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Tendo como pano de fundo um blog cujo assunto primordial é a musica, e isso por força contratual (digo: pelos contratos que fizeram com pessoas para se fardarem nos vestiários do clube), sentei para escrever o post. Fiquei longos minutos olhando para a tela vazia do word, sem saber como começar.

Pessoas que escrevem de forma sistemática e quando não tem assunto, começam assim, na esperança de que algo surja desse vazio. E não é que funciona mesmo? Me veio à cabeça a palavra “insanidade”, e por ela sigo nessa senda de vitórias, como está no nosso hino.

A palavra “senda” sempre me deu o que pensar. Há o “sonda” que seria o tal mecenas que ajuda em causa própria mas creio que não tem nada que ver. Fui para o amansa-burro dos tempos modernos (Google) e ali está: senda tem como sinônimos trilha estreita, viela ou atalho.

E é bem por aí mesmo que o clube dos últimos anos anda um tanto à deriva. Retornando à “insanidade”, vamos ver se concordamos ou não (esse “ou não” é uma técnica do mano Caetano para demonstrar como ele é humilde e profundo e filosófico e modesto e sem vaidade e deferente, assim como eu estou sendo agora, e encerro esses parênteses com outro pois o trecho ficou muito longo), então, estava dizendo que vamos ver se concordamos ou não com o seguinte:

Ou bem futebol é considerado como coisa séria ou não.

Se não o for encerro esse post com as manifestações de risos e sorrisos que as redes sociais popularizaram: rsrsrsrsrsr, kkkkkkkkk ou hehehe. E estamos conversados, falamos na próxima segunda e tenham uma boa semana.  Acabou o post (esse é o cenário 1).

No cenário 2 (para satisfação de todos o post seguirá por essa senda) o futebol é considerado como coisa séria. E aí entra a “insanidade”. A frase que a define é boa: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Atribuída à Einstein, Benjamin Franklin ou Rudyard Kipling, tem a sua versão humorística nas palavras de Jackye Mabley: “Se você sempre faz o que sempre fez, sempre terá o que sempre teve”.

Contextualizando para o Inter: com todo o respeito ou mesmo sem nenhum, é triste ver o time passar o tempo todo de uma partida que concordamos ser uma coisa séria- lembra? como não? está escrito apenas algumas linhas acima! –  fazendo sempre o mais do mesmo, ou o que é bem pior: não fazendo nada com nada. Isso é insanidade.

Antes de Náutico e Inter assisti Girona e Barcelona. O time “Girona” é da cidade do mesmo nome, que fica na Catalunha, há uns 90 km de Barcelona, por autoestrada maravilhosa, pela qual se leva 1 hora se tanto para chegar lá. O Girona é novato na série “A” espanhola e o jogo de sábado contra o Barça foi histórico para eles.  Pois bem… Mesmo com o Barça jogando sem muito esforço (ganhou de 3X0) e com visíveis cuidados para não humilhar o adversário (Messi caminhando em campo e não fez nenhum gol) a partida é agradável de se ver. Todos jogam futebol e mesmo o Girona com suas limitações pratica esse esporte: trocam passes, triangulam, se deslocam, o goleiro sai jogando, o meio de campo chega na área adversária, criam situações de gol, enfim, fazem aquilo que se espera de atletas sadios, que tem fundamento e recebem orientação profissional, bem diferente dos nossos insanos. O jogo é corrido, atletas se esforçam, disputam, uma ou outra jogada mais forte mas nada de violência explícita.

Então, de repente e não mais do que de repente (frase de Vinicius, no “Soneto da separação”), me vejo tele transportado para Caruaru, sofrendo um violento choque cultural. Ôxente? exclamei para parecer um dos locais, o que é isso? O que fazem esses insanos nesse campo e – não, mil vezes não! – alguns até estão com a camiseta do meu saudoso Internacional, uma glória do desporto nacional que eu vivo a exaltar.

É teu passado alvirrubro motivo de festas em nossos corações; o teu presente diz tudo: insanidade.

Na visão de Homero, os insanos não passariam de bonecos à mercê dos deuses. Creio que ele não tinha razão em apenas um ponto: são insanos não à mercê dos deuses mas de apenas um.

O postista contaminado pela insanidade geral não vai falar mais nada para se preservar: só vai olhar.

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