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Lá no BLOG DO CAMPEIRO, onde escrevo sobre música gaúcha e tradicionalismo há mais de uma década, todo mundo sabe que sou um nostálgico por essência. Gosto de coisas antigas e muito de parte da história que eu nem vivi para ver. Gostaria, por exemplo, de já ter nascido para ver o grande Sport Club Internacional da década de 1970. E se recordar é viver, tal qual sugere o ditado popular (se não é um deveria ser!), lembrei-me duma data aleatória, mas importante para mim: 17 de julho de 2004.

Naquele dia, um belo sábado ensolarado, saímos meu Pai e eu de ônibus, atrás de um carro para comprar em Novo Hamburgo. Inviabilizadas as chances de negociação, já que comprar carro em NH sempre pareceu um favor aos lojistas, embarcamos no velho Centralão em direção à Porto Alegre; descemos na Farrapos com a São Pedro, onde ali por muito tempo teve uma famosa loja, e quis o destino que o negócio se resolvesse em questão de uma hora.

Muito embora fosse um dia de compra de carro, também era dia de Inter no Beira Rio. O tempo era curto para quem andava de ônibus, mas valia arriscar e meu pai, o Dr. Luis Cezar, nunca mediu esforços para colocar seus filhos (e meu primo Maicon) no Beira Rio. Lá fomos nós. Chegamos o jogo tava para começar; o apito ouvimos já na boca do túnel da Superior; o adversário o Atlético do Paraná; nosso técnico era Joel Santana; o time em campo já era conduzido por Fernandão; mas aquela tarde era de apenas um personagem, o homem de 4 gols, uma assistência para o gol do Fernandão e que sofreu o pênalti convertido por Alex; o endiabrado: DANILO.

Um atacante que veio do Bahia, já havia arrumado alguns problemas de comportamento nos dias antecedentes, mas que fez uma partida de deixar todos que estavam lá no Beira Rio, inclusive este que vos escreve, imaginando que seria um novo craque surgindo. O primeiro gol foi uma pintura, driblou três fora da área, escorou pro Alex que devolveu de forma magistral para o Danilo de bico tocar por baixo do goleiro. Golaço, como disse Ruy Carlos Ostermann na transmissão; detalhe, nesse sentido, que quando ele fez o terceiro (os quatro primeiros foram dele) o Pedro Ernesto previu que o Atlético ia tomar 6 para vingar o mesmo placar que impunha naquela semana ao Goiás. E tomou os 6 mesmo. Um dos grandes jogos que vi do Inter no Beira Rio e que, embora não tenha representado um título, marcou muito a minha juventude colorada.

Era uma tarde de gols, aliás. Primeiro meu pai comprou um VW/Gol horas antes; depois o Inter empilhou gols no Atlético que hoje é um adversário que está entalado na nossa garganta. Vou me permitir, enfim, fazer desse um post em homenagem ao meu Pai (que está ótimo, adianto). Dia desses o Boss fez aqui uma bela homenagem ao seu, que se foi para outra querência, e eu acabei me dando conta que nunca agradeci ao meu Pai por ser Colorado. Óbvio que nasci já Colorado, mas a participação do meu Pai nesse processo foi essencial. Lembro quando ele me levou no Beira Rio para ver o Inter golear o Santos numa noite, quando tivemos que dormir num hotel porque não tinha mais ônibus para voltar. Mas o sonho dum pequeno Colorado de estar lá no Beira Rio meu Pai não deixou morrer naquele dia.

Valeu, Pai! Obrigado por me fazer um Colorado como tu. Em breve estaremos no Gigante novamente e desta vez serei eu a te levar. Nós todos e o Bernardo, para reviver de novo in loco esta emoção de ser Colorado.

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