica extremamente vulnerável.

Haviam três momentos onde isso acontecia: quando a transição defensiva do Palestino era feita de maneira direta, através de lançamento pro camisa 9 que retinha a bola e a ele se juntavam os meias adversários (movimento com maior intensidade no lado esquerdo defensivo colorado), nos contra-ataques, ou quando a 2ª bola era chilena, pegando nossos jogadores de meio fora de posição, sobrecarregando Dourado.

Particularmente, essa vulnerabilidade defensiva não me agrada, e ainda é mais acentuada pela dificuldade na marcação de nossos laterais, que vão melhor com a bola no pé do que sem ela. Um parenteses para Zeca, com mais uma jornada de pouco brilho técnico e para Iago, que mais uma vez se viu com problemas em seu lado do campo

Pensando no médio prazo, Odair tem que repensar essa linha defensiva de 3 jogadores. Entre os problemas, apenas Dourado cobrindo uma vasta extensão do campo ou ainda a exigência que os nossos atacantes de lado de campo sirvam de muleta defensiva para nossos laterais. Esta fragilidade, contra equipes ainda mais qualificadas fatalmente irá cobrar um preço muito alto se não sanada.

Sobre Parede, foi infantil e imaturo numa expulsão que poderia ter custado caro. Mas quando o time sofreu o gol de empate, e até a hora em que ocorre o terceiro gol colorado, no momento de maior pressão, teve iniciativa, não fugiu do jogo e praticamente todas as bolas passaram por ele. Mostrou personalidade e uma gana que muito me agrada, ponto que até pesou no excesso de vontade no seu carrinho temerário que acabou resultando no cartão vermelho. Me pareceu muito mais útil na função pelo lado direito do que Pottker: prefiro mil vezes alguém que peca por excesso do que pela displicência e péssima leitura de jogo.

Com a lesão de Dourado agora temos um grande problema, pois não há substitutos a altura, seja pelas características ou pela falta de imposição física de seus substitutos: Rithely entrou mal, completamente perdido, não sabendo onde se posicionar e a quem marcar, tendo “entrado no jogo” apenas no ultimo quarto da partida, quando roubou algumas bolas importantes.

A última impressão que tive é que Odair parece as vezes demorar para fazer a leitura do que está acontecendo no jogo, o que consequentemente resulta numa demora para mexer na equipe. Ontem não foi diferente da partida contra o River, e precisou a equipe levar 2 gols para acordar.

Fato é que o jogo chileno era imensamente concentrado no pivô do grandalhão camisa 9 e Odair não conseguiu neutralizar esta jogada, deixando Moledo no mano-a-mano praticamente o jogo inteiro. A dobra em cima de Iago no lado esquerdo da defesa também foi outro ponto de constante dor de cabeça que o treinador não conseguiu impedir.

A verdade é que raramente o time melhora no 2º tempo, e isso é um claro sinal de que Odair precisa melhorar a forma que reposiciona e também substitui as peças na equipe.

No final, uma noite de alguns sustos, mas de bom futebol, de uma importante vitória e de uma classificação com duas rodadas de antecedência, algo quase inimaginável quando saiu o sorteio dos grupos.

Esta classificação antecipada permitirá um planejamento de buscar o título do Gauchão mesclando titulares (com exceção daqueles sobrecarregados fisicamente ou com chance de lesão), com algumas peças interessantes do plantel, para além de exigir apenas um empate contra o River ou vitória contra o Alianza Lima para garantir o 1º lugar do grupo na competição continental.

@Davi_Inter_BV

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