Bruno Costa

O papel da direção

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Mesmo, dias atrás, falava com o Davi (colunista do BV) acerca da dificuldade que está sendo escrever aqui com certa rotina, uma vez que os problemas do Inter se repetem, o que tende a nos deixar repetitivos; bem como a falta de inspiração do time em campo, obviamente, acaba por refletir neste espaço. Outrossim, é tarde para mim querer falar do jogo de domingo passado e cedo para falar do próximo confronto, convenhamos.

Daí surgiu esta história do interesse do Inter pelo jogador Ricardo Centurión, atualmente do Racing,  de Avellaneda. Ao que dizem, um típico jogador problema. Teria (sim, falo no condicional porque não sei se é verdade) já batido na esposa, tentado subornar policiais pois estava dirigindo bêbado, discutido (ou coisa a mais) com treinador e por aí vai. Não entrarei no mérito, afinal, mesmo que contratado seja, temo ser pernicioso julgar antes a pessoa do que o jogador e suas qualidades técnicas. Também acho que não se pode perder tempo com isso antes de ser algo (a contratação) mais concreto. Para mim, mais uma barrigada da imprensa de rede social e sonho de empresário.

A questão que me toma, na realidade, é outra: nossa direção de futebol estaria preparada para administrar um “jogador problema”? É do perfil dos nossos dirigentes contornar extra campo de jogador de futebol?

Já escrevi aqui o que pensava acerca da direção e faz um relativo tempo. Suficiente, inclusive, para mudar de ideia (para pior) acerca de muitas coisas. O mote, porém, é saber se temos condições de ter um jogador com a ficha corrida (que dizem, reitero) de Ricardo Centurión. Acredito eu que administrar um grupo de jogadores não seja tão simples. Há muito ego envolvido, alguma indolência, malícia da profissão e por aí vai. Mas tem também os casos em que o grupo ganha liga, fica homogêneo, de modo que muitas vezes querer colocar mais alguém pode se tornar mais um problema do que uma solução.

Não acredito que o grupo de jogadores do Internacional seja tão unido assim, logo, seria possível acrescentar um jogador com histórico pessoal periculoso, quando sua capacidade técnica é indiscutível. Desde que, é claro, a direção banque e mostre quem manda. E, mais claro ainda, que saiba administrar eventuais novos deslizes do “anjinho incompreendido”. Pelo que sei, na história, já tivemos casos assim. O mais emblemático talvez seja do atacante Lula, que gerou inclusive um pedido de demissão do então Treinador (com letra maiúscula, porque merece) Rubens Minelli, o qual restara demovido pelo então Presidente (com letra maiúscula, idem) Frederico Arnaldo Balvé, que proferiu a famosa frase sobre Lula: “Durante a semana ele nos incomoda, e no domingo incomoda os adversários”.

Ocorre que, nem Marcelo Medeiros, nem Roberto Melo, chegam perto do que foi Balvé. Ambos parecem deter caráter mais permissivo, o que me leva a crer que um jogador problema no grupo certamente traria algum porém. Seja pelos seus atos ou decorrente de “beicinho” dos demais; ou ambos. Mesmo sendo craque.

A questão é que me parece que Centurión não é um craque. E é estrangeiro, o que já temos demais no Beira Rio. Logo, nesse caso, o melhor papel que a direção tem a fazer é não arriscar. Ou arriscar em um jogador indiscutível. É tão difícil, será?

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