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O grande assunto é o resultado da auditoria feita no Internacional pela  Ernst & Young.

Fabrício Falkowski, repórter do Correio do Povo, relata que a auditoria encontrou dois grandes rombos financeiros no clube durante os anos da gestão do presidente Vitório Piffero. Pelo menos R$ 18 milhões estão sendo investigados e são relatados como “inconsistências” da gestão passada. Vamos a eles:

1- R$ 9 milhões foram destinados a 5 empresas de construção civil. Detalhe que todas elas são do mesmo escritório de contabilidade, nenhuma é de grande porte, todas pequenas e ainda colocam o mesmo número telefônico na nota fiscal.

2- Outros R$ 9 milhões simplesmente foram sendo sacados da conta do clube ao longo de 2015/2016 e colocavam notas de tudo, inclusive das mesmas empresas de construção civil.

Os achados são muito graves e podem, pela primeira vez, escancarar os escândalos que todos ouviam falar dos clubes, mas nunca com evidências tão concretas. E isso é o que apareceu, pois os ilícitos se fazem sem recibo, sem possibilidades de comprovação fácil. A sensação de impunidade dos que cometeram essas coisas é tão grande, tão habituados estão aos feitos, que nem havia preocupação em aparecer: sabiam que há impunidade. Era algo normal passar no caixa e pegar uma grana em dinheiro vivo para passar o fim de semana ou pagar o caseiro de Atlântida.

Como torcedor (não juiz, nem advogado de alguma parte, nem nada), apenas torcedor e membro do BV, o que acho em 10 simples tópicos desse caso incluindo pródomos e entornos:

  1. Não importa se o culpado será “a”, “b” ou “a+b”, etc; o que se constatou é suficiente para evidenciar algo que todos falavam diante das imensas “esdruxulicidades” (existe isso?) que direções após direções vêm cometendo nesses anos todos, seja pelas contratações a peso de ouro de nabas conhecidas, seja pelas renovações dessas mesmas nabas por longos prazos: que não é só falta de conhecimento do metier mas também interesses outros nos tais “negócios”.
  2. O que a auditoria mostrou, relativa à “Gestão Piffero”, é algo que pelas tantas histórias que conhecemos ao longo desses anos, não é um fato isolado, só observado agora; isso se repete há muito tempo. Explica a ânsia de pessoas oriundas dos diversos movimentos “políticos” que gravitam em torno do Clube  em trabalhar de “graça” pelo “amor” a ele…   O amor ao Inter recompensa e bem.
  3. Os graves achados mostram que os tais movimentos “políticos” tem em comum a possibilidade de emplacar pessoas em cargos diretivos, para que possam “trabalhar sem ônus” pelo clube. Aliás, os tais movimentos políticos – facções distintas mas unidas na sua maioria ao Grande Líder em torno de um mesmo ideal com objetivos idênticos –  o que podem ter de diferentes uns dos outros?  Propósitos distintos? Mas em que?  Uns querem o clube contratando jogadores de olhos azuis, outros com olhos verdes?  Treinador gordo ou magro? Preparador físico com caixa de areia ou de estrume? Tertúlias flácidas para dormitar bovinos, dizia um amigo meu. Querem o poder para poder fazer as tais retiradas em espécie na boca do cofre. Do teu dinheiro, caro associado; daqueles 10 reais que o torcedor menos favorecido paga todo santo mês, retirado de seu magro salário, para engordar os que já são obesos.
  4. Não é o “piffero” ou esse ou aquele; é todo um grupo que se apossou do inter e faz isso. E é um ajuntamento criminoso pois preparar esse golpe, com ajuda de um escritório de contabilidade, criar empresas fakes, planejar tudo dessa forma, mostra que não é trabalho de uma pessoa isolada: é uma quadrilha. Alex há algum tempo dizia que “estavam pegando de pá”. A auditoria contratada não o foi por mero diletantismo burocrático: se sabia, admitia, tudo é de conhecimento de quem está lá dentro. Apenas se precisavam de provas; agora as há.
  5. Claro que vão negar tudo, e já tivemos o clássico, manjado e covarde “eu não sabia”. Pouco importa para o torcedor que isso vá agora se arrastar por longos anos em manobras para jogar ad eternun o assunto. Ou que o corporativismo irá abafar o caso em nome de algo tão etéreo como “não macular a imagem do clube”, como se o pobre Clube já não estivesse abaixo do cú da lagartixa, jogado na vala da Serie “B”, enlameado até o pescoço e alvo de ódio e chacota por esses brasis afora. O que temos é suficiente para mostrar que esse modelo de gestão (diretores “amadores”, sem remuneração) e que a manutenção de um grupo há mais de 10 anos mandando e desmandando, e que certamente suas cabeças  coroadas também dirão que não sabiam de nada, é pernicioso para o clube. Levaremos anos para sair dessa.
  6. O copo quebrou, a confiança acabou. Sempre se podem colar os pedaços mas sempre será um copo quebrado e remendado; se pode fingir ter confiança em decisões de pessoas “farinhas do mesmo saco” mas com os dois pés atrás, o olhar enviesado, o “não sei…” dito ou pensado.
  7. Não vamos dar razão à Ruy Barbosa, que em 1914 dizia:  ”De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Apenas me atendo às últimas palavras: não nos envergonhemos nunca de sermos honestos. Poder dormir tranquilo sem o sobressalto de no meio da noite ficar pensando “.. e se descobrirem?” não tem preço; poder dizer aos seus filhos  como se comportar diante de situações de conflito em que são tentados a pegar algo que não lhes pertence, sem que isso seja hipocrisia e inverdade é algo que enche de orgulho; poder estar na praia ou andar na rua ou entrar no campo ou no banco ou no restaurante ou no mitório ou seja onde for, de cabeça erguida sem que alguém te olhe e cochiche, ou um mais exaltado vá dizer palavras constrangedoras, faz de ti um homem e não um rato que se esgueira e foge pelos esgotos das falcatruas.
  8. O Inter tem a obrigação de divulgar nomes; a Entidade é privada mas esses assuntos não são secretos para que fiquem de posse apenas dos privilegiados de sempre. A exposição de nomes objetiva que saibamos quem é quem. O Clube nos deve isso como tênue reparação pelos crimes cometidos.
  9. Sou muito grato à “Gestão Piffero” por tudo isso. Sua reconhecida inabilidade e truculência proporcionou chegarmos à esses resultados da auditoria. Obrigado Gestão Piffero por nos mostrar o que intuíamos mas agora temos certeza. Teus sócios devem estar muito contentes contigo também.
  10. Gestão Píffero = tudo que aí está. Meia palavra ou um bom vídeo à bom entendedor basta.

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